Por Bobby Caina Calvan, do Center for Public Integrity
A laosiana Liangkham Laphommavong tem um dos empregos mais perigosos do mundo. Até o seu filho de 9 anos sabe disso, e protestou quando, no início de mais uma jornada, ele saiu para juntar-se ao grupo de 17 mulheres que rotineiramente colocam suas vidas em risco.
A laosiana Liangkham Laphommavong tem um dos empregos mais perigosos do mundo. Até o seu filho de 9 anos sabe disso, e protestou quando, no início de mais uma jornada, ele saiu para juntar-se ao grupo de 17 mulheres que rotineiramente colocam suas vidas em risco.
Em todo Laos, país que fica ao oeste do Vietnã, elas caminham por bucólicas plantações de arroz, florestas e montanhas – uma paisagem que esconde o perigo do seu trabalho. Laphommavong é uma caça-bombas, perscrutando terrenos rurais, centímetro por centímetro, em busca de bombas não explodidas.
Há cerca de 80 milhões de bombas que não explodiram ainda em todo Laos — são os resquícios letais de uma guerra secreta contra os comunistas levada a cabo pelos Estados Unidos há quatro décadas.
Pesquisando um campo suspeito, Laphommavong estava armada apenas de sua coragem e um detector de bombas portátil.
O seu rosto estava tenso enquanto ela olhada fixamente para o chão. Com botas negras, caminhava deliberadamente em um campo de arroz não-cultivado; o detector soava repetidamente ao ser aproximado de pedaços de terra estéril e tufos de mato.
Ao longo de um ano em que ela trabalha como caça-bombas, o seu detector encontrou diversos objetos suspeitos. Quando o alarme soa mais rapidamente, também o seu coração acelera, avisando que é hora de ajoelhar para, com uma pequena espátula, cavar cuidadosamente e averiguar o que está debaixo da terra.
“Eu tenho medo todo o tempo,” diz a mãe solteira de 32 anos. “Temos que tomar cuidado a cada passo que damos. Sempre temos em mente que pode haver uma bomba”.
O Laos é o país com mais bombas não-explodidas por habitante do mundo. Durante a guerra do Vietnã, os EUA atiraram 270 milhões de explosivos no Laos em mais de 500 mil ofensivas militares.
Oficiais americanos dizem que mais bombas foram atiradas no Laos do que no Japão e na Alemanha juntos durante a Segunda Guerra Mundial. Muitas dessas bombas eram “cluster”, arquitetadas para ampliar o estrago ao liberar outras pequenas bombas quando atingemo solo.
Cerca de um terço destas pequenas bombas ainda não explodiu.
Na semana passada, delegados de dezenas de países se reuniram em Beirute, no Líbano, para pressionar outras nações, incluindo os Estados Unidos, a assinar um acordo internacional que visa banir o estoque mundial de bombas “cluster”.
Mais de 100 países já assinaram o acordo, firmado em 2008, mas alguns dos maiores produtores de tais armamentos — incluindo os EUA, a China e a Rússia – se negaram a assinar. N.T O Brasil também não assinou o acordo – há bombas cluster de fabricação brasileira enterradas em países como o Peru e a Colômbia.
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