CRISE HIPERTENSIVA FAZ LULA DESISTIR DE DAVOS
Às 23h45 de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu entrada na emergência do Hospital Real Português - instantes depois de ter sentido um forte mal-estar quando já estava dentro do avião, com as portas trancadas, na Base Aérea do Recife, pronto para seguir viagem rumo à Suíça. Foram mais de duas horas sem informações oficiais sobre o estado de saúde de Lula - que, durante o intenso dia de compromissos no estado, chegou a se queixar várias vezes de dores no peito.
Um forte esquema de segurança foi montado durante a madrugada em frente ao hospital, localizado na Avenida Agamenon Magalhões, no Derby - criando um estado de alerta e uma onda de informações desencontradas na cidade. Só à 1h45, o ministro de Comunicação Social Franklin Martins explicou que o presidente teve uma crise hipertensiva, com pico de pressão arterial de 18 por 12. Levado às pressas para o hospital, foi submetido aum check-up e aconselhado pelo médico presidencial, Cléber Ferreira, a passar à noite internado no Português - cancelando assim sua ida para Davos, onde receberia o título inédito de Estadista Global.
Lula foi submetido a um raio x do tórax, um eletrocardiograma e um exame de sangue. De acordo com o médico, os resultados foram normais. Ainda assim, ele concluiu que o presidente não tinha condições de embarcar para a Europa - já que apresentava um quadro de saúde atípico (a pressão normal dele é de 11 por 8). Além da crise hipertensiva, o governante ainda apresentava sintomas de uma recente gripe mal curada. O voo de dez horas de duração, na noite de ontem, sairia do Recife para Zurique, onde ele dormiria, antes de seguir viagem (de trem ou helicóptero) para Davos. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, representará Lula na histórica homenagem que receberia no Fórum Econômico Mundial em Davos. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ficou no Recife, assim como a maior parte da comitiva.
Antes da internação, durante a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento de Paulista, Lula chegou a dizer que "dava vontade de ficar doente" e fazia planos para a viagem: "Vou lá para dizer o que eu fiz. E para dizer para eles que é possível, na África e na América Latina, fazer igual. Para dizer para eles que os países ricos precisam criar vergonha e ajudar a salvar países como o Haiti, que não podem ser vítimas do descaso que estão sendo. Então, eu vou lá agora para dizer: 'eu fiz, é possível fazer e nós poderemos fazer no mundo inteiro'", discursou, sob um forte calor. Várias pessoas que assistiam o seu discurso passaram mal e foram atendidas na UPA.
Foi justamente a pesada agenda de compromissos na Região Metropolitana do Recife que teria provocado a crise hipertensa, diretamente relacionada ao estresse. Foi isto que informou o médico Cléber Ferreira. Depois de fazer todos os exames, o presidente foi para o quarto no 13º andar - onde passou o restante da madrugada. "O 13 é o número do PT", brincou Franklin Martins, no final da entrevista coletiva, que durou menos de dez minutos.
A previsão inicial é de que o presidente Lula permaneça no hospital até as 9h ou 10h, para que possa embarcar de volta para Brasília. Na madrugada, a pressão dele já estava em 13 por 8. Antes de inaugurar a UPA, Lula assinou o decreto de criação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE Suape), na Base Aérea do Recife. À noite, participou da cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, e jantou no Palácio do Campo das Princesas.
Frases
"Alguns, com o único objetivo de tentar prejudicar meu governo, derrotaram, em dezembro de 2008, a CPMF, que ajudava a pagar a saúde. Não conheço nenhum empresário que baixou um centavo no preço do seu produto depois que caiu a CPMF".
Presidente Lula
"Essa gente precisa aprender que o povo cansou da politicalha, daquele político que não quer que venha dinheiro para seu estado porque quem está governando é seu adversário (...). Na medida em que a classe política briga, a vítima é o povo brasileiro. "
Presidente Lula
"Se Pernambuco tivesse tido no meu primeiro mandato o Eduardo Campos, governando Pernambuco - e olha que dei mais dinheiro para o meu adversário que governava do que o presidente, aliado dele, deu para ele quando os dois governavam. Se Eduardo tivesse participado comigo, certamente, Pernambuco estaria mais avançado do que está hoje. "
Presidente Lula
Fonte: Diário de Pernambuco
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