Buenos Aires, 3 out (EFE).- A imprensa esportiva argentina destacou hoje a vitória do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o crescimento do Brasil e as diferenças entre sua candidatura e a apresentada por Buenos Aires há 12 anos.
O jornal "Clarín" lembrou que a capital argentina foi candidata à organização dos Jogos de 2004, realizados em Atenas, e que membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) disseram que, à época, o projeto não foi bem-sucedido por diversas carências.
"Faltaram a Buenos Aires dirigentes nos mais altos níveis internacionais, peso em infraestrutura esportiva e urbana, experiência na organização de eventos esportivos de primeiro nível, bons resultados nos Jogos Olímpicos e um apoio estatal adequado para os atletas", comentou a publicação.
"Se a estes aspectos que persistem até hoje somarmos um espírito olímpico nulo da população (fator-chave para vencer), por que insistem na fantasia da Buenos Aires olímpica? Por que melhor não começar a aproveitar com os Jogos de 2016, que serão feitos aqui perto? E, ainda mais, por que não deixar de olhar o próprio umbigo para aprender com o crescimento do vizinho poderoso?", completou.
"Bem organizados, estes Jogos podem ser base para o desenvolvimento social de uma cidade, mudar a mentalidade de um povo pobre e fazer com que eles possam fazer em casa aquilo que obrigatoriamente só podiam ver pela televisão", apontou o "La Nación".
"Nos últimos anos, a economia brasileira cresceu até o ponto de localizar ao país entre os dez de maior produção do planeta. Estima-se que serão investidos mais de US$ 14 bilhões de dólares para Rio 2016. O financiamento é algo que não parece correr risco", acrescentou.
O jornal aponta que, sobre segurança, "tristemente" há provas de que não se pode garantir nada em nenhum lugar do mundo "Todos sofremos com isso, ricos e pobres".
"Como argentinos, podemos sentir certo receio porque estes rivais próximos (esportivamente falando, claro) acabam de obter algo que nós seguimos vendo como utópico. Como sul-americanos, temos que celebrar esta oportunidade. Que seja bem-vinda", afirmou.
O "Olé", maior publicação esportiva da Argentina, aponta que quando Buenos Aires foi candidata, em 1997, o dirigente alemão Thomas Bach disse a seus representantes: "Vocês têm um maravilhoso projeto. Quando construírem os estádios que prometem, terão os Jogos Olímpicos".
"O Brasil aprendeu com os erros e suas apostas para a Copa de 2014. E fez da aposta olímpica uma política de estado, e investindo tempo e recursos", apontou o jornal.
"Além dos desajustes financeiros (custaram 12 vezes mais que o orçado), os Jogos Pan-Americanos de 2007 deixaram prontas mais da metade das instalações", apontou.
"O Mundial de futebol dará ao país 'know-how' para grandes eventos, o débito mais preocupante da indústria esportiva brasileira. Com dirigentes políticos comprometidos (o emotivo discurso de Lula soube apelar à unidade regional) e fundos suficientes (preveem uma despesa mínima de US$ 14 bilhões), eles têm muitas razões para festejar", publicou o "Olé".
"Um abismo separa o Brasil da Argentina" foi a manchete do jornal "Crítica", ressaltando que lá o esporte é uma "questão de Estado" e há um Ministério responsável por isso.
"Na Argentina não, existe apenas uma secretaria com um orçamento testemunhal, de US$ 33 milhões, dos quais apenas 11 são para o alto rendimento", disse.
"O Brasil, que entendeu que os Jogos Olímpicos transcendem o esportivo e são um símbolo geopolítico do mundo moderno (A China interpretou isso à perfeição ano passado), deu o golpe de misericórdia, com Lula à frente, que confirma a nação como líder regional cada vez mais distanciado", afirma.
"A política brasileira foi um planejamento esportivo e estatal: em 2002 organizou os Jogos da Odesur que a Argentina tinha rejeitado pela crise do ano anterior, em 2007 fez um magnífico Pan, em 2014 terá o Mundial e em 2016, a Olimpíada". EFE. (grifos da editoria Terra Brasilis).
(AQUI)
Nenhum comentário:
Postar um comentário