segunda-feira, 4 de abril de 2016

A comissão do impeachment pode se resumir no deputado palhaço com um pixuleco no colo.

O deputado cunhista Marcelo Aro na comissão do impeachment

A comissão do impeachment é aquele circo horrendo que, mesmos para os padrões de indigência mental a que estamos acostumados, sempre consegue surpreender.  

Com cobertura maciça de portais e GloboNews, é um terreno fértil para todo palhaço que sente uma vontade irreprimível de aparecer. O vocabulário revoltado on line, consagrado nas ruas, é repetido pelos políticos.  

O resultado, por exemplo, é um completo imbecil como Marco Feliciano falando do Foro de São Paulo, obsessão do guru da extrema direita lelé Olavo de Carvalho. Se no original é terrível, imagine a cópia soletrada por um analfabeto funcional.  

Desde o início da sessão de segunda, quando José Eduardo Martins Cardozo, da AGU, faria a defesa de Dilma, houve bate bocas e confusões que quase acabam em pancadaria.  

A oposição procurou cassar a participação de Cardozo, mas acabou prevalecendo o parecer do presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), segundo o qual “é de prerrogativa da denunciada indicar sua representação junto a essa comissão e não nos cabe impor a ela quem irá representá-la”. 

Naquela miséria — esse povo não deveria estar trabalhando ou fingindo que está trabalhando? — sobressaiu a figura do deputado mineiro Marcelo Aro.  

Aro, aos 28 anos, com sua cara de bebê malandro, um figurante macabro de propaganda de shampoo, segurava um pixuleco no colo.  

Um pixuleco no colo. 

Postou videozinho no Facebook, ganhou os parabéns de suas tias, mandou beijos para as colegas de auditório. Ninguém se lembra do discurso por razões óbvias, mas a pose entra imediatamente no rol dos momentos mais patéticos entre os piores momentos que vivemos atualmente.  

Aro é do PHS, sigla nanica de aluguel sem qualquer utilidade a não ser negociar apoio. É da tropa de choque de Eduardo Cunha, seu mentor e ídolo. Em março de 2015, declarou-se na Câmara: “Vossa excelência é uma esperança de lutar para um país melhor”. Foi ele quem sugeriu que Cunha levasse o título de cidadão honorário de Belo Horizonte no tempo em que era vereador.  

Aro acumula funções: é também chefe da Diretoria de Ética e Transparência da CBF, departamento que em si é uma piada pronta. Indicação de Marco Polo del Nero.  

Sua família, segundo Juca Kfouri, manda na Federação Mineira de Futebol há mais de três décadas. Em 2003, o pai e o tio de Marcelo foram afastados da FMF acusados de formação de quadrilha, falsificação de documentos e apropriação indevida de recursos. Elmer, o pai, confessou, numa CPI, que sonegava impostos e praticava nepotismo.  

Uma matéria da Folha de 1996 afirma que a família mantém o poder na instituição “enfrentando denúncias de corrupção, usando a entidade para fins eleitorais, empregando parentes e amigos e se reelegendo por meio de procurações das ligas do interior.”  

Sob uma perspectiva mais ensolarada, é bom ver um pulha como Marcelo Aro sair do buraco e mostrar a cara. Ele é o resultado do massacre do bom senso, da ética, da inteligência e do decoro a que fomos submetidos. Essa é a turma que nos espera na esquina, com um pixuleco no colo.  

Mais uma vez, parabéns aos envolvidos.

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