Pivô da Operação Porto Seguro, a secretária do governo federal em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, é apontada como uma figura "muito ligada" ao ex-presidente; comitê de crise de Palácio do Planalto discute o impacto da operação, que prendeu o vice-ministro da Advocacia-Geral da União e dois diretores de agências reguladoras
Tem potencial explosivo a Operação Porto Seguro, que foi deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Federal e cujos impactos ainda não foram totalmente dimensionados. Tendo como um dos alvos principais a secretária Rosemary Novoa de Noronha, apontada como figura "muito ligada" a Lula, é bastante provável que a ação dos policiais tenha captado diálogos do próprio ex-presidente, de quem ela era interlocutora contumaz.
Diante de uma operação que ronda o coração do poder,
analistas das mais diversas tendências começam a se debruçar sobre o
caso. Luís Nassif, que tem boa entrada no Palácio do Planalto, avalia
que não há razões, ainda, para teorias que admitam a hipótese de
conspiração. "O Palácio do Planalto continua avaliando a Operação da
Polícia Federal em São Paulo. Até agora, nenhum indício que alimente
teorias conspiratórias. Pelos dados obtidos - até agora, saliente-se -
parece uma operação normal, deflagrada a partir de uma denúncia. Mas as
análises continuarão no decorrer do dia", diz ele.
Outro jornalista com bom trânsito em Brasília, o colunista
Claudio Humberto, levanta a hipótese de que Lula tenha caído no grampo
da Polícia Federal. Confira:
Assessores presidenciais bem posicionados temem que a operação Porto Seguro, da Polícia Federal, tenha registrado gravações telefônicas entre o ex-presidente Lula e uma das principais pessoas investigadas, Rosemary Novoa de Noronha, que é muito ligada a ele, diz ele. "A investigação se encontra sob segredo de Justiça. Desde o governo Lula, "Rose", como é conhecida, ocupa o principal cargo no escritório da Presidência da República em São Paulo, o de chefe de gabinete, e foi mantida pela presidenta Dilma a pedido dele. "É natural que alguém da confiança do Lula tenha conversado com ele ao telefone durante as investigações, por isso não será surpresa eventuais contatos entre os dois aparecerem nos relatos policiais", afirmou a este site um importante assessor palaciano. Ele afirmou, no entanto, que o governo não tem dúvida de que Lula não sabia das atividades ilegais atribuídas ao grupo, que integrava um esquema que produzia pareceres favoráveis aos interesses de grandes empresas no governo federal. O assessor também afirmou esperar que Rosemary peça demissão imediatamente, a fim de poupar a presidenta DIlma de ainda mais constrangimentos.
Ontem, assim que soube da operação, a presidente Dilma
Rousseff convocou imediatamente o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, que estava em Fortaleza, e o advogado-geral da União, Luís
Inácio Adams. Cardozo foi enviado a São Paulo, para levantar todas as
informações sobre o caso, conduzido pelo delegado Roberto Troncon.
Paulo Henrique Amorim, do site Conversa Afiada, aponta Lula como alvo (leia aqui) e diz que a presidente Dilma Rousseff será a próxima na fila.
A Operação Porto Seguro flagrou um suposto esquema para
venda de pareceres, que favoreceria grandes empresas privadas. Leia a
descrição de Claudio Humberto:
A prisão do "vice-ministro" (ou nº 2) da Advocacia Geral da União, José Weber Holanda Alves, homem de confiança do ministro Luís Inácio Adams, assim como as de Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (Ana), e seu irmão Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e o indiciamento de Rosemary Novoa de Noronha, influente chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, todos investigados por vários crimes, incluindo corrupção ativa, revelam que a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, é o mais importante conjunto de denúncias de irregularidades no governo Dilma Rousseff, daí a preocupação de ministros e líderes partidários.
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