ACM Neto: Não existe mensalão do DEM, nem paralelo com PT
Marcela Rocha
Após o escândalo envolvendo o governador José Roberto Arruda (DEM-DF), as comparações com as denúncias do "mensalão" que abalaram o PT em 2005 já começam a surgir. Mas, para o líder do DEM na Câmara dos Deputados, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), esse paralelo "não pode ser traçado".
- Não considero que existam elementos para se concluir que isso é um mensalão. (...) O problema do PT era um problema do partido todo(...). Agora é uma situação que alcança uma liderança do partido e não o partido todo. O partido nacional não tem nenhuma responsabilidade sobre isso. Não dá para traçar nenhuma comparação, vamos nos diferenciar do PT e outros, na medida em que tomaremos providências, nós não nos calaremos.
Nesta terça-feira, dirigentes do PSDB e do DEM devem se reunir para discutir a situação. Ambos receiam o contágio das acusações sobre o governador do Distrito Federal, flagrado recebendo dinheiro de empresários durante a campanha de 2004.
- Em momento algum eu notei qualquer tipo de ameaça, foi num tom bastante sereno. (...) Nenhum de nós aceitaria ser ameaçado. Te digo com muitíssima tranquilidade que absolutamente toda a direção partidária está absolutamente em paz para tomar as posições que terão que ser tomadas.
O DEM cogitou levar o nome de Arruda, seu único governador, como proposta de vice na chapa encabeçada pelo PSDB nas eleições presidenciais de 2010 ou até mesmo encaminhá-lo para a reeleição no Distrito Federal.
Nesta terça-feira, 1º, o ex-PFL se reunirá para decidir se expulsa ou não do partido, ou se abre um processo administrativo interno contra Arruda, que é/era homem de confiança do deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente da legenda.
ACM Neto confirma que seu partido não tomará para si a defesa do governador. O PT prometeu CPI contra os deputados envolvidos; o PSOL pedirá também a saída de Arruda e dos demais.
- O partido não tem nenhuma obrigação de assumir a defesa do governador. O que temos é que garantir o direito dele se defender, mas não assumir a defesa que é um problema dele. Nós adotaremos todas as providências para mostrar que reagimos diferente de todos os demais partidos no Brasil.
Leia abaixo a entrevista na íntegra:
Terra Magazine - Em algumas declarações, o governador do DF usou um tom bastante ameaçador em relação aos seus correligionários, caso fosse aberto o processo de expulsão. Há intimidação?
Antônio Carlos Magalhães Neto - Na reunião de ontem, com ele, em momento algum eu notei qualquer tipo de ameaça, foi num tom bastante sereno. A imprensa está falando coisas hoje que sequer foram ditas na reunião. Nenhum de nós aceitaria ser ameaçado. Te digo com muitíssima tranquilidade que absolutamente toda a direção partidária está absolutamente em paz para tomar as posições que terão que ser tomadas. Nós tivemos coragem de enfrentar o presidente da República...
Terra Magazine - O senador Agripino disse que o principal é impedir que acusações sobre o governador do DF se tornem acusações sobre o partido. Essa será a toada das decisões do DEM?
Antônio Carlos Magalhães Neto - Com certeza. Não tenha dúvidas, até porque o partido não tem nenhuma obrigação de assumir a defesa do governador. O que temos é que garantir o direito dele se defender, mas não assumir a defesa que é um problema dele. Nós adotaremos todas as providências para mostrar que reagimos diferente de todos os demais partidos no Brasil.
Terra Magazine - E o que isso significa?
Antônio Carlos Magalhães Neto - Nós faremos uma reunião. Decidiremos.
Terra Magazine - O senhor acredita que falta alguma evidência?
Antônio Carlos Magalhães Neto - Não sei se faltam evidências, mas ainda falta cumprir o estatuto do partido. Não cabe dizer se falta evidência, o que precisa é seguir o rito interno que assegura o direito de defesa.
Terra Magazine - O PT comemora. Quando teve o mensalão do governo, o DEM foi um partido bastante crítico e que se posicionou...
Antônio Carlos Magalhães Neto - Mas é diferente, primeiro, eu não considero que existam elementos para se concluir que isso é um mensalão. Em segundo, esse é um problema localizado numa unidade da Federação. O problema do PT era um problema do país, um problema do partido todo, nacionalmente, que permeava toda a direção partidária, que derrubou o primeiro escalão do governo, o primeiro time do presidente. O que estamos discutindo agora é uma situação que alcança uma liderança do partido e não o partido todo. O partido nacional não tem nenhuma responsabilidade sobre isso. Não dá para traçar nenhuma comparação, vamos nos diferenciar do PT e outros, na medida em que tomaremos providências, nós não nos calaremos.
Terra Magazine - O que o senhor acha de o Durval Barbosa ter afirmado que o PSDB tenha participado do esquema? Prejudica a candidatura de 2010? O senhor acredita que, de alguma forma, essa aliança seja abalada?
Antônio Carlos Magalhães Neto - Bobagem. As pessoas têm mania de superlativizar as conseqüências. Não precisamos falar de 2010 agora. Esse é um problema dos DEM, caso se torne um problema de outros partidos, que cada um resolva o seu. Isso não tem nada a ver com a aliança, não abala. Não abala em hipótese alguma.
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