As eleições em Belo
Horizonte caminhavam para serem modorrentas, repetindo a aliança
indireta entre petistas e tucanos de 2008, quando ambos apoiaram
o atual prefeito Márcio Lacerda (PSB). A decisão do PSB de não
fazer coligação na chapa de vereadores com o PT deflagrou o
rompimento, levando os petistas ao lançamento da candidatura própria
de Patrus Ananias a prefeito.
Patrus rapidamente
tornou-se o nome da unidade dentro do PT, e trouxe com ele o apoio do
PMDB, que deverá lançar o vice. Cogita-se que a aliança se amplie
com PCdoB e PDT. Com isso, o quadro eleitoral na capital mineira
volta a ficar indefinido, diante de uma candidatura forte de
oposição, com largo horário na TV e com toda a estrutura de
campanha de rua com que contam esses partidos.
Lacerda tem uma gestão
bem avaliada pela população, mas Patrus também é considerado um
dos melhores prefeitos que BH já teve e, de certa forma, inaugurou o
atual ciclo continuado por Célio de Castro (PSB) e Fernando Pimentel
(PT), do qual o próprio Lacerda foi herdeiro.
A candidatura petista
recoloca a disputa política mineira entre dois projetos políticos
que tem diferenças gritantes entre si, mas vinham sendo abafadas
pelas composições conciliatórias. Foram essas composições que
levaram os eleitores a praticarem o voto "Lulécio" em 2002
e 2006 (votar no petista Lula para presidente e no tucano Aécio para
governador), e o voto "Dilmasia" (na petista Dilma para
presidenta e no tucano Antonio Anastasia para governador).
Agora, no plano
municipal, o eleitor de BH tem, de um lado, Marcio Lacerda, deslocado
para o eixo demotucano, cujo foco é o chamado choque de gestão –
uma concepção neoliberal que coloca a máquina do Estado submissa
ao grande empresariado, considerado pelo tucanato os protagonistas
dos rumos da sociedade, a quem cabe o gestor público se adequar.
De outro lado, Patrus
Ananias, com a concepção de Estado voltada para atender
prioritariamente as políticas públicas reclamadas pelos
interesses populares, com ampla participação social, e em que todos
os setores da sociedade têm o mesmo peso, sejam empresários, sejam
trabalhadores, seja quem ainda precise ser incluído, digamos, na
cidadania, e no mercado de trabalho.
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