Tenho acompanhado as políticas publicas
voltada à cultura, aqui e acolá.
É estranho o modo como percebem cultura.
Alguns com um sentido muito restrito outros com uma expansividade que finda nos limites de seus interesses. Não se trata de concordar ou discordar de conceitos, até porque são apenas definições, mas de se discutir como são elaboradas as políticas para à cultura, apenas se questionar como é considerada para a escolha ou priorização de investimentos. Várias são as localidades que cultura se confunde com eventos e, nesse caso, apesar de muitas vezes, haver um retorno econômico ao ente federativo, nem sempre retorna como capital para ser reinvestido e acrescentando outros aspectos da identidade cultural local. Na pauta dos eventos se encontram grandes shows, muita pirotecnia, ou então produção de nomes renomados, áreas específicas e direcionado para um público também, bastante limitado. De outro lado, se observa a grande massa da população brasileira carente de opções culturais. Sumiram os teatros e, na maioria das cidades brasileiras, tem pessoas que sequer assistiu uma peça. Há também uma redução das manifestações folclóricas ante a massificação de modelos voltados a comercialização. Nossos causos, lendas, nosso jeito de falar e ver as coisas está sendo pasteurizado. A cada dia, a riqueza cultural brasileira, das variantes lingüísticas vai sendo absorvida. Ao lado disso, os artistas de rua são cada vez mais raros. Não ouço serenata. Nem sarais de poesia. Apenas vejo nas letras vazias, ainda salvas pela musicalidade brasileira, estranhas mensagens.
O cinema anda confinado nos grandes shoppings e o produto ofertado é adensado de uma ideologia alienígena que aos poucos vai minando nossas resistências e se distancia cada vez mais das populações com menor renda. Ligo o rádio em qualquer freqüência e ouço estranhamente as mesmas músicas, os mesmos ritmos e – pasmem – os mesmos cantores. A pasteurização ocorre por que estão sucumbindo às estações locais e regionais e a grade da programação é feita via satélite para todo o Brasil. Isso vale para televisão. Nossa identidade cultural encontra-se combalida. Será que o desenvolvimento tecnológico significa aniquilamento de nossos valores? Não sei. Vejo apenas que a cultura está sendo tratada como produto. Ago que se fabrica, expõe e comercializa. Algo que inerte, sem alma, sem vida, sem as nossas impressões, mas que tem visibilidade e valor de mercado. O que será que pensam nossos gestores? Evidente que uma atividade ou produto cultural também pode ser turístico e interessar ao mercado, mas esse não pode ser o objetivo primordial.
Hilda Suzana Veiga Settineri
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