domingo, 5 de agosto de 2012

FHC atira no próprio pé


O fantasma de Lula ronda a noite tucana e transforma o sonho político deles para 2014 em pesadelo. Um terrível pesadelo. É por essa razão e não por suposta preocupação ética que o PSDB dá atenção e tratamento especiais ao ex-presidente petista no decorrer do julgamento da Ação Penal 470, batizada de “mensalão” por Roberto Jefferson, o réu delator de um suposto esquema de compra de votos, armado em 2005, para a aprovação de projetos de interesse do governo.

Já de olho na eleição de 2014, os tucanos pretendem abalar a popularidade e o prestígio de Lula. Assim, o PSDB anuncia também uma programação própria das sessões no STF na página do partido na internet. O show precisa continuar.

Essa tática tucana é reafirmada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na vanguarda das ações contra Lula, ele aparece na blogosfera em vídeo de 1 minuto e 25 segundos, no qual bota pressão no Supremo Tribunal Federal (STF). FHC, em linguagem sibilina, usa e abusa de sociologia rasteira, comum nos botequins e, também, nos bons restaurantes que frequenta. O tema é o dito mensalão. “O comentário de que não há punição no Brasil, e que a corrupção é ligada a isso, é frequente…”

Dessa forma, o ex-presidente abre o discurso sobre o julgamento em andamento no Supremo. Ao falar de impunidade como estimuladora da corrupção, ele responsabiliza os juízes, os ministros, a Justiça. Enfim, esbofeteia a própria Têmis. E faz corar a estátua de granito de Ceschiatti, mantida em frente ao prédio do STF, em Brasília.

Além de agredir a Magistratura, o ex-presidente também se agride. Descuidado, atira no próprio pé ao fazer a conexão entre corrupção e impunidade. Tal aproximação sugere esta pergunta:

Teria ocorrido o chamado mensalão se tivesse havido punição para os corruptores do governo e os parlamentares corrompidos para aprovar, no Congresso, a emenda constitucional que deu a FHC a reeleição?

Recordar é viver. Em 1997, surgiram gravações de escutas telefônicas levantando fortes evidências de que havia um esquema para compra de votos de deputados arregimentados por Sérgio Motta, o Serjão, então ministro das Comunicações.

O jornal Folha de S.Paulo foi o primeiro a apontar o escândalo e, para ilustrar a sequência de reportagens, criou um “selo” com a frase: “Reeleição comprada?”

Além de dois governadores, Orleir Cameli (AC) e Amazonino Mendes (AM), dois deputados, João Maia e Ronivon Santiago, ambos do PFL, integravam o projeto. Curiosamente, o deputado Maia era um egresso do PT. Os tucanos mais ortodoxos podem argumentar que o ex-petista inoculou nas negociações para a aprovação da emenda o vírus da corrupção. Não poderia ser também resultado do encontro de Maia, já então pefelista, com o peessedebista Serjão, o fator de formação dessa pororoca venal?

A oposição daquela época, os partidos de esquerda essencialmente, tinha força reduzida no Congresso e não conseguiu criar uma CPI para investigar as denúncias. O rolo compressor governista, PSDB, PFL e PMDB, botou uma pedra sobre a história. Impediu a punição dos culpados. E, neste caso, a Magistratura não tem culpa. FHC sabe disso.
 
Fonte: CartaCapital

Um comentário:

José da Mota disse...

O Supõeseoduto do supôs-se Valerioduto de alguns da grande mídia.
Antes de entrar no mérito da questão, Supõeseoduto, vou repetir um trecho postado em dois de meus artigos publicados em meu Blog.
"Examine, não seja boi de boiada, use a inteligência. Ricardo Lewandowski! Dar seu parecer, voto, como relator do mensalão do PT até o fim deste mês maio? Num processo de 69.000 páginas que contam resumidamente nossa história desde 15 de novembro 1889, da proclamação da República. Ou 1894, data da eleição do primeiro presidente da República do Brasil, Prudente de Moraes. Desde lá, de 1894 por definições limitadas de controle de gastos de campanha já existia o caixa 2, ainda que usassem outro nome para este tipo de auxílio, patrocínio, àos candidatos. Como é feito até hoje por falta de regras bem definidas sobre o tema. De uma forma ou de outra sempre há caixa 2 em campanhas eleitorais.
Se o ministro Ricardo Lewandowski levar em consideração a realidade brasileira desde os remotos tempos de 1894, de Prudente de Moraes. Poderá economizar o tempo de leitura das 69.000 páginas do processo do mensalão do PT e dar o seu parecer, voto, imediatamente e com toda segurança. Absolvição total e irrestrita para o caixa 2 de campanha. Quanto aos outros crimes se por ventura houveram, como a compra de votos de parlamentares para projetos e etc... vai depender dos laudos, se há provas ou não."
É óbvio que dinheiro de caixa 2 tinha que vir de algum lugar e passar por algum agente financeiro até chegar à todos os partidos envolvidos. Mas supõe-se que este argumento tenha sido armação. Porque livrariam os réus de muitos dos crimes que fariam no mínimo uma meia-dúzia de bois de piranha, para atirarem às mídias golpistas.
Também é óbvio que alguém teria que ir ao banco buscar sua parte ou do partido, e o dinheiro deveria estar indicado à ele. Mas supõe-se que o dinheiro era para comprar o apoio desse ou daquele parlamentar e ou partido já da base aliada e recebendo sua parte do caixa 2, então porque venderia o seu apoio? Porque supõe-se que o caixa 2 não era caixa 2?
Dinheiro falso apreendido pela PF edsonsombra.com.br
O PT como todos sabem só ganhou as eleições também porque fez aliança com todos os partidos de esquerda a até os chamados nanicos. O que naturalmente caracterizaria um apoio financeiro para todos os partidos, porque campanha custa caro. E deste apoio, alguma ou toda parte viria em caixa 2, como acontece com a maioria dos partidos há séculos. Por falta de regras bem definidas sobre o mote até hoje.
Esperando agora em 2012 uma mudança na lei pela reforma eleitoral que, pode criar instrumentos que venham a diminuir mais ainda os abusos financeiros em campanhas eleitorais. Mas creio que senão ilimitarem os gastos de campanha, jamais extinguirão totalmente o caixa 2.
Porque sempre haverá um gasto aqui e outro acolá que sai do bolso de algum patrocinador sem nenhuma declaração e ou documento.
Pois se no Brasil ainda existem inexplicáveis fortunas e movimentações financeiras estrondosas até em bancos, como vimos há pouco tempo e vemos sempre, como algo que nunca cessa. Sem falar na verba do crime organizado que, quando pegam alguns, surgem dúzias querendo seus lugares, e algum sempre assume.
Como por exemplo os bilhões que o tráfico de drogas movimenta pelo país e ou, as importações de produtos chineses, eletrônicos e bingos eletrônicos, que volta e meia vemos nos noticiários.

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