Uma ativista do grupo Femen, organização feminista criada na Ucrânia
conhecida por fazer protestos sem roupa, aderiu nesta sexta-feira ao
movimento dos índios contra a desocupação da aldeia Maracanã, área anexa
do estádio, no Rio.
Às 11h, Sara Winter, integrante do grupo, tirou a camiseta e invadiu a
avenida Radial Oeste gritando: "Assassinos, assassinos". Ela foi
atingida por um carro, mas levantou e continuou protestando até ser
detida.
O grupo tem participado ativamente de manifestações no Brasil. Em junho do ano passado, elas protestaram na Rio+20. As integrantes do movimento fizeram topless durante uma passeata. [galeria de fotos]
Entre outras causas, protestam contra o turismo sexual impulsionado por eventos esportivos.
"O topless é uma estratégia de marketing e também uma forma de dizer que
posso fazer o que quiser com o meu corpo. Por que mostrar o seio é
considerado atentado ao pudor?", disse no ano passado um ativista.
CLIMA TENSO
Em clima de tensão, as negociações entre índios e o governo do Rio de Janeiro continuavam no fim da manhã de hoje.
Segundo a assessoria do vereador Jefferson Moura, do PSOL, que participa
dos trabalhos, nesse primeiro momento apenas as crianças serão
retiradas do local pela Secretaria de Assistência Social e Direitos
Humanos.
Elas devem ser levadas para um hotel e, depois, para uma área em
Jacarepaguá, na zona oeste. Às 11h15, os índios agrupavam as crianças
para a retirada.
Os manifestantes liberaram o portão, que estava trancado com cadeado e
bloqueado com pedaços de concreto, e o embarque acontece em vans do
governo estadual.
Policiais do Batalhão de Choque acompanham o movimento à distância, sem interferir.
ULTIMATO
Em tom de ultimato, o governo do Rio de Janeiro pediu ontem a
desocupação imediata do prédio do antigo museu e ofereceu três opções de
alojamento para os índios.
O Museu do Índio dará lugar ao Museu Olímpico. As opções de alojamento
oferecidas ontem eram o terreno em Jacarepaguá (zona oeste), uma área do
lado do barracão de obras da Odebrecht, na avenida Visconde de Niterói
(zona norte) ou um espaço à parte no abrigo Cristo Redentor (zona
norte).
Os índios também podem voltar para a sua aldeia de origem ou optar pelo benefício do aluguel social, de R$ 400.
Anteontem, venceu o prazo para a reintegração. O despejo dos indígenas
está autorizado desde ontem. O Museu do Índio dará lugar ao Museu
Olímpico.
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