As décadas entre 1960 e 1980 foram a
Idade Média brasileira.
As bandeiras do Movimento Democrático Brasileiro – MDB
(atual PMDB) e dos movimentos de bases tremulavam em grandes manifestações pelo
retorno do Estado Democrático de Direito. Enquanto a elite dormia em berço
esplendido os trabalhadores deste país, reivindicação a liberdade. Quem é livre
não tem limite, mas responsabilidade pelo que faz com sua liberdade. Com o fim
do bipartidarismo e a redemocratização do país surgia o Partido dos
Trabalhadores, forjado nas lutas.
PMDB e PT são partidos que compreendem a
dimensão da liberdade e por isso, são contra a instituição de tribunal de
censura. Como pessoa, sinto-me atingida.
Esse ato de censura é uma ameaça a
todos que trabalham nas comunicações ou que gostam de comunicar-se pelas mais
diversas ferramentas que a tecnologia da informação permite.
Não concordo com esse verdadeiro “DIREITA
VOLVER”, nem aceito a turma do mal ditando aquilo que posso falar e de que
modo.
Alguns anos atrás, tive experiência única, entre um espetáculo de teatro
e outro, trocava idéias e aprendia com Guarnieri, como foram as décadas do
regime autoritário.
Não tinha a mínima idéia do que era, até ele me explicar os
métodos e o procedimento que se adotava: calar, bater e depois perguntar.
Noutra passagem, também de teatro, Jackson Antunes, trazia um monólogo em que
no imaginário de suas lembranças, retratava o tal de pau-de-arara, muito comum
nos processos inquisitoriais promovidos nas décadas do regime autoritário.
Noutra feita, estando fazendo um curso de textos com Maria Helena Khünner e que
nos intervalos abordou-se a questão da riqueza do teatro e da música durante o
regime de exceção.
Com muita propriedade chegamos a conclusão que para
sobreviver era preciso ser extremante criativo.
Chegou o momento de revigorar o
pedido: Pai, afasta de mim esse cale-se,
como dizia nas entrelinhas a letra de Chico Buarque.
Aprendi a gostar de teatro
e conhecer essas história, por causa de meu irmão que promovia, escrevia e
atuava como ator, produtor... Eram duas gerações que se cruzavam.
A mais velha
e experienciada disposta a deixar um legado, um depoimento, uma súplica para
que não mais cessassem a liberdade, enquanto nós, mais moços admirávamos
aquelas pessoas que pela arte e pelo ideal doaram-se inclusive, muitos a
própria vida. Hoje, venho triste a censura retornando. À pedido de pessoas
ligadas àqueles que dispõem dos meios de produção e do capital e que
diariamente exploram o trabalhador para acrescentarem valores ao seu
patrimônio, um veículo de comunicação foi multado e teve seu material de
trabalho apreendido (recolhido, censurado). Em nome de todos os companheiros e
companheiras (PT e PMDB) que durante os anos amargos do regime de exceção, que
conheceram os rigores das prisões, dos processos sumários e da censura,
hipotecamos nossa solidariedade ao site de notícias http://midianews.com.br.
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