quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Kátia Abreu, a pensadora

Quem segue minha mareada pessoa no twitter sabe que gosto muito de trocar (trollar) ideias com a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), atual Presidenta da Confederação Nacional da Agricultura, muito conhecida por sua atuação marcante na defesa do agronegócio (do seu em primeiro lugar, claro).

Como acompanho os tuítes da querida (ironia ok?) Kátia com afinco, ontem de manhã surgiu este epígrafo sub-colonizado em minha TL (Time Line para os não usuários de twitter):


E aqui está o link para quem quiser ler (rir muito, muito mesmo)


Pois bem que entrei nesse link e ali começou uma ótima sessão de estranhamentos, dúvidas e claro, risadas.

O título da obra é "Nacionalismo fora de hora" (já dá pra imaginar...) e vou aqui tentar fazer comentários a respeito. Recomendo aquele baldinho esperto ao lado dos pés, este blog não faz bem a saúde estomacal, vocês sabem.

Inicia a senadora:

"Numa sociedade em rápida transformação, como a nossa, a economia, a política e a cultura nunca evoluem no mesmo passo."

(Respire fundo, vamos lá!)

Bom, dona Kátia, realmente são coisas totalmente desconexas. É de se estranhar que as escolas ensinem que uma coisa está intrinsecamente ligada à outra, sei lá, deve ser coisa do Lula. Fiquei confusa com essa afirmação já que passei as aulas de história estudando sistemas políticos determinados por mudanças na economia e vice-versa. E aquele papo de evolução do homem com base no modo de produção deve ser viagem de comunista, só pode. Mas, Katita deve ter razão...continuemos: 

"A economia pode modernizar-se rapidamente sob a pressão dos contatos com o exterior, sem que o sistema político e as ideias na sociedade acompanhem-na no mesmo ritmo."

Bom é que ela gosta de frases enigmáticas, essa eu acho que entendi. Em contato com o neoliberalismo norte-americano, por exemplo, o Brasil não teve uma política de privatizações e criminalização dos movimentos sociais (esses reclamões atrasados...tsc tsc tsc), não! tudo viagem desses professores de história lulo-bolchevistas. Mas fica melhor:

"A falta de sincronia entre essas esferas da vida social transmite a impressão de que o país vive simultaneamente em tempos históricos diferentes."

Deixa ver se meu limitado cérebro consegue alcançar o brilhantismo desta criatura: Seria sincronia se esse bando de pobres reclamões, como os sem-terra, por exemplo, parassem de querer frear o desenvolvimento dos homens de bem do latifúndio, né não? Já esse negócio de viver tempos históricos diferentes foi demais pra minha limitada compreensão espaço-tempo. (risadinhas) Segura aí na cadeira:

"A América Latina, e o Brasil com ela, perdeu a maior parte do século 20 procurando inimigos externos para justificar sua pobreza e seu atraso em relação ao mundo. (grifo do meu espanto)


Nessa busca insensata perdemos a capacidade de perceber nossos próprios problemas, nossas fraquezas e, muito pior que isso, as grandes possibilidades que tínhamos diante de nós."

(Peraí, deixa eu respirar)

Você entendeu né? Nós é que somos um bando de incompetentes atrasados. Não fomos colonizados, nem tivemos escravidão e subserviência aos desmandos do mundo "desenvolvido". Tudo coisa de socialista comedor de criancinha. Os homens de bem do mundo imperialista não expoliaram nossas riquezas, nós é que não sabemos lidar com coisas complexas e acabamos atrasados por pura falta de capacidade, três vivas às raças superiores! Ao invés de aceitarmos nossas "fraquezas" (???) e abraçarmos de vez a boa subserviência, ficamos aí reclamando de barriga cheia, ora ora ora....

"A política continua o mesmo modo patrimonialista de sempre e pode tornar-se um obstáculo importante à continuidade do nosso desempenho econômico. Mas o mais grave é a sobrevivência de ideias anacrônicas que ainda guiam o comportamento de setores importantes da sociedade."

(Mas olha só quem fala em política patrimonialista minha gentchi!!) Eu quase passo mal, juro. Será que dona Kátia esqueceu que usou dinheiro que pediu a agricultores, através da CNA, para eleger o filho Irajá Abreu (DEM-TO) sem nem consultar o seu partido (DEM)? E essas ideias anacrônicas (pra quem não sabe: atrasadas, obsoletas) devem ser aquelas de justiça social, distribuição de terras, desconcentração da agricultura, mais uma vez, tudo balela desses sem-terra bandidos. (Cê tá mal aí né? Abraça o baldinho, que tem mais!)

"A pior dessas ideias é o nacionalismo. É um nacionalismo mais recatado e fino, sem os slogans patéticos dos anos 50, mas mesmo assim carregado do mesmo veneno.

Os nacionalismos de todos os tipos estão na origem dos maiores desastres e dos maiores fracassos das sociedades humanas nos últimos cem anos."

Até aqui eu ainda estava boiando, mas já comecei a farejar qual o intuito da nossa querida Katita. Quer dizer então que o nacionalismo (O recatado e fino eu não entendi, juro!) está na origem dos maiores fracassos das sociedades humanas, minha gente! É por isso que os norte-americanos (apesar de atualmente quebrados, mas com certeza não pelo nacionalismo), que são o povo mais patriota (eu diria até chatos) que existe sobre a terra, passaram o último século como o país mais desenvolvido e rico do mundo. O nacionalismo deles é mesmo uma coisa terrível, dona Kátia, uma praga, de fato.

(Você está bem leitor/leitora amigos? Tenha força, já estamos terminando!)

Agora é que vamos compreender o porquê deste enigmático desabafo vira-lata da nossa "amiga":

"Essas reflexões me vem à mente (Lefu eu estive pensando...) com as notícias de que a Advocacia Geral da União está preparando uma proposta de lei determinando que empresas estrangeiras ou empresas nacionais com controle estrangeiro tenham que submeter previamente a um conselho do governo federal a compra de terras acima de cinco hectares."

Ahá!! Agora entendi, sim, claro! Achei que ela tinha surtado, mas tá normalzinha pros seus parâmetros, ou seja, está pensando em seus negócios, obviamente! Onde já se viu limitar venda de terras a estrangeiros? Ora! Vocês bem sabem que vivemos num mundo justo e feliz, porque não deixar nossos amigos estrangeiros comprarem nossas terras férteis, produtivas e cheias de biodiversidade?? Isso é egoísmo, viu? Como é que uma (grileira) agro-empresária do bem vai vender suas (nossas) terras em paz desse jeito?

Força! Vamos em frente:

"A presença de cidadãos e empresas estrangeiras no desenvolvimento brasileiro deve ser saudada como algo inteiramente positivo e não ser colocada sob suspeita ou restrições.

Querer ressuscitar essa odiosa discriminação põe em risco a percepção que se possa ter da segurança jurídica em nosso país, e passa a ideia de um injustificável complexo de inferioridade."

* Leia mais (se tiver coragem e estômago pra isso e for assinante deste porcaria aqui): http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0907201127.htm

Vocês entenderam? Nada de ficar se sentindo inferior e querer limitar nossos amigos estrangeiros, eles só querem nos ajudar afinal de contas! Complexo de inferioridade esse de querer preservar as terras do seu país para a SUA população. Que coisa! E comé que ficam os negócios de Katita gente?

No fim das contas, depois de uma pérola dessas, não sei se me revolto ou fico com dó de tamanha limitação da leitura de mundo (como bem dizia Paulo Freire, a leitura do mundo vem antes da leitura da palavra). O umbigo de Kátia Abreu é tão grande, que ela pensa que o bem de seus negócios representa o bem do País. Ainda bem que a Advocacia Geral da União discorda. O Brasil é dos brasileiros, e assim deve continuar.

Sobreviveu?


Ui!


2 comentários:

Charles Bakalarczyk disse...

Tô copiando tudo lá pro meu bloguinho. Muito bom!

Profdiafonso disse...

Cumpadi Charels,

Fique à vontade. Abs!

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