domingo, 7 de julho de 2013

Golpes na democracia [Ou... a barbárie anda a galope com alguns jovens, aqui no Brasil, montados nela...]


Por Rodolpho Motta Lima

O mundo, hoje, atravessa séria crise nos quesitos democracia, cidadania e ética, que deveriam constituir os pilares da formação dos indivíduos e, por extensão, dos povos. O que vemos, diariamente, são pequenos e grandes golpes que contra eles se cometem em todos os cantos do planeta, inclusive aqui. Vejamos:

O outono árabe 

Alguém mencionou o movimento que destituiu o presidente eleito do Egito como “a volta dos que não foram”. Perfeito. A classe média egípcia, instável, reticente e incoerente, foi às ruas para recolocar no poder os militares contra os quais ela se opunha anteriormente, e que, ao longo de tantos anos de ditadura, sustentaram a repressão. E ainda tem gente discutindo se houve um golpe, tendo em vista o “apoio popular”. Penso que o igualmente reticente presidente Obama – que agora se diz preocupado com o panorama egípcio - , ao afirmar, há poucos dias, que a democracia não passa necessariamente por eleições,  pode ter dado um empurrãozinho para o golpe de um exército que, ao longo dos anos, vem sendo apoiado pelos americanos com polpuda “ajuda econômica”. Como vemos, um show  de hipocrisia democrática... 

Arbítrio no espaço aéreo


Urariano Mota esgotou esse assunto aqui no DR, com a sensibilidade do grande escritor e a indignação do verdadeiro democrata. É incrível que o legítimo presidente de um país componente do concerto planetário das nações tenha tido o seu direito de utilização do espaço aéreo castrado por decisões arbitrárias, nas quais, uma vez mais, está presente a “democracia” tão decantada pelos americanófilos de plantão. Só mesmo em um mundo de governos emasculados e subservientes ao poderio militar dos EUA poderia ocorrer um episódio tão abominável. Fico aqui imaginando se esse intrépido pessoal saudoso do “Big Stick” teria coragem de agir assim com um avião da China...

Lobos que comem lobos


O bloqueio ao voo de Evo Morales buscava evitar um outro direito de ir e vir. Supunha-se que no avião estivesse Edward Snowden, americano tido como traidor pelo governo Obama, mas exaltado como homem de coragem por grande parte do mundo. É inestimável  a contribuição que esse cidadão está prestando à humanidade ao revelar essa espionagem planetária – uma trama que George Orwell invejaria – que, em nome da “segurança nacional”, atinge inclusive os países aliados – os dos tais governos emasculados da União Europeia -, que os Estados Unidos também espionam.  Mas a coisa vai mais longe e começam a surgir outros fatos. Antes a Inglaterra e agora a França – segundo informa o “Le Monde” – também implantaram esquemas similares de espionagem contra seus cidadãos. Portanto, são lobos que comem lobos. Se essas atitudes pérfidas não ameaçassem toda a humanidade, até que seria bom dizermos: “Eles, que são brancos, que se entendam”. Infelizmente, porém, todo esse escabroso caso aponta na direção da supressão das liberdades fundamentais do homem, promovida por fariseus que se autointitulam defensores dos direitos humanos.

O Maraca é deles

Falando em brancos, a cidadania e a democracia foram, como previsto, profundamente arranhadas nos estádios da Copa, onde tudo ficou claro... Em meio ao oba oba geral que amplifica com patriotadas ridículas a bonita conquista do time de futebol brasileiro, só um cego não percebeu, nas transmissões pela tevê, a imensa e praticamente absoluta “branquidão” que tomou conta de todos os caros assentos disponibilizados ao público nos estádios. Desde antes, já se sabia que aos negros caberia, quando muito, entoar os versos de Cazuza, já que não foram convidados para a festa... Resta apenas, agora, depois do branco leite derramado, que o Governo brasileiro assuma o controle de algumas medidas que, na Copa do Mundo, venham, efetivamente, a garantir que, nos jogos da nossa seleção, estejam presentes no estádio, como convém em uma festa popular, todos os segmentos representativos da nossa sociedade. E, além disso, que todos fiquemos de olho nos novos “donos” do Maracanã, cujas primeiras ideias também tendem à elitização daquele que já foi o maior dos nossos templos populares, e que agora passou por um processo de concessão que cheira a falcatruas.

Macaco, olha o teu rabo...


Falcatrua é um substantivo que deveria ser melhor examinado no caso, que as redes sociais estão repercutindo, de uma suposta fraude que teria sido cometida pela Globo, envolvendo sonegação de pagamentos ao fisco. Fala-se em coisa da ordem de 1 bilhão, em valores de hoje... Segundo a Globo, a dívida já foi paga, mas não foi apresentado comprovante.  Seria interessante (e aqui deixo a sugestão) que os empregados da empresa – repórteres, cronistas e comentaristas -, em  nome da transparência, promovessem o tão autoelogiado jornalismo investigativo para esclarecer o público sobre a veracidade ou não desse caso “doméstico”...

Fora, povo!    

Raposa com pele de cordeiro consegue disfarçar-se por pouco tempo. Por isso, o plebiscito não deve sair a tempo de pôr um fim ao descalabro das instituições políticas do país. Por isso, essa guinada da mídia apoiando o “desconforto” do Congresso fisiológico com aquilo que considera “intromissão” da Presidenta ao insistir no plebiscito. Por isso, na coluna de ontem, Merval Moreira cita um filósofo de algibeira para afirmar que um processo que dá poder ao povo através de plebiscitos e consultas populares pode ser chamado de comunismo...

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