Mencionado como exemplo de conduta, prefeito de Montes Claros foi detido acusado de desvios na saúde do município
"Começou a sessão histórica", disse deputada Raquel Muniz antes de votar por impeachment |
Na manhã desta segunda-feira (18), um dia após ser elogiado por sua mulher na votação do impeachment no plenário da Câmara, o prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Adriano Borges Muniz (PSB) foi preso pela Polícia Federal junto com a secretária de saúde do município, Ana Paula Nascimento. As detenções ocorreram dentro da operação Máscara da Sanidade II - Sabotadores da Saúde, que investiga fraudes para favorecer hospitais privados ligados ao prefeito.
A deputada Raquel Muniz (PSD-MG) citou o marido ao proferir seu voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito, o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão", afirmou a deputada durante a votação que, com 367 votos, autorizou a continuidade do processo de afastamento da petista. “Meu voto é pelo Brasil”, concluiu a parlamentar.
Menos de 24 horas depois da menção, Ruy Muniz foi preso pela PF na capital federal. Segundo as investigações, o grupo do prefeito teria atuado para inviabilizar os hospitais públicos da cidade. Somente em outubro de 2015, segundo a Polícia Federal, o grupo do prefeito retirou cerca de 26 mil consultas especializadas e 11 mil exames dos hospitais públicos municipais.
Em contrapartida, o hospital privado gerido pela família da deputada que diz querer "melhorar" o país teria sido beneficiado com os procedimentos retirados da rede pública. Além disso, de julho de 2015 até agora, Ruy Muniz se aproveitou do cargo e utilizou verba pública para promover nos principais veículos de comunicação regionais "uma ampla e intensa campanha difamatória contra os hospitais públicos e filantrópicos 'concorrentes', inclusive lançando mão de dados e informações falsas", diz a nota da Polícia Federal.
Ao todo, foram expedidos oito mandados judiciais pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região: quatro de busca e apreensão, dois de busca pessoal, além de dois de prisão preventiva.
O prefeito e a secretária de Saúde já são alvo de denúncia no TRF1 e devem responder pelos crimes de falsidade ideológica, dispensa indevida de licitação, estelionato, prevaricação e peculato (desvio de dinheiro). Se condenados, podem pegar mais de 30 anos de prisão. Procurada, a prefeitura de Montes Claros informou que vai divulgar nota ainda na tarde desta segunda (18).
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