Da editoria-geral do Terra Brasilis
Cotada, no amplo leque de possibilidades para concorrer ao Senado como o segundo nome nas eleições majoritárias em Pernambuco, a deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB) saiu-se com um discurso cujo núcleo depõe contra o papel da mulher [1] e suas figadais conquistas num universo social com claros ranços machistas. Fiel escudeira do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) - muitas vezes, ela parece ser o próprio Jarbas no sentido de disseminar o pensamento político do ex-governador - Terezinha Nunes afirmou, em matéria publicada no Jornal do Commercio:
"Eu aceitaria (se convocada), só que não tem sentido colocar duas mulheres na chapa majoritária [...] A escolha de Míriam (Lacerda - DEM, candidata a vice [de Jarbas Vasconcelos]) foi importante e é ideal para a chapa. [Mas] Duas mulheres é demais para a cultura política de Pernambuco". [2]
Com a inteligência e a capacidade de articulação que a deputada já demonstrou ter, o argumento foi de uma infelicidade tamanha, pois soou não apenas como uma reafirmação da cultura machista que ela deveria - na condição de mulher - combater, mas também como uma falta de perspectiva histórica no que diz respeito a sedimentar a participação político-parlamentar das mulheres em Pernambuco. Isso porque estaria se perdendo, aí, uma oportunidade de se apresentarem duas mulheres numa chapa majoritária.
Sabe-se que o que está em jogo não é o fato de duas mulheres integrarem uma chapa majoritária numa cultura política machista, mas o receio de ir para uma disputa que se vislumbra difícil e fadada ao insucesso. A inteligência e a perspicácia de Terezinha Nunes detectaram isso. Ela, porém, resolveu ratificar o conteúdo reacionário da tal cultura política machista. Certamente, deva ter sido um descuido, mas está dito... Infelizmente.
[1] Vale registrar os evidentes sinais de competência da MULHER Terezinha Nunes ao conquistar, como jornalista, espaços antes inimagináveis (AQUI). Já no campo da atuação parlamentar, a deputada reflete muito bem, como ícone, o poder de uma MULHER que venceu as barreiras da "cultura política de Pernambuco" e se mostra como uma das mais combativas, éticas e respeitadas da ala oposicionista ao atual governo.
[2] Jornal do Commercio (Recife), 07/junho/2010, caderno de Política, p. 3
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