domingo, 12 de dezembro de 2010

Ditadura Militar 64: punição aos torturadores, já!

Da editoria-geral do Terra Brasilis:

Ando fazendo, no limite de meu escasso tempo, uma espécie de périplo pelos meus alfarrábios [são mais de mil volumes de uma biblioteca que comecei a construir ainda nos anos 80 do século passado e que é constituída de títulos vários, desde linguística e língua portuguesa, passando por filosofia, sociologia, literatura nacional e não nacional, história do Brasil 1964 e pós-1964. Há um, inclusive, que já me quiseram comprar por um valor considerado: A História Secreta da Rede Globo. E também os que me "afanaram"... Quem estiver com o meu Batismo de Sangue, de Frei Betto, faça o favor de devolver...]. 

Senti-me inclinado a começar a viagem por títulos que já lera, mas que necessitavam de uma ou mais releituras. Dentre estes, selecionei Olga [Fernando Morais], Vlado [organização de Paulo Markun] e Brasil Nunca Mais. No meses de agosto e setembro do corrente ano,  já houvera lido O que é isso, companheiro?, Entradas & Bandeiras e O Crepúsculo do Macho, todos de autoria do Fernando Gabeira [sim, aquele mesmo! Aquele que se aliou ao candidato derrotado José Serra, crendo que o embusteiro ex-governador levasse o Brasil a poder mais! Ou seria phoder mais os brasileiros que não têm voz? Fica a dúvida...].

Apois bem [como dizemos por aqui], essas leituras me seduziram a buscar informações, tantas quantas forem necessárias, acerca do período em que uma carnificina ceifou a vida de muitos jovens brasileiros [não importa discutir aqui o fato, alegado por  alguns historiadores, de que esses jovens tentaram fazer a revolução deles, a partir da ótica de uma parcela da classe média à qual eles pertenciam. Mas eu me pergunto: e o metalúrgico Manuel Fiel Filho e tantos outros que não pertenciam à classe média? Bom...]. Falo da carnificina que atende por Ditadura Militar, Revolução de 64 [para os covardes que encetaram tal golpe] e, modernamente, Ditabranda [ultrajante nomeação cunhada por um jornalista da Folha de São Paulo com a aquiescência do Otavinho Frias ou cunhado pelo próprio Otavinho, segundo me informa um dileto amigo].

Na sexta-feira passada, depois de ir ao dentista, resolvo dar uma voltinha no sebo a fim de comprar uns dvds originais e baratos, coisa de R$ 5,00 em média, e me vejo diante do filme Zuzu Angel. Adquiro o dito-cujo, pois, apesar de ter sido visto e revisto por milhões de telespectadores, por assim dizer, o pretinho básico aqui, ainda não tinha tido a oportunidade de assistir a ele. 

Esse filme, a que assisti a conta-gotas [bate um sono da mulesta e eu não consigo ver mais que 20 minutos de cenas], enquadrou-se no projeto a que me propus: obter mais e mais informações sobre um funesto período da história do país [brevemente, escreverei sobre esses anos vividos por mim. Não sei se em forma de crônica ou romance... Não importa. O que eu quero é revelar como os vivi, porquanto minha vida estudantil até os dez anos  se fez na Escolas Reunidas Major Azeredo da Rosa, no interior de um quartel do Exército.] e me trouxe a clara percepção de que, quanto mais apreendo o que aconteceu a partir da década de 70, mais me convenço de que essa barbárie deve ser punida com os rigores da lei [acabo de ler no excelente Com Texto Livre, do meu cumpadi ZCarlos, que a OEA emitirá sentença sobre esse crimes].

A história da estilista brasileira Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel, na busca pelo corpo de seu filho, o estudante Stuart Angel Jones, comove-me. Assim como me comove saber das torturas terríveis a que brasileiros foram submetidos por covardes.  Meu coração se enche de indignação quando penso que esses covardes se escondiam por trás de Instituições Militares [Exército, Marinha e Aeronáutica] e de órgãos do aparelho policial [militar estadual e civil] para perpetrar horrendas sessões de tortura. Não sei se  as suportaria, não sei do que seria capaz se meus filhos fossem covardemente torturados por esses canalhas. Sei, apenas, de uma coisa: todos que participaram dessa barbárie, inclusive, religiosos da Igreja Católica e empresários que financiaram esse estado de coisas, devem ser punidos até a exaustão pela força da lei. Não comungo com o que diz o meu querido presidente Lula [ele deve ter suas razões no papel de líder de uma nação]. Não, senhor presidente, quem torturou Dilma não está se torturando... Essas almas não sabem o que é arrependimento... São frios, insensíveis... São constituídos de uma crosta  que impermeabiliza toda e qualquer sensibilidade humana.

Nesta postagem, minha homenagem, ainda que dolorosa, a todas as mães e pais que tiveram seus filhos e filhas torturados e seviciados nos porões da ditadura militar.

6 comentários:

Sonia/ABC! disse...

Gostei muito do post, Di. Você falar dos teus livros, das tuas leituras... e desse período sombrio que vivemos... Às vezes fico pensando como é grande e forte esta mulher que comandará o Brasil daqui a algumas semanas!... Já pensou? Uma jovem de 19, 20 anos... bonita, de classe média alta... ser seviciada por esses brutamontes canalhas nojentos... e bravamente sobreviver a tudo isso, reconstruir sua vida e chegar onde chegou... Primeira Presidente Mulher da República Federativa do Brasil! É um grande orgulho pra todos nós ter um ser humano extraordinário assim conduzindo os destinos do País... Que Deus abençoe esta guerreira e este povo! Abraços! E continue escrevendo, que eu aqui vou lendo...

zcarlos disse...

Belo artigo Cumpadi.
Quanto a expressão "Ditabranda", se eu não estiver enganado, parece-me que foi criada em Editorial da Folha de S.Paulo assinado pelo próprio Otávio Frias Filho.
Abs!

Profdiafonso disse...

Olá, Sônia! Boa noite!

Obrigado pelo comentário. De fato, sempre me deixou indignado as referências ao fato de Dilma não sorri, ser intragável - disseminado pela mídia. Mas... Deus do Céu [!], como uma pessoa que foi torturada pode ser esse sorriso vindo do nada? Ela deve ter na alma as mais terríveis lembranças. E as superou. Essa mulher deve ser um ponto de equilíbrio entre o que fizeram com ela e o que ela deve fazer para evitar tais atrocidades, não nos esqueçamos disso. O Brasil será dos Brasileiros [espero arduamente] porque Dilma, quando "subverteu" a ordem estabelecida, assim determinou para a sua vida.

Grande abraço e um carinhoso beijo, Sônia!

Profdiafonso disse...

Adianta, cumpadi ZCarlos!

Obrigado pelo comentário. Já fiz o adendo... rsrs

Grande abraço!

ps. Não liguei para vc ainda pq estou dom um DF no tel... Defeito Financeiro... rsrs

Sonia/ABC! disse...

Obrigada, Di. Abração e beijo pra você também! E olha: Tá na hora dos blogueiros nordestinos fazerem uma entrevista com o Lulão. Ele vai estar aí em Pernambuco nos próximos dias... Chega nele e faz umas matérias legais pra gente! O Terra Brasilis tem tudo pra isso! Vai com tudo, arrebenta, meu cumpadi!!!

Anônimo disse...

Gente a cada leitura a respeito da Dilma, mais a admiro e gostaria que todo brasileiro tivesse acesso a sua história de bravura dedicada a suplantar o mal com o bem. Essa é uma guerrilheira do BEM.Todos vcs que comentaram estão de parabéns.

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