Nasce uma Potência
As naçãos da América do Sul viveram um dia histórico. Com o ingresso da Venezuela no MERCOSUL,
passamos a ser um dos blocos econômicos e geopolíticos mais importantes
do Planeta.
Auto-suficiente em produtos
estratégicos, como proteínas animais e vegetais, bem como em
combustiveis fósseis ou renováveis, só nós temos este privilégio e
precisamos tirar partido dele.
É de se ver que as demais potências
mundiais precisam muito mais de nós do que o inverso. Além disso, possuimos um enorme e florescente mercado interno, graças às políticas
de distribuição de renda praticada por nossos países.
O fudamental, agora, é que os setores
populares assumam o comando do proceso. O MERCOSUL, e a UNASUL, União
das Nações Sulamericanas, são temas importantes demais para serem
pautados por empresários e banqueiros, que, imediatistas e egoístas,
pensam pequeno, sem visão estratégica e de futuro.
É preciso insuflar um Movimento Popular
Nacional que, respeitadas as pecualiaridades de nossas nações,
consolide a união da América do Sul, a Pátria Grande.
Enquanto isso, a mídia apátrida, serva do
Capital Financeiro e atrelada aos intereses estratégicos do
Departamento de Estado, apenas torce o nariz, critica e deplora.
Texto de 29-06-12
Sai o verdadeiro patriota
O lado positivo foi o ingresso na Venezuela no Mercosul
O Congresso Paraguaio era o único que
ainda não havia aprovado a adesão de Caracas ao organismo. Com o
governo de Assunção excluído, a presidenta argentina, Cristina F
Kirchner, anunciou, esta tarde em Mendoza, o ingresso defintivo da
Venezuela no Mercosul. A solenidade oficial de ingresso será no dia 31
de julho, no Rio.
Em meio à Crise Paraguaia, a reunião dos
presidentes do MERCOSUL que se realiza a partir de hoje (29) em Mendoza
(Arg), já causou uma grande baixa na diplomacia brasileira: o pedido de
demissão de Samuel Ribeiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty
ex- ministro de Assuntos Estratégicos [Leia aqui, as razões do pedido de demissão do diplomata].
Guimarães estava exercendo atualmente a
presidência do Alto Comissariado do MERCOSUL e anunciou sua saída por
considerar insatisfatória a posição do Itamaraty na implantação efetiva
do mercado comum e da união política da América do Sul. Na verdade ele é
inspirador e, pode-se dizer, pai da Doutrina Sulamericanista.
O diplomata assumiu o cargo de alto
representante-geral do MERCOSUL em janeiro de 2011, para um mandato de
três anos. Na organização ele desempenhava as funções de articulação
política, formulação de propostas e representação das posições comuns do
bloco.
Nacionalista fervoroso, como Ministro de
Assuntos Estratégicos no segundo mandato do presidente Lula, ele
denunciou as pressões internacionais sobre a Amazônia e destacou o
perigo representado pela instalação de bases militares americanas na
Colômbia.
Além disso, propôs a criação (tese sempre
defendida por este blog) de estatais de grande porte, para defender e
administrar os recurso naturais estratégicos da região, a começar pela
própria floresta.
Apátrida, subordinada ao Capital
Financeiro e atrelada aos interesses estratégicos do Departamento de
Estado, a mídia brasileira desfoca deliberadamente o noticiário e toca
apenas de leve nas questões que levaram Pinheiro Guimarães à renúncia.
Vale lembrar que, como secretário-geral do
Itamaraty, no primeiro mandato do presidente Lula, sendo chanceler o
embaixador Celso Amorim, foi Pinheiro Guimarães quem forneceu a base
teórica e os instrumentos técnicos e diplomáticos para a grande
inflexão à esquerda dada pelo Brasil e pela Argentina. A partir desse
ponto, a contestação da hegemonia norte-americana passou a ser a tônica
de nossas diplomacias.
Até então, o que se discutia era a adesão
dos países do Continente à ALCA, um mercado comum gigantesco,
controlado pelos EUA e que se estenderia do Alasca à Patagônia. Seria o
fim do MERCOSUL e do sonho de união sulamericana.
Patriota X Patriota
Com a histórica decisão dos presidentes
Lula e Néstor Kirchner de abandonar as negociações com a ALCA em 2005,
inaugurou-se uma nova fase geopolítica no Continente. Hoje a influência
norte-americana se limita ao Chile e à Colômbia e, mesmo nesses dois
casos, de forma diluída. Nesse sentido, o governo golpista do Paraguai
simboliza uma tentativa de volta ao passado hegemônico dos EUA. E sob
esse prisma deve ser analisado.
Entretanto, é notória a inapetência do
atual chanceler brasileiro, Antônio Patriota, em relação à unificação
sulamericana. Como diplomata frio e competente, ele cumpre honestamente
sua tarefa, mas lhe falta, como já comentamos neste blog, a empolgação,
a emoção do empenho de uma missão o que só ocorre quando temos noção de
sua importância e de sua oportunidade histórica.
Nosso atual chanceler passa ao largo de
tudo isso, bem ao contrário de seu antecessor Celso Amorim e de Pinheiro Guimarães que agora renuncia justamente para denunciar toda
essa frieza.
E seria ingenuidade não supor que a
posição de Patriota reflete de algum modo a sensibilidade da presidenta
Dilma em relação ao tema. Parece óbvio que ela não tem, como Lula,
uma visão estratégica e engajada sobre esta questão central: a União
Sulamericana.
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