sábado, 19 de dezembro de 2009

Estratégias de manipulação, segundo Noam Chomsky

Do Congresso em Foco

“A maioria da publicidade dirigida ao grande público usa discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse criança ou deficiente mental”

Mais estratégias e técnicas usadas pelas elites para a manipulação da opinião pública e da sociedade, sempre segundo Noam Chomsky (foto):

A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO

Outra maneira de impor uma decisão impopular é apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública para aplicação futura. Naturalmente é mais fácil aceitar um sacrifício futuro, até porque o esforço não é feito imediatamente. Depois, porque o público tende a esperar ingenuamente que “tudo vai melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Enfim, isto dá tempo ao público para acostumar-se com a mudança e aceitá-la com resignação quando chegar a hora;

DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS

A maioria da publicidade dirigida ao grande público usa discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse criança ou deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom idiotizante. Por quê? Em razão da sugestionabilidade, este tenderá a dar uma resposta ou apresentar uma reação desprovida de sentido critico;

USAR O ASPECTO EMOCIONAL MAIS DO QUE A REFLEXÃO

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional, e por fim ao sentido crítico dos indivíduos. Além do mais, o uso do registro emocional permite abrir o acesso ao inconsciente para implantar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.

MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE

Fazer como que se o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua servidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre o possível, de forma que a distância entre classes inferiores e superiores permaneça a maior possível.
CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS
Nos últimos 50 anos, os avanços da tecnociência geraram uma enorme defasagem entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e usados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” detém um conhecimento avançado do ser humano, isto é, pode conhecer melhor o individuo comum do que ele mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, que o sistema exerce um controle maior sobre os indivíduos.

REFORÇAR A REVOLTA PELA CULPABILIDADE

Fazer o indivíduo acreditar que ele é o único culpado pela própria desgraça devido à limitação da sua inteligência, capacidades ou esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo culpa a si mesmo, gerando um estado depressivo cujo efeito imediato é a inibição da ação. E sem ação, não há revolução!

*A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa (2002 – Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II – Obra Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria, Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda Casabranca e Hell’s Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell’s Angel está também entre os 100 Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, é pesquisadora de literatura, jornalista e curadora de Literatura da Biblioteca Sérgio Milliet em São Paulo.

(Congresso em Foco, via O Outro Lado da Notícia)

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