Uma das linhas de defesa dos advogados de Julian Assange no caso da extradição para a Suécia será afirmar que ele corre sério risco de ser condenado à morte se enviado para os Estados Unidos, via Suécia.
A Suécia possui um acordo que permitiria a fácil extradição de Julian, mas os advogados temem que ele possa mesmo ser levado ilegalmente para Guantánamo, como ocorreu com centenas de prisioneiros.
O temor é real e quem trabalha perto de Julian sabe que ele entende o grande perigo que está correndo. Além das ameaças de morte destinadas a ele e a seus filhos, Julian tem sido alvo do ódio de jornalistas e políticos conceituados nos EUA, que abertamente têm pedido a sua execução.
Um press release recente do WikiLeaks enumera tais casos assombrosos.
A republicana Sarah Palin pediu que a administração americana “caçasse o chefe do WikiLeaks como um Talebã”; no seu programa na Fox News, o político Mike Huckabe exigiu a execução de Assange; também fez o mesmo o comentarista do mesmo canal, Bob Beckel, que pediu que alguém “ilegalmente atire nesse filho da puta”; e o apresentador de rádio Rush Limbaugh pediu que se desse a ordem ao novo presidente da Fox News, Roger Ailes: “Aí não haverá mais Assange, eu te garanto, e não haverá rastros”.
Tem mais: o comentarista Christian Whiton, também da Fox News, incitou violência contra os editores e escritores do WikiLeaks, dizendo que os EUA deveriam “designar o WikiLeaks e seus funcionários como inimigos combatentes, preparando o caminho para ações não-judiciais contra eles”.
Já o colunista do Washington Times, Jeffery T. Kuhner, escreveu um artigo intitulado “Assassinem Assange”, com uma foto do próprio com manchas de sangue e a legenda “PROCURADO VIVO ou MORTO” – mas com a palavra “vivo” riscada.
Por fim, o jornalista John Hawkins, do site Townhall.com disse que “Se Julian Assange receber um tiro na cabeça amanhã ou se o seu carro explodir quando ele girar a ignição, que mensagem você acha que seria enviada sobre publicar dados sensíveis dos EUA?”
“Aqueles que demandam um ato de assassinato têm tanta culpa quanto aqueles que apertam o gatiho”, diz Julian Assange no comunicado à imprensa.
“Pedimos às autoridades americanas que protejam o jugo da lei processando essas e outras incitações ao assassinato. Uma nação civil de leis não pode ter membros proeminentes da sociedade pedindo constantemente o assassinato de indivíduos ou grupos”.
Se o caso tivesse ocorrido em democracias mais duvidosas, tais vociferações seriam a senha para grupos paramilitares assassinarem o ativista – como acontece, por exemplo, na Colômbia.
Ainda bem que estamos falando de uma nação desenvolvida que tem tradição em respeitar a lei e os direitos humanos.
Outros exemplos podem ser vistos em www.peopleokwithmurderingassange.com.
Nenhum comentário:
Postar um comentário