Depois de fazer história elegendo seu primeiro governo progressista em 2004, os uruguaios devem continuar avançando à esquerda a partir deste domingo (25). O governista José "Pepe" Mujica, um ex-guerrilheiro, deve ser eleito o próximo presidente do país se as pesquisas estiverem certas. Apesar do passado radical, em que militou pela organização Tupamaros que combatia a ditadura militar no país (1973-1985), os analistas não veem grandes mudanças no horizonte, a não ser no palavrório político do candidato: Mujica é conhecido pelas frases picantes e por não ter papas na língua.
Com o lema "Pepe - do jeito que é", o atual senador Mujica, 74 anos, resolveu deixar a vida quase pacata que leva com a mulher e dois cachorros num sítio nos arredores da capital Montevidéu para concorrer ao cargo número um do país. Nas primárias da coalizão Frente Ampla, do atual presidente Tabaré Vásquez, ele desbancou o ex-ministro da economia e seu candidato a vice, Danilo Astori. Sua principal proposta é melhorar as políticas sociais para fazer o país de 3,5 milhões de habitantes (pouco mais que a região metropolitana de Curitiba) voltar aos tempos em que era conhecido como a "Suiça das Américas".
Na última pesquisa (18 de outubro), do instituto Cifra, Mujica aparece com 49% das intenções. O ex-presidente conservador Alberto Lacalle (Partido Nacional) está com 32% e Pedro Bordaberry (Partido Colorado), filho de um antigo ditador, tem 14%. Para ganhar no primeiro turno é preciso ultrapassar 50% da votação. Portanto, é possível que os uruguaios conheçam seu presidente só após um segundo turno.
Mujica tenta também se aproveitar da avaliação positiva de Tabaré Vázquez para se eleger. O atual presidente deixa o cargo com 64% de popularidade, o desemprego está em baixa, e o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas pelo país) uruguaio cresceu quase de 30% durante seu mandato. Neste ano de crise, deve crescer pouco mais de 1%.
Uruguai precisa modernizar economia
Para o professor Tullo Vigevani, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), "o principal desafio para o Uruguai é modernizar sua economia".
- O país precisa se integrar plenamente ao Mercosul [bloco econômico composto ainda por Brasil, Argentina e Paraguai] e precisa renovar sua indústria. O país tem competitividade na produção agrícola, de leite, carne e arroz, mas tem problemas como o envelhecimento da população e o grande número de jovens uruguaios que vão viver no exterior.
Nenhum dos três candidatos é contrário ao Mercosul, mas os uruguaios sabem que é preciso reformá-lo. O bloco hoje vive em função de Brasil e Argentina, países dos quais o Uruguai é bastante dependente. Assim como os paraguaios, eles querem um sistema de compensação para as economias pequenas no Mercosul.
Os problemas do Uruguai são relativamente pequenos se comparados aos de seus vizinhos sul-americanos. O país tem um sistema de educação considerado bom e recentemente se tornou o primeiro país do mundo a distribuir um computador portátil para cada um de seus estudantes. Apesar da situação razoável, o país está distante dos tempos da bonança até a segunda metade do século 20.
Para a cientista política Fernanda Boidi, da Universidade de Montevidéu, o desafio também é político. Quem quer que ganhe a eleição não terá maioria folgada no Congresso, como acontece com o atual presidente, que conseguiu aprovar medidas polêmicas como a união civil gay. (Portal R7)
Com o lema "Pepe - do jeito que é", o atual senador Mujica, 74 anos, resolveu deixar a vida quase pacata que leva com a mulher e dois cachorros num sítio nos arredores da capital Montevidéu para concorrer ao cargo número um do país. Nas primárias da coalizão Frente Ampla, do atual presidente Tabaré Vásquez, ele desbancou o ex-ministro da economia e seu candidato a vice, Danilo Astori. Sua principal proposta é melhorar as políticas sociais para fazer o país de 3,5 milhões de habitantes (pouco mais que a região metropolitana de Curitiba) voltar aos tempos em que era conhecido como a "Suiça das Américas".
Na última pesquisa (18 de outubro), do instituto Cifra, Mujica aparece com 49% das intenções. O ex-presidente conservador Alberto Lacalle (Partido Nacional) está com 32% e Pedro Bordaberry (Partido Colorado), filho de um antigo ditador, tem 14%. Para ganhar no primeiro turno é preciso ultrapassar 50% da votação. Portanto, é possível que os uruguaios conheçam seu presidente só após um segundo turno.
Mujica tenta também se aproveitar da avaliação positiva de Tabaré Vázquez para se eleger. O atual presidente deixa o cargo com 64% de popularidade, o desemprego está em baixa, e o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas pelo país) uruguaio cresceu quase de 30% durante seu mandato. Neste ano de crise, deve crescer pouco mais de 1%.
Uruguai precisa modernizar economia
Para o professor Tullo Vigevani, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), "o principal desafio para o Uruguai é modernizar sua economia".
- O país precisa se integrar plenamente ao Mercosul [bloco econômico composto ainda por Brasil, Argentina e Paraguai] e precisa renovar sua indústria. O país tem competitividade na produção agrícola, de leite, carne e arroz, mas tem problemas como o envelhecimento da população e o grande número de jovens uruguaios que vão viver no exterior.
Nenhum dos três candidatos é contrário ao Mercosul, mas os uruguaios sabem que é preciso reformá-lo. O bloco hoje vive em função de Brasil e Argentina, países dos quais o Uruguai é bastante dependente. Assim como os paraguaios, eles querem um sistema de compensação para as economias pequenas no Mercosul.
Os problemas do Uruguai são relativamente pequenos se comparados aos de seus vizinhos sul-americanos. O país tem um sistema de educação considerado bom e recentemente se tornou o primeiro país do mundo a distribuir um computador portátil para cada um de seus estudantes. Apesar da situação razoável, o país está distante dos tempos da bonança até a segunda metade do século 20.
Para a cientista política Fernanda Boidi, da Universidade de Montevidéu, o desafio também é político. Quem quer que ganhe a eleição não terá maioria folgada no Congresso, como acontece com o atual presidente, que conseguiu aprovar medidas polêmicas como a união civil gay. (Portal R7)
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