sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Religiosos divulgam manifesto para criticar a "demonização" de Dilma

Dom Thomás Balduíno: Dilma Presidenta do Brasil!
m Pedro Casaldáliga: Dilma Presidenta do Brasil!
Um dia depois de a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, prometer a líderes religiosos divulgar uma carta se colocando contra o aborto e o casamento gay, começou a circular ontem no microblog Twitter manifesto assinado por bispos, padres, pastores evangélicos, monges e teólogos declarando voto na petista. O texto tem uma citação bíblica como título: “Se nos calarmos, até as pedras gritarão”. A publicação condena o que integrantes do grupo caracterizaram como “bombardeio antiético” que Dilma estaria sofrendo, sobretudo na internet, por posições em relação aos dois temas da carta que a candidata pretende divulgar.

Conforme o manifesto, encabeçado por dom Thomás Balduíno, bispo emérito de Goiás Velho e presidente honorário da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), Dilma, antes mesmo do encontro de quarta-feira, já teria se posicionado contra a interrupção da gravidez e o casamento entre homossexuais. Ainda assim, material contra a candidata continuou sendo divulgado pela rede mundial de computadores. “Diante dessas posturas autoritárias e mentirosas, disfarçadas sob o uso da boa moral e da fé, nos sentimos obrigados a atualizar a palavra de Jesus, afirmando, agora, diante de todo o Brasil: “Se nos calarmos, até as pedras gritarão!”, diz o manifesto.

Anonimato

Um dos participantes, o presidente da Cáritas Nacional, bispo Demetrio Valentini, de Jales (SP), afirma existir contra Dilma uma tentativa de, “de maneira astuta, sob o anonimato possibilitado pela internet”, inviabilizar a candidatura da petista com “fatos distorcidos”. “Há uma tentativa de demonizar Dilma”, acrescentou. Segundo o bispo, o ideal seria que tanto o aborto como o casamento gay não fossem discutidos no momento de uma disputa eleitoral. “São temas que precisam ser tratados com serenidade, não durante o calor das campanhas políticas.”

O bispo emérito de Goiás Velho, Thomás Balduíno, ao justificar a participação no manifesto, afirma não haver dentro da Igreja Católica normas que impeçam a declaração ou o pedido de votos para candidatos. “Estamos agora em uma situação incontornável. Ou se vota em Dilma ou em Serra. Então, decidi deixar claro o meu posicionamento”, frisou.

O manifesto, que ontem contava com cerca de 300 participantes, entre os quais profissionais liberais e servidores públicos, diz também que o grupo não aceita a “fé para condenar alguma candidatura. Por isso, fazemos esta declaração como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinários”.

O monge Joshin, da Comunidade Zen Budista do Brasil, avalia que tanto a candidatura de Dilma quanto a de Serra são maiores que qualquer disputa. “E muito maior que os dois é o projeto de um país desenvolvido, sem miséria, sem fome, que vem sendo construído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que tem continuidade na pessoa da Dilma”, argumentou.

TSE SUSPENDE INSERÇÃO


Uma inserção da campanha de Dilma Rousseff foi suspensa ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral. O ministro Henrique Neves entendeu que a expressão “o Brasil quer ser cada vez mais um país de todos”, usada no programa da presidenciável petista, é extremamente similar ao slogan do governo Lula, “Brasil, um país de todos”. O uso de termos semelhantes aos de propagandas institucionais é proibido pela legislação eleitoral. O pedido de suspensão foi protocolado no TSE pelos advogados da coligação de José Serra (PSDB).

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