Presidente da Câmara, antes considerado candidato incompatível com o cargo, já colhe elogios da mídia tradicional por alinhar-se com Joaquim Barbosa na questão das cassações de mandatos pelo Supremo; Henrique Alves "começou bem como presidente da Câmara", disse Ricardo Noblat
Bastou o novo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afastar a possibilidade de um confronto, no momento, com o Supremo Tribunal Federal por conta do julgamento do mensalão para o outrora condenável político de 11 mandatos começar a receber elogios dos grandes jornais. Leia análise do Blog da Cidadania.
Blog da Cidadania
- O tom no Jornal Nacional de quarta-feira 6 de fevereiro de 2013 foi
triunfal: Henrique Alves se ajoelhara aos pés da mídia golpista e
chantagista. O telejornal não deixou de anotar a "mudança de posição" do
presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves.
Em seguida, entra em cena Gilmar Mendes. Com semblante e fala serenos
e igualmente triunfantes, anunciou que nunca teve dúvidas de que a
Câmara cederia. A dupla de apresentadores do JN chama a matéria seguinte
com um sorriso de orelha a orelha.
Afinal, o principal poder do PIG não é o de informar, mas o de ser temido.
Mas será mesmo que esse tom triunfante faz sentido ou é só produto do
objetivo da direita midiática de nunca deixar enfraquecer a sua fama de
toda poderosa? De minha parte, acho que é a segunda opção, pois não
houve vitória alguma.
Antes de prosseguir, quero anotar que sessão de tripúdio do JN
começou antes aqui no Blog. Leitores discordantes da linha editorial da
Casa não tardaram em vir com seus kkkk's e me declararem "mudo", como
se eu tivesse garantido alguma postura de Alves, quando apenas disse que
os escândalos contra ele brotaram do éter como por mágica simplesmente
por conta de ter deixado entender anteriormente, a alguns, que poderia
não cumprir o rito de cassação dos mandatos dos réus do mensalão.
Ora, bolas. Quando foi que Alves disse que não cumpriria o rito da
Câmara sobre os processos contra aqueles réus? Alguém pode reproduzir o
texto e colocar o link dessa declaração? Eu desconheço.
Enfim, quem irá "decidir" sobre o processo, como prega a
Constituição, não será Alves. Quem já viu alguma Casa do Congresso
cassar mandatos? Quem viu sabe que funciona assim: os deputados, em
votação secreta, decidem se cassarão ou não.
Hipoteticamente, uma votação secreta poderia muito bem reproduzir os
resultados das recentes eleições para as presidências da Câmara e do
senado e mandar, de novo, o PIG tomar Coca-Cola. Hipoteticamente, claro.
Alves achou uma saída de gênio. Com a declaração que deu, tira das
próprias costas a responsabilidade por um sentimento que nunca foi seu,
mas que é, sim, do Legislativo.
O que é pitoresco, para usar um eufemismo exagerado, é que, no mesmo
PIG, o até ontem "bandido", "criminoso", "ladrão", condenado à forca
Henrique Alves virou, como por mágica, dono de "valentia e sensatez"
(!?)
Sim, você leu direitinho. Um dos que até cinco minutos antes só se
importavam com as denúncias contra Alves e que, por isso, diziam sua
eleição "uma vergonha", com seu suposto "recuo" passaram a dizer que
estaria "começando bem" o seu mandato.
É como se os leitores desse cara que escreveu isso fossem um bando de
retardados incapazes de se perguntar como é que, de uma hora para
outra, as denúncias contra Alves e a inviabilização que geravam ao seu
mandato se transformaram em "bom começo".
Enfim, veja, leitor, quem é o "cara" que acredita que escreve literatura infantil em seu "blog".
*
Enviado por Ricardo Noblat – 6.2.2013 | 17h01m
COMENTÁRIO
Salvo se Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), recém-eleito presidente da
Câmara dos Deputados, for um político leviano, irresponsável, cínico,
mentiroso e sem palavra, ele enterrou de vez, há pouco, a possibilidade
de um confronto de desdobramentos imprevisíveis entre os poderes
Legislativo e Judiciário devido ao processo do mensalão.
O Supremo Tribunal Federal (STF) cassou o mandato de alguns réus do
mensalão. Se não mudar de opinião uma vez analisados os recursos da
defesa a serem impetrados, caberá à Câmara apenas cumprir o que o STF
decidiu.
O antecessor de Henrique, deputado Marcos Maia (PT-RS), disse mais de
uma vez que a decisão final sobre a cassação seria da Câmara, e somente
dela. Chegou a oferecer abrigo a mensaleiros condenados que temessem a
prisão imediata.
Henrique visitou esta tarde o ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, e saiu de lá dizendo o seguinte:
* "Não há hipótese de não cumprir a decisão do Supremo. O Supremo vai
cumprir o seu papel, analisando, como está analisando, vai discutir os
embargos, vai publicar os acórdãos, e nós só vamos fazer aquilo que o
nosso regimento determina que façamos: finalizar o processo. Uma coisa
complementa a outra. Não há confronto".
* "Formalidade legais, apenas isso [sobre o que restará para a Câmara
depois da decisão final do STF]. Será um processo rápido. Formalidade
legais não podem implicar em muito tempo".
* "Vamos aguardar finalizar o processo, ainda temos embargos, vai ter
os acórdãos e, quando chegar à Câmara, ela vai cumprir o seu dever, sem
nenhum conflito, sem nenhum confronto, e num processo rápido, porque
isso interessa ao povo brasileiro, ao Judiciário e ao Legislativo.
Portanto, será uma atitude que vai surpreender aqueles que pensam
diferente, mas que vai mostrar o respeito entre os poderes Judiciário e
Legislativo."
* "Não há nenhuma possibilidade de confrontarmos com o mérito, questionar a decisão do Supremo."
* "Só espero, vou até rezar para que o que eu possa declarar aqui eu
possa ouvir e ler, não há a menor possibilidade, é risco mínimo, de
qualquer confronto do Legislativo com o Judiciário. Quem pensar
diferente, é como diz o dito popular, pode tirar o cavalinho da chuva.
Não há a menor possibilidade. É imenso o respeito do Legislativo com o
Judiciário e vice-versa, pois somos sistemas basilares, fundamentais, da
democracia brasileira. Cada um sabe sua responsabilidade, é definido na
Constituição".
* "Não há a menor possibilidade, volto a dizer, de nenhum arranhão,
nenhum conflito, nenhuma indisposição do Legislativo, e eu o faço como
seu presidente, com o Judiciário".
Não há mais nada a ser dito sobre o assunto, pois.
Henrique inaugurou com valentia e sensatez seu mandato de presidente da Câmara dos Deputados.
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