Foto: Edição/247
Procurador aceitou correr o risco de ancorar sua denúncia em uma testemunha de pouca credibilidade; agora, se a palavra de Roberto Jefferson, expressa pelo advogado Luiz Barbosa, tem valor, Roberto Gurgel tem a obrigação de denunciar Lula; se não tem, outros réus terão que ser inocentados
Ao tentar implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Ação
Penal 470, o advogado Luiz Fernando Barbosa pode ter aplicado um nó mais
difícil de desatar do que aparenta na acusação do procurador-geral da
República, Roberto Gurgel. Gurgel baseou sua acusação numa prova
testemunhal, que, segundo o próprio, tem o mesmo valor probatório das
demais provas. Mas, agora, a principal testemunha do processo (Roberto
Jefferson) mudou seu discurso (Lula, que antes não sabia de nada, virou o
mandante de tudo).
"Ele (Lula) não só sabia como ordenou o desencadeamento de tudo isso
que essa ação penal discute aqui. Ele ordenou. Aqueles ministros eram só
auxiliares", disse Luiz Fernando Barbosa nesta segunda-feira. Das duas,
uma: ou Lula é culpado ou todos os 38 réus são inocentes da acusação do
'mensalão', entendido como esquema de compra de votos no Congresso, e
culpados apenas do crime que já assumem, o caixa dois eleitoral. Quer
dizer, se a palavra da testemunha tem valor (e é ela que sustenta todo o
processo), Lula é culpado. Se a palavra não tem valor (e foi ela que
deu origem ao processo), todos só podem ser implicados pelo alegado
caixa dois, que já prescreveu.
Em entrevista recente, Jefferson já havia admitido que estava movido
pela vingança quando fez a denúncia do 'mensalão'. “Ele me derrubou, mas
eu livrei o Brasil de José Dirceu”, declarou o presidente do PTB, em
referência ao ex-ministro da Casa Civil. Agora, o advogado de Jefferson
vai ao Supremo Tribunal Federal dizer que seu cliente mentira ao
inocentar Lula. Se já havia quem desconfiasse do presidente do PTB,
essas últimas manifestações públicas não fizeram nada para melhorar sua
imagem. Mas quem pode sair arranhado mesmo é o procurador-geral da
República.
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