A memória seletiva do jornalista Ricardo Noblat

Roberto Marinho

Fernando Collor

No dia 03/ago/2009, o caro jornalista Ricardo Noblat, acreditando que todas as pessoas são dementes, postou o seguinte em seu blog:

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Collor defende Sarney

Imperdível!!

O senador Fernando Collor (PTB-AL) faz veemente defesa de José Sarney (PMDB-AP). Logo ele que se elegeu presidente em 1989 dizendo as piores coisas a respeito de Sarney.

Ninguém disse sobre um presidente no exercício do cargo o que Collor disse sobre Sarney.

Recordar é viver: quando Collor cobrava de Lula o apoio que Sarney lhe dera (debate na tv; eleição presidencial de 1989). E a defesa que Lula fez há pouco de Sarney (Blog do Noblat).

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Após esta pérola em que se aliam uma demente reminiscência e o uso do surrado jargão "Recordar é viver", o nobre jornalista posta um vídeo.

Qual o seu propósito?

Segundo minha leitura (que pode ser equivocada e isso não me constrange, pois posso rever meus passos com dignidade sempre que necessário, mas não o farei nunca por obscuras conveniências, como faz a GLOBO* do Noblat), há indícios explícitos de expor o contraditório de figuras que hoje estão no poder (aliados ao governo do presidente LULA ou com ele simpatizando de alguma forma) e que, em certos momentos da história política brasileira, já estiveram em campos opostos a se digladiarem: Collor X LULA; Collor X Sarney; LULA X Sarney...

O jornalista não traz, em suas reminiscências (!?), o apoio desleal da GLOBO em favor de Collor nos idos de 1989. Vinte anos se passaram e o Ricardo Noblat bem que deveria ler o trabalho de Juliana Martarello Ribeiro e de Márcia M. C. M. Fantinati (AQUI) para se lembrar, por exemplo, de que:

1. a Rede Globo, usando seu poder de influência, colaborou com a candidatura de Fernando Collor de modo descaradamente parcial;
2. o último debate entre Collor e LULA foi editado pela emissora e levado ao ar às vésperas da eleição;
3. o tempo maior dado a Collor incutiu na cabeça do telespectador a ideia de que LULA se dera mal no debate e, por conseguinte, incompetente para ser presidente do Brasil (a história está dizendo o contrário: LULA é mais competente dos que os que respiram os ares acadêmicos, Noblat);
4. a eleição terminara com uma pequena diferença em favor de Collor. Isso aponta para o papel manipulador da Globo naquele episódio.

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O fato é que Noblat dá crédito à sua reflexão e a torna pública, aparando a sua própria contradição e parcialidade quanto aos apoios por LULA recebidos. O jornalista, em sua proposital miopia (ele já cometera um proposital equívoco, ao revelar fatos inverídicos sobre a suposta insensibilidade do presidente LULA no episódio do acidente aéreo ocorrido em Fernando de Noronha), esquece-se de que LULA, para governar, não poderia deixar de ter alguns apoios que hoje tem. A estrutura política viciada que reina no Brasil não permite voos mais altos e, ainda assim, o atual presidente mudou com coragem, determinação e vontade política a agenda em benefício da imensa maioria do povo brasileiro (Noblat: dê uma olhadinha nas pesquisas sobre a popularidade de LULA e tome um elixir para a memória... Aqui no Nordeste tem algumas "prantas medicinal" para desmiolados... de vez em quando é bom!).

* Além da Globo, a VEJA, a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo (leia postagem de hoje no Estadão) beneficiaram o "Caçador de Marajás" em 1989 e dele foram cúmplices e do governo dele se beneficiaram.