O Jeito LULA de Governar

Estou de mudança e, arrumando meus cacarecos (entre os quais os meus livros), re-encontro As Veias Abertas da América Latina, do grande Eduardo Galeano. Folheio daqui... Folheio dali... Releio grifos de leituras passadas. Não me demoro neste passear por folhas dantes devoradas por uma leitura ao mesmo tempo prazeroza e cáustica. Não me demoro, pois as outras obras precisam de seu lugar na estante.

Curiosamente, a obra de Eduardo Galeano continua ali, como se não quisesse ser posta antes de ser revisitada uma vez mais (vistei, revisitei e rerevisitei... rsrs). Atendo ao seu clamor abscôndito e a deixo para pô-la depois no seu devido compartimento.

Findo o exaustivo serviço de acomodar os meus livros na leal estante, volto a manusear o trabalho de Galeano. Eis que me sacio com o que procurava inconscientemente: "...Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez..." (Proclamação insurrecional da Junta Tuitiva na cidade de La Paz, em 16 de julho de 1809). Esta epígrafe me trouxe à realidade hodierna e, mais precisamente, à realidade brasileira. O que é este país, HOJE, sob o comando do presidente LULA? É um país que guarda um silêncio bastante parecido com a estupidez diante da necessidade de inclusão e justiça social, cidadania, respeito diplomático e crescimento econômico ("...como nunca houve neste país!")?!?!

Não, claro que não. O Brasil é, HOJE, a atitude de um homem. Um homem que se insurgiu contra o status quo e elegeu prioridades no seu papel de governante. Um homem que rompeu o silêncio que beira a estupidez e, com suas ações, gritou que o Brasil é dos Brasileiros e a America Latina, dos Latino-americanos!

Não. Ele não é da Sorbone, não tem curso superior e veio "das brenhas". Ele é "CARA" do qual falou, certa vez, Barack Obama e a imprensa corporativa (PIG) debochou. Ele é o "CARA" do qual voltou a falar o homem mais poderoso do planeta. Acompanhemos trechos do que foi publicado pela AFP:


WASHINGTON, EUA (AFP) — A atual relação dos Estados Unidos com o Chile e outros países, como o Brasil, representa um modelo de aliança para o restante da América Latina, declarou nesta terça-feira o presidente Barack Obama em entrevista à imprensa, antes de um encontro com a presidente Michelle Bachelet.

"Nossa relação com o Chile, um país que, no entanto, não concorda com todos os pontos da política externa americana, é de respeito", declarou Obama.

"É isso que queremos: uma aliança, sem que os Estados Unidos precisem ditar ao Chile como deve defender os próprios interesses", acrescentou.

"O mesmo acontece com o Brasil, por exemplo", explicou.

Bachelet realiza desde segunda-feira visita oficial a Washington marcada, hoje, por um almoço com o presidente dos Estados Unidos.

Trata-se da segunda visita de um líder latino-americano à Casa Branca, depois da viagem do brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva em março.

"O Chile soube administrar a recessão, enfrentando-a muito bem, em parte graças aos recursos economizados", disse. "É uma grande lição para os Estados Unidos", refletiu.

Com presidentes como Bachelet e Lula "podemos mostrar aos demais países que a democracia, o respeito à propriedade privada, o império da lei (...) não é só uma agenda americana, mas uma maneira inteligente de melhorar a prosperidade para os próprios povos", concluiu Obama.

Segundo Obama, "o presidente Lula tem uma orientação política muito diferente da maioria dos americanos; surgiu do movimento sindical e era visto como um forte esquerdista."

"Acontece que, apesar de manter relações com toda a América Latina, realizou todos os tipos de reformas de mercado inteligentes que fizeram o Brasil prosperar", insistiu o presidente americano.

Que relação há entre arrumar cacarecos, manusear a obra de Galeano e o reconhecimento de que LULA é o CARA? Tudo... Pois ele encarna o rompimento de um silêncio bastante parecido com a estupidez... E mostra que a America Latina e, particularmente, o BRASIL, não é quintal de Águia nenhuma!