sábado, 16 de abril de 2011

Crianças órfãs do Haiti são vendidas a pedófilos europeus

A Polícia de Berlim, na Alemanha, desarticulou uma rede internacional de tráfico de crianças trazidas da América Latina. O bando se “camuflava” como uma organização humanitária, mas depois vendia os menores a pedófilos. Uma das vítimas portava falsos documentos brasileiros.

Dois dos membros da quadrilha desbaratada, que vivem em Berlim, foram detidos no aeroporto de Munique quando tentavam entrar no país com um menino costa-riquenho de cerca de dez anos, informou o jornal Berliner Morgenpost.

Os supostos membros da rede foram detidos após a polícia alemã comprovar a falsidade dos papéis da criança, que viajava com documentação brasileira.

Um dos homens foi identificado apenas como um alemão de Berlim. O outro é um cidadão sueco com residência na capital alemã. Os dois já foram apresentados perante o juiz, em Munique.

Os agentes não confirmaram se a detenção dos dois homens tem relação com a captura, na semana passada, de outro suposto pedófilo em Berlim, acusado formalmente de abusos sexuais a menores em mais de 20 casos.

Este último detido, de 67 anos, foi acusado de abusar sexualmente de vários menores durante uma viagem ao Haiti, no ano passado, e conta com antecedentes criminais por casos similares dos anos 2002 e 2003, segundo a promotoria berlinense.

O diário acrescenta que os detidos ocultavam suas verdadeiras intenções sob a fachada de uma organização humanitária, fundada por um deles, para supostamente ajudar as crianças que perderam suas famílias no terremoto que devastou o Haiti em 2010.

“As crianças eram atraídas a Berlim com o argumento de que teriam uma vida melhor. Alguns deles são órfãos”, declarou uma fonte policial, sem especificar quantos menores podem ter sido vítimas da quadrilha.

Retorno

Segundo o policial, as crianças passavam das mãos de um pedófilo a outro e após três meses voltavam a seus países de origem com “danos psíquicos inimagináveis”.

Com os dois homens presos em Munique foram encontrados materiais pornográficos como fotos e filmes. Neles, eram exibidas cenas de sexo entre homens de diferentes idades e crianças.

O Escritório de Investigação Criminal de Berlim busca agora reunir mais informações sobre a estrutura da quadrilha para desmascarar seus membros.

“Quem faz o esforço de trazer de outros países menores com o objetivo de abusar sexualmente deles não só tem de contar com um grande círculo de cúmplices, mas com uma grande influência e apreciáveis meios financeiros”, diz, sob anonimato, uma fonte policial à agência de notícias Efe.

As autoridades ainda não sabem qual a dimensão da rede pedófila recém desarticulada e o tamanho da clientela. Segundo o jornal El País, a polícia alemã trabalha atualmente em colaboração com a polícia dos países das crianças atingidas pela quadrilha. 

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