Na definição do Wikipedia, Netwar descreve uma forma emergente de conflito de baixa intensidade, crime e ativismo travado por atores sociais interligados pela rede mundial de computadores.
Netwar comumente está relacionada à ação de hackers em espionagem industrial, militar e governamental e na criação de vírus e outras formas de ataques a computadores. Recentemente algumas ações de hackers foram atribuídas ao governo chinês, que negou a participação nos ataques a sistemas de agencias de segurança americanas. Invariavelmente, Netwar se referia a atividades marginais, onde crimes eram cometidos. Esta semana Netwar ganhou uma nova dimensão de sua definição.
O Wikileaks foi criado pelo cidadão australiano Julian Assange com a intenção de criar um mecanismo onde pudessem ser descobertos e revelados documentos de interesse da população do seu país, que eram tratados com critérios de confidencialidade pelo governo, deixando claro que os documentos revelados seriam restritos ao interesse público, se afastando da tentativa dos seus críticos de classificar o que ele propunha como espionagem. Com a aprovação e sucesso do formato, o site deixou de ser um instrumento local para contar com rede de colaboradores tão grande que se transformou no fenômeno capaz de humilhar sistemas de segurança de documentos confidenciais da maior potência mundial: os EUA.
Nos últimos meses, o Wikileaks revelou ao mundo crimes cometidos pelos EUA nas ocupações do Afeganistão e Iraque e ridicularizou a diplomacia americana, mostrando a frivolidade dos relatórios enviados à Washington, sobre políticos de diversos países. A partir daí, o governo americano perseguiu Assange e usou a sua influência para conseguir a prisão imotivada do australiano e o sufocamento financeiro de sua organização.
A reação contra essa arbitrariedade foi a maior manifestação através da internet que se tem conhecimento. Na quarta feira, milhões de usuários da internet de várias partes do mundo, protestaram contra a suspensão por parte das operadoras de cartão VISA, MASTERCARD e PAY PAL, dos pagamentos ao site Wikileaks, derrubando por horas os sites dessas empresas, em uma operação batizada como: “operation payback” (troco), regida pelo grupo hacker Anon_Operation. Os ataques foram realizados pela tentativa simultânea de acesso ou “pings” (DDOS ataque) aos referidos sites, ocasionando colapso no sistema que os mantém no ar.
A reação da grande imprensa no Brasil foi lamentável mais uma vez. Em vez de reconhecer como uma manifestação de protesto de uma forma geral classificou como ato de piratas virtuais e ocultou o nome das empresas que foram alvo do protesto e o motivo do protesto: o fato dessas empresas terem feito o jogo sujo do governo americano. Um fato histórico aconteceu com a manifestação de milhões de pessoas de várias partes do mundo e a nossa imprensa, com o rabo preso com patrocinadores, tenta impedir o acesso aos fatos reais e completos, indo mais uma vez na contramão da história, assim como foi feito nos anos 80 ao tentar ignorar as passeatas pelas diretas que aconteciam no país inteiro.
Netwar, querendo ou não a nossa imprensa, não se limita mais a atitudes criminosas, mas é uma poderosa ferramenta de manifestação popular, e aliada ao poder de divulgação instantânea das mídias sociais pode se transformar em um problemão para quem não se importa com a opinião pública.
Netwar redefine o poder das manifestações políticas populares, passando de inócuas interrupções de trânsito e queima de bandeiras em frente a embaixadas e consulados para a consolidação de enormes prejuízos a grandes corporações e governos, tornando essas manifestações mais eficientes já que o que pesa no bolso faz muito mais barulho.
Do Blog do LEN [coeditor do Terra Brasilis]
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