Barracos dominaram sabatina; "O sr. é jabazeiro", apontou Bárbara Gancia; "Abro mão da minha candidatura se você provar", respondeu candidato do PRB; "População é temente a Deus", disse; "Desejo uma igreja em cada esquina"; "Isso aqui não parece uma sabatina", reclamou; "O que vocês querem é discutir outras coisas"; "O que a gente quer é discutir o seu caráter", mandou Bárbara Gancia; "Você não está sendo ética", reagiu ele; "O sr. está pintando o cabelo?"
"Por questão de isonomia com os outros debates, vamos encerrar o
debate", disse Maurício Stycer. "Não tenho direirto a considerações
finais?", disse Russomano. "Sem considerações finais", reagiu o
jornalista, mas ainda deu para o candidato agradecer. No final, ele
apertou a mão de todos os quadro e deu um beijinho em Bárbara Gancia. Ao
final das transmissão, discussão entre platéia e jornalistas continua.
"Isso foi um massacre", disse correligionário de Russomano. "Vocês não
estavam preparados para este debate", completou. Na verdade, desde o
início Russomano procurou evitar perguntas que cortavam suas longas
colocações. O tempo todo discutiram Bárbara Gancia e ele.
"Por mim tanto faz. Ele generalizou bastante, é bem preocupante. O
mais evasivo, o mais perigoso", disse Bárbara ao 247, após o debate. "Eu
tenho mais o que fazer". Você achou a claque com propensão à violência?
"Não, torcida é assim mesmo". Mas ela precisou esperar um pouco para
sair do auditório, sobre o palco, à vista de seguranças, até que houvesse a
primeira leva de dispersão na platéia. Nada intimidatório, mas também
não tão normal assim. Ao 247, Russomano também procurou aliviar a barra:
"Normal, foi democrátio", disse ele. "Não fiz propostas faraônicas",
disse em coletiva.
Saiba como foi
Começou com uma derrapagem, engraçada, por que não?, a sabatina do
candidato do PRB, Celso Russomano, ao jornal Folha de S. Paulo, no
auditório Cultura Artística, em São Paulo.
"Qual era mesmo a sua pergunta?", questinou o candidato ao repórter
especial do Uol Maurício Stycer. Mediador da sabatina, o jornalista
havia perguntado qual seria a primeira medida de Russomano se vier a ser
eleito. Depois do deslize, falou sobre saúde e foi atalhado, depois de
quase dois minutos, por Bárbara Gancia:
"Eu vou terminar de falar, depois eu te respondo", bateu de frente o
candidato. "Falar de saúde em poucos segundos não é objetivo", disse
"Dá a impressão que o sr. está enrolando", devolveu Bárbara. Stycer
ficou do lado dela: "O sr. está querendo mediar o debate, mas quem media
somos nós, o sr. tem de ser objetivo". Russomano trombou de novo: "Eu
vou responder a primeira pergunta". Tá macho!
"O sr. aprendeu com o seu padrinho Paulo Maluf, não responde as perguntas da gente", disparou Bárbara. "Ele não é meu padrinho".
"O sr. promove um jeito antigo de fazer política, antigo", malhou
Bárbara. "Quem conhece a lei sabe que Maluf é procurado pela polícia,
não pode entrar nos Estados Unidos, é procurado pela interpol",
assinalou. Ela disse que o comitê central da campanha dele, instalado
dois dias atrás perto da casa dela, na avenida Nove de Julho, provocou
"balbúrdia" na região e a impediu de chegar ao endereço dela a tempo.
"Se isso aconteceu, é porque havia muitos jornalistas para cobrir a
inauguração do comitê", disse Russomano. "Me desculpe, não é verdade",
insistiu. "Ah, ah, ah: a culpa foi dos jornalistas outra vez", gargalhou
Bárbara.
Naquele momento, Russomano conduzia mal seu posicionamento na
sabatina. Bateu de frente com Bárbara Gancia, Maurício Stycer e Ricardo
Baltazar. Esqueceu qual foi a primeira pergunta, não aceitou pergunta
objetiva da colunista da Folha, discutiu com Stycer e atalhou Baltazar.
"Por que a Folha de S. Paulo, para qualquer um que vai se inscrever lá,
pede boa formação e isso o jovem da periferia não consegue", disse ele,
anunciando planos educacionais para os bairros periféricos.
Pinta o cabelo?
Primeira etapa foi quase toda de bate-boca, a partir do fato de o
candidato querer "mediar" o debate, segundo Stycer. Russomano devolveu
perguntas, disse que Bárbara estava faltando com "a ética" e reclamou de
não conseguir responder as perguntas por completo. Exagerou.
"Quando eu denunciei a morte da minha mulher por erro médico foi
porque isso aconteceu", disse ele, em questão a respeito de usar a vida
pessoal para se promover politicamente. Na semana passada, ele foi
fotografado no exame de ultrassom de sua atual mulher, que está grávida.
"Eu não convidei jornalistas, eles quiseram ir", disse. "Quando eu fui
candidato a prefeito, a imprensa cobriu o parto do meu filho", lembrou.
"Todos nós estamos sujeitos aos fotógrafos e aos papparazzi", avançou.
"Não vejo problema algum".
"O sr. está pintando os cabelos?", questinou Bárbara. "Estou bem, não acha?", rebateu Russomano.
"Não sei quantos são, mas vou extinguir os cargos de confiança da
Prefeitura", prometeu ele. Bárbara vê populismo. Antes de abrir a
segunda etapa, Stycer pede para platéia se comportar "de maneira
civilizada e não como torcida". É que, entre os cerca de 60 presentes, a
maioria é de chefes da campanha dele. Eles aplaudiram Russomano nas
trombadas com Bárbara e os demais (abaixo).
"Vera, na sua simplicidade, você não entende disso", atacou Russomano
na direção da jornalista Vera Magalhães. "Não é na minha simplicidade,
eu sou formada em Direito", devolveu ela, que lançaram uma pergunta
sobre o plano dele para a defesa do consumidor. "O sr. está sendo
reducionista. Isso funciona para o Aqui Agora (antigo jornal popular de
televisão), mas não aqui", finalizou ela, lembrando que planos de
Russomano para a defesa do consumidor passam por privatizações no setor
(foi, ao menos, o que entendemos). Debate bastante entrecortado.
Virou barraco
"Eu não vou assinar medida nenhuma, vou colocar em prática o programa
de saúde da família", disse Russomano, depois de intenso bate-boca
entre o candidato Celso Russomano, do PRB, e o jornalistas que estão no
palco do auditório Cultura Artística, em São Paulo, na sabatina do
jornal Folha de São Paulo. "Você não está sendo ética", disse ele a
Bárbara Gancia, que viu custar quase dez minutos para ver respondida sua
pergunta para o candidato: "Qual vai ser a sua primeira canetada na
Folha".
Russomano radicalizou, não apenas no comportamento, como nas
respostas. Terçando com os jornalistas, tratando-os como adversários,
disse desejar uma "igreja em cada quarteirão" e, em seguida, que "a
população é temente a Deus". Russomano não abre mão de sustentar sua
relação com os chamados evangélicos, contingente que os analistas
acreditam estar engajado no apoio a ele. Chegou a dizer que o PRB foi
fundado por "um católico", o então vice-presidente da República José
Alencar, morto no ano passado.
Bate-boca tomou toda a primeira parte da sabatina, que agora (11h40)
está no intervalo. Platéia com cerca de 60 pessoas, a maior parte de
chefes da campanha de Russomano. Ele foi aplaudido na discussão com
jornalistas. "Assim não vai funcionar", disse o repórter especial do UOL
Maurício Stycer, com seu forte sotaque carioca. Debate ficou quente. E
deve esquentar. "A gente espera que a participação dos candidatos seja
civilzada, e não de torcida", disse ele.
Segunda parte
"Todas as perguntas específicas feitas até agora o sr. não
respondeu", julgou o mediador Maurício Stycer, ao encerrar o segundo
bloco da sabatina da Folha. Último roud vai começar. Ou melhor, bloco.
Maior barraco. Acompanhe:
"Desejo uma igreja em cada quarteirão", disse Russomano. "Me parece
que isso é ilegal", rebateu jornalista Ricardo Baltazar, editor de Poder
do jornal Folha de S. Paulo, que promove a sabatina com o candidato.
"Não estou dizendo que vou fazer isso, é o meu desejo", devolveu o
postulante. Ele afirmou que vai continuar com sua empresa de produção de
vídeos mesmo se vier a ser eleito prefeito. "Não trabalho para órgãos
públicos nem nunca trabalharei", disse ele. "Uma promessa", saudou a
jornalista Vera Magalhães.
Internautas fazem perguntas, pela primeira vez na sabatina. Todas versam sobre religião.
O sr. apóia o ensino de religião nas escolas?. "Desde que todas
possam ensinar", admitiu Russomano. Ele disse que, no Pará, um candidato
a prefeito foi barrado por ser homossexual. "E ele é do PRB, com muito
orgulho", emendou, respondendo a pergunta específica sobre sua posição a
respeito das questões dos gays na sociedade.
Bárbara Gancia interrompe série de perguntas religiosas para
perguntar se ele não tem mesmo conta corrente no exterior. "Se você
encontrar uma referência no exterior a Celso ou Russomano, eu abro mão
da minha candidatura", respondeu ele, arrancando leves aplausos. Ele
mostrava, neste momento, folha xerox com reprodução de notícia a esse
respeito veiculada pelo jornal Correio Brasiliense. "Estou processando o
jornal civil e criminalmente, e também o jornalista".
Última parte
Na terceira e última etapa da sabatina ao candidato Celso Russomano
ao jornal Folha de S. Paulo, ele afirmou que pretende usar o ISS -
Imposto Sobre Serviço -- para fazer uma política fiscal de incentivo à
permanência de empresas na capital paulista. "As cidades vizinhas estão
roubando os nossos empregos", afirmou. Prometeu ônibus com o "piso baixo
para ajudar na entrada de dos idosos e com ar condicionado"."O sr vai
trocar a frota toda de uma vez?", perguntou Vera Magalhães. "Aos poucos,
não dá para fazer tudo de uma vez".
"Existe um pacto de não agressão entre o sr. e o prefeito Kassab e o
candidato Serra, é por isso que o sr. não dá nota para a gestão
Kassab?", disse Vera Magalhães, quando Russomano não quis dar nota para o
prefeito. "A ele nem dou nota. O que há é que a população não gosta dos
serviços públicos", respondeu ele.
"O sr. já foi assessor de imprensa do hotel Dela Volpe, onde o
governador do Acre foi assassinado", lembrou Bárbara Gancia. "O sr. já
foi acusado de jabazeiro", completou ela, usando a gíria dos jornalistas
para classificar os profissionais que aceitam dinheiro ou favores em
troca de matérias. "Russomano defende o povo de dia e faz jabás à
noite", insistiu Bárbara. "O que é jabazeiro?", candidamente perguntou
Russomano. Ela explicou. Citou, em seguida, reportagem da revista Veja
São Paulo que mostrava esse recebimento de dinheiro e favores, por ele,
no programa Night and Day. "Isso não é merchandising?", rebateu
Russomano, apontando os logotipos da Folha e do UOL, atrás de si. "Não,
isso não é merchandising, são os logos de quem está promovendo este
evento", disse ela. "Aqui não se está escondendo isso", completou
Stycer. "Todos os merchadinsings do meu programa de televisão tiveram
notas fiscais expedidas". Uma pessoa do público grita, reclama. Pequenas
vaias. "Ye! Vaias!", sauda Bárbara. "Eu não vou debater com o sr.",
reagiu Stycer ao homem que reclamava aos brados, da platéia. "Imprensa
marrom", grita outro sentado ao meu lado esquerdo, nas últimas fileiras
do auditório. "Peço respeito à claque", diz Stycer. "Ele está reclamando
como assinante da Folha e do Uol", defendeu Russomano. Fica engraçado
de novo.
"Vocês não me deixam responder", reclama, de novo, Russomano. Finalmente, o debate deslancha.
Um comentário:
Parece que o pessoal da falha resolveu bater no principal oponente do Serra, já que este não pode se expor.
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