quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CPI do MST: Quem são os inimigos do povo





A lista dos 185 deputados que assinaram o requerimento da CPI do Campo (a investigação que a direita quer impor ao MST) é instrutiva sobre o tamanho da direita na Câmara dos Deputados e demonstra quais são os partidos que, contra o povo, defendem os velhos privilégios da elite e os interesses dos setores mais conservadores da classe dominante.

Um levantamento publicado por este portal revela que 117 daqueles deputados estão no campo da oposição e 68 são da base do governo, entre eles o PMDB, o PDT e o PR; são parlamentares da bancada ruralista, representantes do agronegócio e do latifúndio que resistem contra qualquer projeto de reforma agrária e usam todos os recursos para criminalizar a luta dos trabalhadores rurais por um pedaço de terra.

O embate que se trava na Câmara dos Deputados é instrutivo porque joga por terra os argumentos conservadores de que estaria superada a polarização entre direita e esquerda. Este engano é desmascarado quando, no embate contra os trabalhadores, os campos ficam mais nítidos, acentuando a resistência conservadora contra qualquer mudança que prejudique os privilégios dominantes. Deste ponto de vista a lista dos signatários da CPI do MST não deixa dúvidas. O porcentual dos deputados que assinaram aquele documento pode ser encarado como um indicador do caráter mais ou menos conservador, e direitista, de cada partido.

Os campeões são o PPS com 100% de sua bancada de 13 deputados, o PSDB (99% de seus 56 deputados) e o DEM (88% dos 56 parlamentares que tem). Partidos como PP, PR, PSC, PTB e PV tem entre 13% e 39% de suas bancadas entre os deputados que querem criminalizar o MST. São acompanhados por um conjunto de pequenos partidos (PHS, PTC, PRB), que oscilam entre 13% e 50% de suas bancadas. Estão na rabeira dessa lista de defensores do latifúndio o PDT (com 10% da bancada) e o PMDB (com 9%).

Os anos de predomínio neoliberal no Brasil definiram uma nova direita, formada por forças que participaram da luta contra a ditadura militar de 1964 e que, depois, abandonaram o campo progressista para dar um ar de suposta modernidade ao campo conservador.

Hoje estas forças estão principalmente no PSDB e no PPS, partidos em torno do qual se articula a direita que se apresenta mascarada de nova, aliada a velhos oligarcas que deram as cartas durante a ditadura militar de 1964, e que hoje estão no DEM.

Este pólo polariza em torno de si um conjunto de parlamentares de outras legendas, mas em percentuais significativamente inferiores à maciça adesão das bancadas nucleares do PSDB, PPS e DEM à resistência contra a reforma agrária. E é significativo que sua força de atração sobre a bancada de partidos grandes, como o PDT e o PMDB (maior partido na Câmara) é muito pequena, não passando de 10% de seus membros.

Além desta radiografia do espectro político, a análise do posicionamento das bancadas em relação à luta pela reforma agrária permite entrever mais duas coisas. Primeiro, a força que a direita tem no Congresso brasileiro, que não é pequena; depois, a complexidade desse quadro político em que a direita consegue atrair parte minoritária dos mandatários de partidos do centro do leque político, sinalizando que a outra parte, majoritária, pode se alinhar com projetos mais progressistas e favoráveis ao povo brasileiro. Editorial do Portal Vermelho.


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