quarta-feira, 13 de junho de 2012

União Europeia manda Espanha escolher bancos que deixará quebrar

Para oficiais de Bruxelas, entidades que devem falir, irão falir de qualquer forma

Após o empréstimo de 100 bilhões de euros para salvar o sistema financeiro da Espanha, a União Europeia vai exigir que governo do premiê Mariano Rajoy escolha os bancos que receberão os repasses. Segundo o jornal El Mundo, um alto funcionário da Comissão Europeia disse que a prioridade a partir de agora será descartar alguns bancos da lista de instituições aptas a receber ajuda financeira, já que "se há entidades que devem quebrar, elas quebrarão" de qualquer forma.

"Não temos porque salvar todos os bancos se isso não é estritamente necessário", argumentou o oficial ao defender que o país feche entidades problemáticas que não representem riscos à estabilidade da economia. "Há casos em que é necessário liquidar entidades", acrescentou, o funcionário do bloco, salientando que a União Europeia quer "evitar ao máximo o uso de dinheiro público".

O objetivo é evitar de antemão que bancos com problemas estruturais e sem plano de recuperação financeira consistente tentem elevar sua liquidez a partir de dinheiro público. Bancos que pedirem fundos do governo deverão arcar com uma taxa de juros equivalente 8,5% - cinco pontos percentuais a mais do que a Espanha pagará ao longo dos próximos anos ao FROB (Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária).

O secretário de Estado da Economia, Fernando Jiménez Latorre, já recusou a possibilidade de o governo fechar alguns bancos e ressaltou que o que será feito após a concessão desse empréstimo é "algo muito parecido" com o que já era feito antes. 

Ao evitar que bancos consumam reservas públicas, a Comissão Europeia acredita que estimulará naturalmente a formação de holdings e a venda de ativos como forma de recapitalização. Combinadas, essas duas estratégias, em tese, aquecerão o mercado financeiro e intensificarão operações de especulação financeira.

"Se alguma entidade não consegue cobrir essas necessidades com os mecanismos do mercado e se considera que sua liquidação poderá ter um impacto sistêmico na economia espanhola, aí sim haverá intervenção pública, com condições muito estritas", explicou a fonte consultada pelo El Mundo.

Em Bruxelas, as expectativas são levemente otimistas. A Comissão Europeia não nega que há ativos interessantes no mercado espanhol e deixa claro que “há investimentos que podem ser prometedores”. O país pode ser interessante para aqueles que "queiram apostar a longo prazo", por que “a crise financeira vai acabar” e há muitas reservas espanholas em países latino americanos. 


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