O clima é de retrocesso na USP.
Não bastasse as placas chamando a ditadura militar de 1964 de "revolução", não bastasse à perseguição implacável à Faculdade de Direito, a Reitoria tem instalado um clima de terror quando o assunto são as manifestações internas da comunidade.
O último episódio foi a criação de uma Comissão Disciplinar para demitir 6 funcionários que teriam participado de uma manifestação às 7 horas da manhã do dia 24 de março. Os acusados se manifestavam justamente contra a demissão apressada e ilegal de funcionários grevistas ocorridas em janeiro 2011. Ao grupo dos 6 funcionários foi associado um estudante que, não podendo ser demitido, incorre “à pena disciplinar de eliminação”. Tudo isso usando um velho decreto criado no auge da ditadura militar. Decreto que, instalada a democracia, foi deixado de lado por motivos óbvios.
A atmosfera é da mais refinada perseguição. Ao ponto de uma das funcionárias acusadas, Ana Mello, foi incluída sem que tenha estado presente no local à hora dos supostos fatos. Ana esteve no local duas horas depois e, ali, tratou de defender a dignidade de uma colega que estava sendo ofendida em sua moral por um chefe. Como essas perseguições abrem espaço para vinganças pessoais, o referido chefe tratou de incluir Ana como uma das que participava da manifestação das 7 da manhã. Foi o único a dizer que Ana estava entre os participantes da manifestação, importando mais as perseguições exemplares do que a verdade.
Se as demissões forem aprovadas - sem um procedimento verdadeiramente justo, público e correto - a USP reinstalará em seu microcosmo, a ditadura que cassa o direito democrático. Em pleno século XXI, com o país tendo superado seu passado autoritário mais retrógrado, apelamos à Reitoria da USP que anule as medidas em curso e nunca mais utilize o decreto do entulho autoritário que vem usando contra seus funcionários e alunos.
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