quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O corruptor ativo

Adilson Primo
Pois não é que justo no dia em que mais uma vez milhares de pessoas foram para as ruas a fim de protestar "contra-tudo-que-esta-ai" a grande mídia cometeu de novo o seu denuncismo seletivo noticiando pela metade a informação vinda da sede da Siemens na Alemanha anunciando a demissão do presidente Adilson Primo da Siemens no Brasil por corrupção? Pois é.


Segundo uma porção de portais informativos: Ig, G1, Folha.com, Veja, Uol, Band News, Estadão Espn, Terra, Exame, a demissão de sr Adilson Primo deu-se por que esse teria transgredido o código de conduta da empresa. E todos esses sítios tomados de súbito "apreço" pela ética jornalística declaram não terem podido ouvir o outro lado, ou seja, o lado do demitido. E por isso parecem ter se "esquecido o que o próprio Estadão - um dos mais proeminentes membros do PIG - noticiou (aqui e aqui), em dezembro de 2008, dando conta de que o Ministério Publico Estadual de o Paulo auxiliava a Siemens em investigações a respeito de corrupção envolvendo contratos da Siemens com o governo paulista.

E que foi por causa dessa investigação que esse moço foi pra rua. Ou seja, por corrupção ativa.

Mais uma vez perdeu-se a oportunidade de ilustrar a população brasileira a fim de permiti-la entender que o debate a respeito de corrupção o deve se dar apenas em torno dos governos - em especial o federal como a imprensa faz questão de fazer parecer atualmente- mas acima de tudo, é preciso pensar nas razões que sustentam os balcões de negócios que fazem a ponte entre o público e o privado


Razões essas que passam, por exemplo, no financiamento publico de campanhas, foros privilegiados para políticos em geral, um sem número de regalias, falta de transparência na prestação de contas, etc, etc.

Todo mundo sabe que não existe professor sem aluno, médico sem paciente, advogado sem acusado e muito menos pode existir corrupto sem corruptor. Todo mundo sabe. Menos a nossa grande mídia.

E embora todos os manifestantes que tenham ido a rua ontem com palavras de ordem, faixas e cartazes, caras pintadas, hinos e tudo o mais que signifique uma justa indignação "contra-tudo-que-está-ai" tenham a minha solidariedade, não posso deixar de vê-los como massa de manobra pois não se vê, pelo menos por hora, nenhuma liderança genuína e não-comprometida com o atual modelo para fazerem valer os apelos e a justas reivindicações dos brasileiros.

Nessas alturas ninguém mais que a imprensa poderia ser essa liderança. Pois não só a imprensa, mas principalmente ela, tem a capacidade de formar, informar - isso é válido em todas as épocas e em todas as situações - e indicar os caminhos para a saída desse labirinto desinformativo em que estamos metidos.

Mas ao que parece e para a infelicidade geral, tão cedo o teremos uma imprensa autônoma e descomprometida o suficiente para ter coragem de noticiar por inteiro e sem meias palavras. Ou, ao contrário, não podemos esperar também que justamente por seu comprometimento ela deixe de cometer denuncismos descabidos e antiéticos como acontece sempre que se trata de falar mal daqueles que manifestem tendencias progressitas e que possam significar o fim dessa promiscuidade publico-privada que beneficia uns poucos em detrimento de milhões.

E vejam abaixo a singeleza de pensamento de uma marchadora cansada. De onde foi que ela tirou idéia de que vivemos sob o jugo de um congresso repressor? Confusa, muito confusa.

Fiquem em paz
Jonas


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