sábado, 22 de agosto de 2009

Jornal do Commercio: vergonha de Pernambuco (II)




MÍDIA CORPORATIVA
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Capa do JC (20/08/2009)

O grande blog Cachete* publicou a resposta a um e-mail enviado ao editor de capa do JC. Li e tomei a liberdade de postá-la e tecer algumas considerações sobre a dita-cuja.


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Resposta do Sr. Otávio Toscano:


Sr. Giovani,


Ontem não pude responder a e-mails, resolvendo outros problemas. Em relação à manchete o que posso dizer é que na primeira página precisamos resumir os assuntos mais importantes. No caso, toda a novela envolvendo o presidente do Senado é o que realmente havia de interesse maior para o grande público. Quando foi feito um "acordão" no Senado para absolver Sarney e Virgilio, foi destacado na capa. Mas no caso de quarta-feira, o grande assunto era mesmo Sarney e a pressão do Planalto para absolvê-lo. Virgilio, no caso, passou a ser mero coadjuvante. Claro que, nas páginas internas, a absolvição dele foi totalmente noticiada e esclarecida. Mas, para efeito de capa, ele realmente não era a notícia principal.

Otávio Toscano


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Em resposta ao leitor e assinante Giovani de Morais, Otávio Toscano – editor de capa do JC – bem que tentou se explicar. Apenas tentou, pois o seu argumento de que “[...] na primeira página precisamos resumir os assuntos mais importantes. foi desnecessário e pouco esclarecedor, haja vista ser essa uma prática recomendada para atrair o leitor.


O nobre Giovani de Morais não questionou os procedimentos de síntese para a produção de uma manchete, mas o fato de a edição de capa orientar “o grande público” para uma leitura parcial dos fatos envolvendo o Senado Federal. Há de se perguntar:


Como é que “Virgílio, no caso, passou a ser mero coadjuvante.”?


O editor está supondo que os leitores não possuem inteligência, não pensam, não têm acesso a outros canais informativos que divulgam a indecorosa postura de Arthur Virgílio? (sobre o que já se escreveu a respeito do Senador do PSDB**)


O editor está sugerindo aos leitores que se esqueçam do que já se noticiou quanto a esta “novela”, inclusive, no próprio JC? Está tendo a síndrome-FHC na qual se verifica uma premente morbidez em se “apagar o que já fora escrito”?


Por que, em certa edição, o “"acórdão" no Senado para absolver Sarney e Virgilio, foi destacado na capa.” e na de quarta-feira isso não ocorreu? (na verdade, a publicação da tal capa se deu na quinta-feira e não no dia mencionado pelo editor)


A edição, na qual se noticia o “acórdão”, falhou ao fazer menção a um “mero coadjuvante”, como agora o editor denomina o Arthur Virgílio (PSDB-AM)?


Otávio Toscano tenta fazer crer, na resposta enviada ao Giovani de Morais, que, no tocante a Arthur Virgilio, “[...] a absolvição dele foi totalmente noticiada e esclarecida.” Uma simples leitura (página 3) nos dá indícios irrefutáveis de que o tal esclarecimento não existe. Encontram-se lá APENAS três referências ao nome do “mero coadjuvante”: uma no subtítulo “Com os votos de três senadores petistas, Conselho de Ética arquiva os 11 processos contra o presidente da Casa. Tucano Arthur Virgílio também escapa” (parece-me que ele também “escapou” de ser primeira-capa do JC, não foi Otávio Toscano?); e as outras duas no corpo de quatro colunas da matéria.


A mais “substancial” alusão a Virgílio foi esta: “Em seguida, não só com o apoio do PT mas também do PMDB, foi arquivado, em definitivo e por unanimidade, o processo contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). O PMDB foi o autor da representação contra o tucano e, mesmo assim, deu seus três votos para arquivá-la”.


Intriga-me o trecho “[...] foi arquivado, em definitivo e por unanimidade [...]”. O painel informativo, na mesma página, torna claro que seis senadores, dois deles suplentes, votaram contra o arquivamento. Unanimidade não é mais UNANIMIDADE? Ou será que se percebe aqui um novo direcionamento semântico para a referida palavra? Ou será ainda que, de forma cifrada, pode se ler a existência de um jogo de cena neste caso da absolvição? Se verdadeira tal reflexão, por que só o PT é acusado de ter absolvido o coronel do Maranhão (agora persona no grata para a mídia corporativa)?


Ademais, a linha editorial não tem interesse em ser imparcial, pois, do contrário, teria dito aos leitores que dois integrantes do PSDB de Arthur Virgílio votaram contra ele. São eles: Marina Serrano (MS) e Severino Sérgio Estelita Guerra (PE). Interessante, não?!?!


Gostaria de externar o meu sincero e profundo respeito ao profissional Otávio Toscano. Afinal, ele está ali para seguir orientações determinadas por uma esfera hierárquica cuja meta é a imparcialidade e a manipulação política das informações. É sintomático o editor relatar que "Em relação à manchete o que posso dizer [...]". Infelizmente, foi o que ele pôde dizer por obediência ao vínculo empregatício que mantém com o JC, ora denominado JORNALÃO!


* Giovani de Morais (Cachete)


** Sobre Arthur Virgílio, leia as postagens aqui no Terra Brasilis (última seção da barra lateral esquerda)







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