O processo eleitoral em que
sufragou os novos prefeitos e vereadores é ainda recente. O Partido dos
Trabalhadores teve resultados expressivos em várias cidades e capitais. Sem
qualquer dúvida, um dos nortes que sempre tem guiado as administrações petistas
é a educação. Só para os mais jovens compreender. Hoje, eu estava ao lado de um
jovem, acho que entre 20 e 30 anos que, estava fazendo a simulação de um
financiamento através do FIES para um curso de Direito. Inimaginável para sua
realidade social antes do governo petista de Lula. O acesso a educação era algo
quase sacro e cujos iniciados ou eram das elites ou serviam a ela. As camadas
populares não tinham o acesso e os governos conservadores legitimavam a
exclusão pela falta ou insuficiência de recursos. Priorizavam-se obras ao invés
de pessoas. Fiquei perplexa ante a possibilidade dos royalties do petróleo
(pré-sal) não serem destinados exclusivamente à educação. Parece-me obvio que
desenvolvimento de uma nação começa pelas pessoas. Acreditar que fazer
estradas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, ou se investir na repressão
com o objetivo de dar segurança, é ignorar o passado brasileiro. Essas áreas já
foram priorizadas e, com toda a sua capacidade de transformação social, não
conseguiram promover a dignidade e o resultado obtido foi à formação de castas
que donas do poder econômico e dos meios de produção, fizeram também do
conhecimento um instrumento para legitimar a exclusão social e a pobreza.
Orbita no Legislativo federal uma proposta de redistribuição dos royalties, ou seja, que não sejam mais direcionados na sua maior parte para a educação. É fácil compreender o raciocínio dos legisladores, basta verificar o modo como se elegeram e a quem está vinculado seu mandato. São representantes de setores conservadores que querem que os recursos sejam direcionados as atividades-fim que contribuíram para sua eleição. Evidentemente que investimento em educação além de dar resultado para o futuro, significa também melhor qualificação e capacidade de reflexão, o que torna o eleitor mais crítico, mais exigente e menos vulnerável as propostas mirabolantes, o que por certo, não lhes interessa. Chegou o momento de educadores e da sociedade dizerem claramente aos legisladores que queremos mais recursos sim, para a educação e que não aceitamos essas manobras para suprimir e inviabilizar projetos de promoção social, de resgate de auto-estima e da dignidade humana, e principalmente, que possibilitem ao cidadão brasileiro assumir a sua cidadania, no sentido mais amplo possível. Tenho uma amiga, companheira de PT, de movimentos sociais e que repetidamente tem se manifestado sobre o silêncio que a sociedade, educadores e todos os interessados sobre o que estão tentando fazer. Desses nossos legisladores atuaram nesse sentido era esperado, o que é preocupante são suas manobras serem realizadas e não ocorrer um movimento articulado para defender a educação como o melhor destino dos recursos. Tenho certeza que a capacidade do Ministro Mercadante e a sensibilidade da nossa Presidenta Dilma, serão baluartes para chamar todos para a razão: não há sentido em querer dar outra finalidade aos royalties, que não seja a educação do povo brasileiro.
Hilda Suzana Veiga Settineri
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