Premier Cameron (foto The Guardian), reprovado por tardar a restabelecer a tranquilidade pública |
As cidades inglesas voltaram ao ritmo normal depois de cinco dias sob intensos e violentos ataques de guerrilheiros urbanos, em especial os promovidos por membros de dezenas de associações delinquentes chamadas, em Londres, de “gangues juvenis”.
O premier David Cameron, diante do dissenso entre a vacilante ministra do Interior, Theresa May, e a cúpula da Scotland Yard, teve de interromper as férias e liderar as ações de repressão e contraste.
Com reforço policial, aquartelamento do Exército, permissão para uso de balas de borracha e jatos de água e Cameron a papaguear a expressão “punho duro” (evitou a desgastada expressão “tolerância zero”), as gangues e os descontentes aderentes (desempregados e excluídos sociais) submergiram e a normalidade voltou às cidades inglesas e aos bairros londrinos.
Diante desse quadro de volta à normalidade, o premier Cameron, ao contrário do que imaginava, não “faturou” em termos de popularidade.
Pesquisas publicadas hoje no jornal Guardian mostram que a grande maioria dos britânicos considerou tardia a sua reação. E os britânicos, em outra pesquisa publicada, desaprovam o corte orçamentário de despesas na polícia, conforme anunciado por Cameron. O corte é de 2 milhões de esterlinas e, pelos cálculos, de 30 mil policiais que seriam contratados.
Cameron, apesar do sucedido, continua a insistir nos cortes e afirma que, com a reforma, terá um polícia mais eficiente e próxima à população.
Com a reprovação divulgada, Cameron acaba de anunciar uma nova providência, na verdade um velho golpe de marketing. O premier britânico prometeu, a partir de segunda-feira, contatos para contratar o norte-americano Bill Braton, que, em 1992 e em Los Angeles, conseguiu acabar com as “gangues juvenis”.
Diante do interesse de Cameron em ter o “supercop” no seu governo (Bratton já comandou as polícias de Nova Iorque e de Los Angeles), os jornais buscaram entrevistas. Para surpresa geral, Bratton falou que o trabalho é longo, de integração e não de pura repressão, que não funciona. Ele criticou indiretamente o modelo inglês baseado, até agora, apenas na repressão, com policiais metropolitanos violentos, como atesta a morte, por abuso policial, de Mark Duggan.
A execução de Duggan, com a polícia a esconder a notícia por três dias, foi a gota d’água para o início da revolta assistida e que coloca Cameron em cheque.
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