segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A cristianização de Serra

Foto: Edição/247  

Tanto Alckmin quanto Kassab começam a desembarcar da candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo; processo é semelhante ao que ocorreu com o mineiro Cristiano Machado, que, em 1950, foi abandonado pelo PSD (qualquer semelhança com a realidade não é coincidência) à própria sorte

Berço das velhas raposas mineiras, o PSD foi o partido que inspirou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a criar sua própria sigla. Um “partido-ônibus”, que teve um extraordinário sucesso ao atrair todos os políticos que estavam apenas aguardando uma chance para embarcar na nau governista. Uma espécie de político de alma mineira em São Paulo, Kassab pode ser “lulista”, “dilmista”, “haddadista”, “serrista” ou até “russomanista” nos processos eleitorais. E já tem enviado os primeiros sinais a Celso Russomano, indicando que poderia compor com ele, numa eventual vitória do candidato do PRB.

Traições na política são processos naturais e a mais famosa delas envolveu o velho PSD – não o de Kassab, mas o de Juscelino Kubitschek. Em 1950, os pessedistas lançaram o mineiro Cristiano Machado à presidência da República, contra o imbatível Getúlio Vargas. Quando ficou claro que a volta de Vargas ao poder era inevitável, até os diretórios do PSD passaram a trabalhar em prol do caudilho gaúcho, abandonando Cristiano Machado à própria sorte. A partir de então, “cristianização” passou a ser sinônimo de traição na política.

No caso de Serra, o processo parte, sobretudo, do seu próprio partido, o PSDB, onde já há até um diretório, o do bairro do Jabaquara, fazendo campanha para Gabriel Chalita, candidato dos sonhos do governador Geraldo Alckmin. Neste fim de semana, Alckmin enviou uma carta ao Painel da Folha de S. Paulo informando que desautoriza o uso de suas imagens pela campanha de Chalita em São Paulo. Mais pro forma impossível. E há até tucanos ligados a Alckmin, como José Aníbal, criticando abertamente a campanha de Serra.

Com uma rejeição de 38% na capital paulista, especialmente entre os jovens, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo radicalizou as posições do PSDB, empurrou o partido social-democrata mais à direita e está sendo abandonado pelos próprios companheiros. No PSDB, sabe-se que, enquanto Serra for a voz principal, o partido não será uma alternativa real de poder.

Na semana que passou, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o projeto “Aécio 2014”. Alckmin também se colocou como alternativa e lembrou ainda dos nomes de Beto Richa e Antonio Anastasia. Serra pode estar disputando agora em outubro sua última eleição.

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