Inscrições bíblicas em armas usadas por EUA causam polêmica
As inscrições estão codificadas e se referem, por exemplo, a versos do livro de João (com os dizeres "JN8:12") e no 2 Coríntios ("2COR4:6").
A Military Religious Freedom Foundation (MRFF), dos Estados Unidos, disse ter descoberto o caso através de uma denúncia por email, provavelmente vinda de um soldado muçulmano do Exército americano.
A Trijicon, fabricante de armas americanas e uma das maiores fornecedoras do Departamento de Defesa, disse que as referências bíblicas já são gravadas há anos nas miras. A empresa foi fundada por um cristão devoto que afirma administrá-la "sob padrões bíblicos".
Repercussão
Mas autoridades militares nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha manifestaram sua preocupação com a maneira como o fato pode repercutir.
Um representante do Corpo de Fuzileiros Navais americanos disse à BBC que haverá uma reunião entre o grupo e a direção da Trijicon para "discutir futuras aquisições de miras".
O Exército dos Estados Unidos afirmou que está examinando se houve violações de políticas internas, enquanto um porta-voz do Ministério da Defesa britânico reconheceu, em entrevista à BBC, que as referências à Bíblia podem provocar ofensas.
O representante do Ministério disse ainda que "na época da compra (de 480 miras do modelo Acog), não sabia que essas marcas tinham um significado amplo".
As miras desse modelo são usadas em rifles Sharpshooter, que serão usados por tropas britânicas no Afeganistão até o final do ano.
Propaganda inimiga
As inscrições são sutis e aparecem em relevo no final do número de série das miras.
O versículo João 8:12 diz: "Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: 'Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida'".
Já a inscrição sobre o livro dos Coríntios se refere aos dizeres: "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo".
Para Mikey Weinstein, presidente do MRFF, as inscrições podem dar ao Talebã e a outras forças inimigas uma ferramenta para propaganda de seus ideais.
"Não preciso me perguntar nem por um nanosegundo como os americanos reagiriam se citações do Alcorão estivessem inscritas nessas armas em vez de referências ao Novo Testamento", afirmou.
Em 2009, o Ministério da Defesa americano assinou um contrato de compra dos produtos da Trijicon, na ordem de US$ 66 milhões.
Fonte: BBC Brasil
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