quarta-feira, 9 de junho de 2010

CINEMA DE PAPEL

Por Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil

O cinema deve muito à literatura. Desde os primórdios, filmes aprenderam a contar histórias com base na estrutura narrativa de romances, contos e peças teatrais. Além disso, obras literárias se transformaram em manancial inesgotável de argumentos. Na dúvida sobre qual filme produzir, basta visitar uma biblioteca ou uma livraria.

Na lista abaixo, que seleciona dez entre as milhares de adaptações literárias já realizadas pelo cinema, destacam-se exemplos muito distintos de como fazer um livro chegar à tela -- desde abordagens mais respeitosas, mais próximas da caracterização de personagens e da ação do original, até intervenções mais drásticas e autorais.

Confira os filmes:

10 - "Onde os Fracos Não Têm Vez" (No Country for Old Men, 2007)


O filme dos irmãos Coen é um exemplo de releitura contemporânea da literatura, combinando o espírito do romance homônimo do norte-americano Cormac McCarthy com referências cinematográficas, sobretudo à tradição do faroeste, do policial e do filme de terror (na pele do assassino serial interpretado pelo espanhol Javier Bardem).



9 - "Os Vivos e os Mortos" (The Dead, 1987)


O conto extraordinário que encerra o livro "Dublinenses", do irlandês James Joyce (1882-1941), foi adaptado de modo pungente pela família Huston no derradeiro longa-metragem dirigido por John (1906-1987). Seu filho Tony assina o roteiro (indicado ao Oscar) e sua filha Anjelica faz o papel principal.



8 - "Apocalypse Now" (Apocalypse Now, 1979)


O roteirista John Milius escreveu no final dos anos 60 uma primeira versão do romance "O Coração das Trevas", do britânico Joseph Conrad (1857-1924), que seria dirigida por George Lucas no Vietnã ainda em guerra. Suspenso em função do risco, o projeto foi retomado no fim do conflito por Francis Coppola.



7 - "Trainspotting" (Trainspotting, 1996)


O inglês Danny Boyle ("Quem Quer Ser um Milionário? ") adquiriu prestígio internacional com seu segundo longa, adaptado pelo escocês John Hodge do romance do também escocês Irvine Welsh, sobre jovens de Edimburgo. O autor teria exigido apenas uma abordagem distante da semidocumental. Assim foi feito.



6 - "Cidade de Deus" (2002)

O roteirista Bráulio Mantovani obteve uma indicação ao Oscar por sua adaptação do livro de Paulo Lins. O filme -- dirigido por Fernando Meirelles, também indicado ao Oscar -- nasceu desse trabalho notável de garimpagem, que reorganiza personagens e situações da Cidade de Deus ao longo de duas décadas.



5 - "O Conformista" (Il Conformista, 1970)


Poeta antes mesmo de ser cineasta, o italiano Bernardo Bertolucci sempre esteve muito próximo da literatura. Neste seu primeiro sucesso internacional, que lhe valeu indicação ao Oscar de roteiro adaptado, ele se baseia em romance de Alberto Moravia (1907-1990) para oferecer sua própria visão do fascismo.



4 - "Rastros de Ódio" (The Searchers, 1956)

Outro caso de apropriação criativa: John Ford (1894-1973), um dos mais importantes diretores na história de Hollywood, buscou no romance de Alan Le May (1899-1964) a ideia-chave que lhe interessava para faroeste clássico em torno de seus temas recorrentes, com John Wayne (1907-1979) como protagonista.



3 - "Laranja Mecânica" (A Clockwork Orange, 1971)

Habituado a adaptar obras literárias e a trabalhar em parceria com escritores no desenvolvimento de argumentos, como Arthur C. Clarke em "2001, uma Odisseia no Espaço", o norte-americano Stanley Kubrick (1928-1999) superou enorme desafio ao transpor para cinema o romance do inglês Anthony Burgess (1917-1993).



2 - "Morte em Veneza" (Morte a Venezia, 1971)


James M. Cain ("Obsessão"), Camillo Boito ("Sedução da Carne"), Dostoiévski ("Noites Brancas"), Giuseppe Di Lampedusa ("O Leopardo"), Albert Camus ("O Estrangeiro") e Gabriele D'Annunzio ("O Inocente") foram adaptados pelo italiano Luchino Visconti (1906-1976), mas a cereja do bolo talvez seja esta versão livre da obra de Thomas Mann (1875-1955).



1 - "O Poderoso Chefão" (The Godfather, 1972)


Nem mesmo a produtora Paramount imaginava que o romance do norte-americano Mario Puzo (1920-1999), best-seller de consumo rápido, poderia dar origem a um épico que se tornaria um dos filmes norte-americanos mais populares da história. Puzo e o diretor Francis Coppola assinam a adaptação, que teve duas continuações, lançadas em 1974 e 1990.




Sérgio Rizzo, 44 anos, é jornalista e professor. Escreve sobre cinema para a revista "Set" e também é colunista de futebol internacional do Yahoo! Brasil. Dá aulas na Universidade Mackenzie, na Academia Internacional de Cinema e na Casa do Saber.

Um comentário:

Valdecy Alves disse...

Olá!

A humanidade ao longo de toda a sua história tem projetado sociedades ideais, lugares ideais, sempre na busca da FELICIDADE TOTAL. As grandes utopias são uma prova disso ...... MAS UMA PERGUNTA SE FAZ NECESSÁRIA: é possível haver um mundo ideal, sem antes as pessoas serem pessoas ideais. Leia artigo sobre como seria a pessoa ideal formulada por Aristóteles e Nietzsche e verifique até que ponto vc se encaixa nas descrições. Leia, comente e divulgue. Matéria no blog:
www.valdecyalves.blogspot.com


Acesse documentário da minha autoria no Youtube sobre os mais variados tipos de violência, com apoio da Comissão de Direitos Humanos da OAB. Clicar em:
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Se gostar da parte 1, veja as demais partes.

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