Antigamente, coisa de 30 anos atrás, o termo “alienado” fazia parte do vocabulário nosso de cada dia. Rotulava o sujeito cego para a política e que achava “normal” sermos governados por generais que se sucediam no poder sem que o povo fosse consultado nas urnas. Naquela época, sob censura, os meios de comunicação apresentavam uma única e uníssona versão dos fatos: aquela permitida pelo regime militar e, claro, sempre a seu favor.
Sob Geisel, o penúltimo general presidente, entramos na fase de distensão e fim da censura. Durante seu mandato, surgiram diversas publicações fazendo contraponto à grande imprensa – a mesma que hoje chamamos de PiG. (Aliás, a única diferença é que Folha, Estadão, Veja e Globo pertenciam aos pais dos atuais donos.) Jornais-tablóides como EX-, Opinião, Movimento, Em Tempo, Extra, Pasquim – os chamados “nanicos” ou “imprensa alternativa” – lutavam com bravura para sobreviver financeiramente e manter sua frágil peridiocidade. Além disso, enfrentavam todo tipo de ataques (até os físicos) da extrema direita. O PiG controlava a distribuição de tudo que podia ser vendido em bancas de jornal. Fazia o jornaleiro refém de seus interesses, proibindo-o de vender os nanicos sob pena de não lhe fornecer as outras publicações, que eram a base de seu faturamento. Assim, quem fazia a imprensa nanica fazia por amor à causa. A receita de publicidade era mínima e, apesar de receberem doações e terem assinantes fiéis, as publicações viviam no vermelho. Muitos jornalistas até tiravam do próprio bolso para bancar os custos de impressão.
2011, tempos modernos, guerra fria congelada e modelo neo-liberal falido. É difícil ser alienado neste mundo high-tech, das conexões sem fio e dos celulares que se transformaram numa central multimídia de bolso conectada a todo o planeta através da Internet. Com o inacreditável volume de informação e a velocidade em que circula, você pode ser manipulado – mas se alienar, só se enfiar a cabeça na terra. A informação te persegue 24 horas por dia e fala sua linguagem. Seja de qual tribo você for.
Os nanicos da imprensa alternativa de hoje são os blogueiros desvinculados do PiG e que não recebem nada pelo que publicam. Alcançam um número de leitores infinitamente superior aos da década de 80. E o melhor: não têm custos de impressão e distribuição e não podem ser calados. Além da turma que acabou de realizar o II Encontro Nacional e que já se reuniu por duas vezes com o presidente Lula (trechos aqui e aqui), crescem os blogs que repercutem o outro lado da notícia em tempo real. Hoje, mentira já não tem perna curta: não tem nem perna. Exemplo histórico, folclórico: a farsa da bolinha de papel que virou piada no twitter, repercutiu na imprensa internacional e virou joguinho espalhado em centenas de blogs. Tudo isso aconteceu logo depois da exibição no JN da farsa montada pela Globo e pela campanha de Serra.
Acordo assinado pelo governo e operadoras de telefonia vai dar inicio (finalmente!) ao PNBL. Será lei que a banda larga de 1 mega passe a custar R$ 35. Dizem, com razão, que a velocidade vendida não será a real recebida. Mas não deverá ser pior nem igual aos 10% que recebemos da Telefônica, por exemplo. Dizem também, que haverá dificuldade em alcançar municípios sem o potencial de lucro desejável para as operadoras. O que a demanda e o próprio governo se encarregarão de viabilizar. Enfim, é um grande avanço. Até porque, a inclusão de milhões de novos usuários é sempre muito bem vinda e servirá para forçar as operadoras a entregarem mais qualidade e velocidade na conexão.
Com a tecnologia wi-fi (que virou padrão), hotspots se espalhando cada vez mais e a banda larga custando bem menos que as publicações impressas, cedo ou tarde todas as mídias vão convergir para a Internet. O televisor terá conexão com a rede mundial e vai oferecer infinitas fontes de informação e entretenimento alternativas à concentração gigantesca dos atuais grupos donos da mídia.
Embora a audiência da Globo continue caindo pelas tabelas, ainda reina, imbatível, no sofá dos inertes. Mas este modelo de consumo televisivo emburrecedor não vai muito longe. O Ibope mede televisores ligados. Não significa que os jovens daquele domicílio estejam assistindo a droga da novela ou a idiotice do BBB. Estão em outro mundo. No Twitter, Facebook, Orkut, MSN, etc.
Hoje, mais do que nunca, o que se quer é interatividade. Queremos decidir em vez de engolir. Queremos mobilizar, opinar, debater. Não cabe mais o modelo de via única. A informação marcada a tinta sobre papel pelas rotativas durante a madrugada, amanhece obsoleta na banca de jornal. A comunicação busca seu ideal: pluralidade, diversidade, acesso democrático aos meios de comunicação para todas as tribos, em tempo real.
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Itamar Franco por ele mesmo
JUSTIÇA SEJA FEITA: Durante muito tempo, o discurso dos tucanos amplificado pelo PiG, atribuía a FHC a autoria do Plano Real que salvou o Brasil do mal corrosivo da inflação. O vídeo abaixo circula há anos no Youtube, mas sua força esclarecedora não se compara às mentiras carimbadas na mente do eleitor pelo poderoso e anti-constitucional oligopólio das comunicações no Brasil. Segundo o PiG, Lula se deu bem porque herdou um país “resolvido” e seguiu a cartilha do “grande economista” que é FHC! O vídeo deixa claro que FHC não passou de um garoto propaganda do Real, fabricado artificialmente para ser eleito presidente.
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