"Não sei de onde vem tanta especulação", diz aos parlamentares, em depoimento formal sobre a Operação Porto Seguro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; ele acrescentou: "Essa história de 120 diálogos gravados não existe", declarou, em referência a supostas conversas entre Lula e Rosemary; episódio dos € 25 milhões, publicado pelo deputado Anthony Garotinho, é "fantasioso"; Cardozo reafirmou que avisou a presidente Dilma, na véspera da blitz policial à sede da Presidência em São Paulo, que um órgão federal seria alvo de investigação; sem, segundo ele, dar detalhes
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não existem
telefonemas entre a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo,
Rosemary Noronha, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não
existem essas gravações, eu não sei de onde foi tirado isso". De acordo
com ele, se alguém realizou essas gravações, foi de forma ilegal.
Cardozo está reunido com membros das comissões de Segurança Pública e
Combate ao Crime Organizado e de Fiscalização Financeira e Controle da
Câmara dos Deputados.
Em relação ao fato publicado no domingo pelo deputado Anthony
Garotinho, de que Rosemary teria chegado a Portugal com 25 milhões de
euros numa mala diplomática, durante uma viagem com Lula, é
"fantasiosa". O ministro disse que chega a ser difícil visualizar a
quantia desse dinheiro, que só poderia ser transportado num carro-forte.
"Não sei de onde vem tanta especulação. Esss gravações não existem. Se
foram feitas, foram de maneira ilegal e os responsáveis terão de
responder em juízo". Nesta segunda, o deputado confirmou ao 247 que uma fonte lhe havia confidenciado o fato.
No início da audiência, Cardozo esclareceu que apesar de a Polícia
Federal ser um órgão subordinado ao seu ministério, nenhuma das duas
operações recentemente deflagradas pelo órgão – Porto Seguro e Dukheim –
tiveram interferência dele. "Sempre que pessoas do mundo político ou
econômico são investigadas há muita tensão, controvérsia e confusões",
disse o ministro.
Ele acrescentou, no entanto, que "nenhuma dessas operações é fruto de
instrumentalização do ministro da Justiça e nem de descontrole da
Polícia Federal". Segundo o ministro, há anos a PF evoluiu de um status
de polícia de governo para se tornar, de fato, uma polícia de Estado,
"sem qualquer interferência política".
Cardozo disse ainda que normalmente o ministro da Justiça só toma
conhecimento das operações no momento em que elas ocorrem. Em relação à
Operação Porto Seguro, o ministro disse que foi informado de maneira
genérica, no dia anterior, de que haveria uma operação envolvendo um
órgão do governo.
"Ainda na quinta-feira [22/11], informei a presidente Dilma Rousseff
que haveria uma operação da PF no dia seguinte envolvendo órgão do
governo, mas sem detalhes, porque eu não os tinha naquele momento",
disse Cardozo.
Segundo o ministro, ele manteve a agenda de quinta-feira e viajou
para Fortaleza (CE), onde seria o anfitrião de um encontro de ministros
do Mercosul. "Somente na manhã de sexta-feira, de volta a Brasília, tive
um encontro com o doutor Leandro Daiello Coimbra, diretor-geral da
Polícia Federal, em minha residência, e aí pude tomar conhecimento do
teor de todos os mandados que haviam sido cumpridos naquele dia", disse.
Com informações da Agência Câmara
No Brasil 247
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