domingo, 28 de outubro de 2012

Caray!

Mário Moreno - Cantinflas
"Y como decia Napoleón: "El que parte y reparte, le toca su Bonaparte".

"Se você quiser dar o salário pro cara dê. O cargo eu não dou"! Aí a briga começou. 

Como seria o encontro entre Cantinflas e Almodóvar para ler na mesa o roteiro do mensação?

Oh vida dura! A biografia do ministro Joaquim Barbosa
nos surpreende, ao mostrar sua origem: além de pobre e negro, arrimo de família entre oito irmãos. As variáveis preconceituosas, o racismo dautônico sapateava, buliçosamente, em seu palco. Não há preconceito, entre iguais, no Brasil?

Se por seu lado "comeu o pão que o diabo amassou", por outro socializando a miséria, coisa que só os pobres são capazes, reservou uma fatia daquele pão envelhecido ao ex-ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu.


- É mensalão!

- É caixa dois!

O grande ministro do STF defendeu e ganhou: É mensalão sem Habeas Corpus. A última palavra é a primeira que detém o poder; que manda.


Essa novidade na justiça maior do Brasil criada pelo ministro Joaquim, quer queiramos ou não, nos faz relembrar momentos contraditórios e degradantes, proporcionados por HCs coloridos.


Baseados em parcerias suspeitas, alguns HCs concedidos pela nossa última instância da lei. Lá no fundo do baú, podemos ver, o simpático e divertido banqueiro Cacciola e Dani Dantas, que inspiraram a Súmula Vinculante nº11, popularmente conhecida como "Súmula Cacciola-Dantas, ou o 'adeus às algemas'.


Juízes federais, no entanto, debocham e protestam contra a súmula ridícula.


Roger Abdelmassih, outra aberração 'legal' do velho STF. Estava na cadeia, meteu sob o braço um HC e aterissou no Líbano. Ele nos deve 278 anos de prisão por ter violentado 37 senhoras.


O despejo coletivo da Comunidade Pinheirinho que ocupava o terreno pertencente à massa falida da Seleta S/A do manjado Naji Nahas, representa uma força estranha conhecida pelos pobres: "A corda arrebenta no lado mais fraco".


Angélica A. S. Teodoro furtou num supermercado um pote de manteiga de R$3,10. Após cinco meses de prisão foi decidido, a seu favor, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) um HC de soltura. O juíz não lê a realidade, apenas o Código Penal.


Joaquim Barbosa, mineiro de Paracatu, encontrou uma mineira de Belo Horizonte, na papelada do Gurgel, presidente do mineiro Banco Rural, Katia Rabello. Minas Gerais é um tapete acobertando um número desconhecido de corruptos. Nada contra o Estado mineiro do leite, do queijo e do Azeredo. Quem conhece sua história e sua geografia, um dos estados mais lindos do Brasil.


J. Barbosa não perdeu a oportunidade, condenou Katia Rabello, na Ação Penal 470. A primeira condenação feminina do STF ninguém esquece. Ela Dançou. Não esquece também o envolvimento 'acidental' do Banco Rural no esquema PC Farias. Há quanto tempo!


O julgamento é político, ideológico e por isso emocional. O trato entre políticos, investidos de mandato ou de cargo executivo, não cabe gentilezas. Solidariedade ou qualquer outra dose que sugira compreensões emocionais, muito menos. O cargo, o espaço ocupado por um quadro, sempre será o objetivo de outrem.


Uma frase forte, finalizando uma cobrança, de alguém que não renunciou: "Se você quiser dar o salário de presidente pro cara, dê; o cargo eu não dou"! Aí a briga começou.


O espaço da justiça em sua instância de poder, como encinou Montesquieu (executivo; legislativo; judiciário), por direito cabe ao político munido de suas imunidades, defender com seu discurso, contra ou a favor de um objetivo, em seu ambiente público.


O grito do afogado que agarra qualquer coisa para flutuar partiu da boca de Roberto Jeferson, com o intuito de salvar a própria pele, para liquidar com a carreira política de José Dirceu:


- O chefe do mensalão é Zé Dirceu, bradou Jeferson. Eis a evidência criminosa.   


Em 
política, o discurso é volátel, pode ser verdadeiro ou não. Nos tribunais onde se julgam crimes, o aditivo principal são as provas concretas reais e legítimas, para se chegar a um resultado justo. Ouvi dizer que disseram, não presta como prova.

É possível acreditar na palavra de RJ? Há entre os ministro os que acreditam sem o menor esforço: "Bati o olho na porta do armário" falou o deputado. O armário em questão, possivelmente, seja um dos seguranças da Esplanada.


Onde entra Maquiavel, e em que capitulo dessa história, com sua sabedoria política? A luta pelo poder de forças independentes e tão próximas, legislativo e judiciário, ambas ante a precariedade moral, perante a sociedade, o roto punindo o rasgado, num momento de grande exposição midiática, em plena campanha eleitoral a honra do supremo exposta será lavada.


Os brasileiros não aceitam mais presos com colarinho branco sem algemas. Chega! Quem perde na primeira e na segunda instâcia não merece acesso ao STJ, muito menos receber de algum figurão togado um Habeas Corpus dourado.


As reflexões políticas de Machiavelli (1469-1527) sobre corrupção estão presentes em todos os personagens, entre juízes e suspeitos, num formato senoidal e ninguém pode dizer que não é isso. Após o poder  político conquistado justificam-se os crimes de traições, saques, falsidades ideológicas; vender liberdades e propriedades do Estado como se fossem bens privados; Roubar? Nesse meio, "os fins justificam os meios"?


Aguardamos a extinção das coligações e dos partidos nanicos, a eliminação dos cargos comissionados. Queremos o financiamento público de campanha, acabar com as emendas parlamentares, com a frota de automóveis de vereadores, deputados e senadores, com o fim dos apartamentos funcionais e impedir a distribuição farta de dinheiro público entre um coletivo gigantesco de assessores, absolutamente, descartáveis.


Não é pouca coisa, para opróximo presidente do STF o juiz Joaquim Barbosa, tudo é possível. Coragem não lhe falta. Aquela coragem de moleque de rua, aquele moleque que pode mudar a sociedade. Sociedade pobre que precisa de coragem, antes de qualquer coisa, para ser pobre.


O menino ainda não mudou o Brasil - menos, Veja, menos... - Há poucos dias, um dos pares de JB declarou durante um 'bate boca' emocional, que este não estaria preparado para assumir a presidência do supremo. "Não é assim Joaquim".


Para isso bastam as evidências?


- E as provas?


-Só lá no posto Ipiranga!


* "No sospecho de nadie, pero desconfio de todos".


A desconfiança sufoca nossa consciência. Pensar em crer no supremo, mas com que roupa? De uma hora para outra, Senhor ministro, cede uma exclusiva para a Globo? Furou o esquema - as altas mídias não estão à procura de justiça - a direita quer os préstimos do juiz.


E nós que optamos pelo caixa dois, qual é o nosso caminho, para acreditar e conviver neste universo escandaloso? O juiz Ricardo Lewandoviski quer provas. As evidências são ou não são suficientes? E a razão, o contraditório e a dignidade etc. Coisas estranhas acontecem nesse ambiente habitado por funcionários públicos, otimamente remunerados, que não abdicam nada do "por fora".


Almodóvar faria uma comédia feminina erótica e deliciosa. Lá nas Alagoas, o ex-prefeito Beroaldo pagou, no Amanda Night Club, um show erótico com cheque da prefeitura sem fundos. A gostosona Denise Rocha transformou o gabinete de um senador em locação de filme privé.


O ambiente é pesado. Dificil acreditar que estão acontecendo coisas novas no palco da justiça. Perdoe-nos ministro, mas vamos dar um tempo.


Pra nós os leigos: É caixa dois!


* Cantinflas (1911-1993)

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