quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Espanha quer reduzir a crise mandando seus desempregados para o Brasil

Por Mauro Santayana

Com um desemprego de 22% em seu país (no Brasil o desemprego é de 6.7%), uma dívida externa de 160% do PIB (a do Brasil é de 14%), e menos de 30 bilhões de dólares em reservas internacionais (as do Brasil são de 350 bilhões) a imprensa da Espanha, talvez com o senso de realidade afetado pela crise, está anunciando, com grande estardalhaço, que hoteleiros cariocas – muitos deles estrangeiros – estariam dispostos a trazer milhares de espanhóis para o Brasil para trabalharem, no lugar de brasileiros, como engenheiros, arquitetos, mestres de obra - nos projetos da Copa e das Olimpíadas - e como camareiros, garçons, chefs de cozinha e gerentes de hotel, em seus hotéis.

A matéria, reproduzida em dezenas de veículos espanhóis, diz que estaria sendo negociado um “memorando de entendimento” entre o governo brasileiro e o espanhol para abrir o mercado de trabalho brasileiro para os espanhóis e cita uma frase do Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que teria dito para a Diretora Geral de Cidadania Espanhola no exterior, Pilar Pin, há alguns meses, que “o Brasil precisa de dois milhões de pessoas altamente qualificadas, e que a Espanha as têm.” [aqui]

Especialmente interessantes são os comentários, entre eles o de um cidadão espanhol, indignado, que diz que “enquanto eles nos enviam prostitutas, nós mandamos mão-de-obra altamente qualificada, que maravilha de intercâmbio..."

Com toda a pressão que houver no Brasil por mão-de-obra, como está acontecendo com os engenheiros, na indústria do petróleo, acho que, antes de trazer profissionais de fora, é preciso investir na formação de brasileiros, e contratar quem está desempregado. O Sr. Carlos Lupi, antes de acertar memorandos de intenções, deve consultar os sindicatos do pessoal de hoteleria no Rio, e saber do que precisa o SENAC, por exemplo, para acelerar a qualificação de mão de obra em sua ampla rede.

A imprensa argentina mostra que o Brasil está se transformando, de novo, em um país atraente para os emigrantes, e, entre outras coisas, diz, em uma matéria em La Nacion, que aumentou, em apenas um ano, de 276.703 para 328.856 o número de portugueses no Brasil. [aqui]

Ou seja, um país que tratou como tratou nossos dentistas, que mandou tantos brasileiros de volta do aeroporto e no qual a mais recente polêmica contra nossos emigrantes envolve a exibição em um canal estatal, de um desenho animado no qual uma prostituta caricata é o único personagem que fala com sotaque “brasileiro”, não pode continuar a ser tratado com toda essa benevolência na hora de mandar gente para cá. [aqui]

Da Espanha, nem é preciso lembrar da crise das expulsões e da forma com que sempre se reteve ilegalmente e em condições animalescas, centenas e centenas de brasileiros no aeroporto de Barajas, a pão e água, antes de serem enviados de volta, e sem sequer poder sair do prédio, algumas vezes algemados, para o Brasil.

A emigração pode ser boa - e temos aí acordos com o Mercosul, que é quem nós temos que priorizar se precisarmos de mão de obra - mas os critérios de reciprocidade e de respeito à soberania e à dignidade de nossos nacionais, quando no exterior é que devem nortear nossa política de importação de mão de obra estrangeira.

Nota: A foto que ilustra o post é de Patricia Rangel e Pedro Luiz Lima, dois brasileiros deportados da Espanha em 2008, direto do aeroporto, apesar de estarem com seus cartões de crédito e a documentação em dia.

Fonte: Blog do Mauro Santayana.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou explicar porque não dá para facilitar com essa gente, e qual é a mentalidade dominante, entre os "emigrantes" espanhóis, que vem para cá. A entrevista a seguir saiu em um jornal de Navarra, na Espanha, esta semana. A entrevistada, uma tal de Lourdes Milagros Armendáriz, desempregada na Espanha, veio para o Brasil, com o marido em 2009, e instalaram em Salvador, na Bahia, um "escritório" para facilitar a obtençãob de documentos, no Brasil, para empresas e emigrantes espanhóis que queiram viver no Brasil.
Nessa entrevista, entre outras pérolas, essa mulher diz que o Brasil é, por excelência, o país da malandragem:
El brasileño es alegre y hospitalario en general pero, si hay algún país al que se le pueda denominar como el país de la picaresca, ese es Brasil.
Que o Brasil é o país da preguiça:
Nosotros hicimos nuestros papeles por inversión y no fue muy difícil, aunque sí un poco costoso en dinero y en paciencia, ya que aquí el reloj va más despacio que en cualquier otro país.
Que nas casas não existe louça sanitária, nem água com aquecimento central - imaginem só, em pleno Salvador da Bahia !!!! e que não existe máquina de lavar louça, e máquina de lavar, até pouco tempo, só existia nas "grandes cidades":
En cuanto a la vivienda, no es difícil de conseguir y el precio es bastante más asequible que en España, pero aquí no existe la vitrocerámica, ni el agua caliente central, ni el lavavajillas, y hasta hace bien poquito sólo en las grandes capitales había lavadoras.
Quie a intenção é criar uma associação de empresas espanholas e de desempregados espanhóis na Bahia para "defender os seus direitos" e gerar empregois para espanhóis (não para brasileiros):
En estos momentos estamos creando una asociación de residentes españoles en Bahía para intentar mejoras en materia de sanidad y educación principalmente. Además, vamos a crear un censo de empresas españolas y otro de trabajadores demandantes de empleo para buscar la interrelación entre ellos.
Que é mole para os espanhóis e as empresas navarras se darem bem no Brasil, porque brasileiro não tem preparo nem experiência, e por isso para qualquer empresa navarra o sucesso é facil de conseguir:
Aquí está todo por hacer y a los brasileños les falta en general preparación y experiencia, por lo que creo que para cualquier empresa navarra triunfar en Brasil es un reto fácil de conseguir.
Que morar no Brasil é como viver na Espanha "há 40 anos atrás", frase que ilustra o tipo de país atrasado que somos para ela, que escolheu, no entanto, viver aqui:
El balance es positivo, el camino no es fácil, tienes que dar un giro de 180 grados a tu vida, es como volver a vivir hace 40 años en España,
É para esse tipo de gente, que o Brasil está abrindo as portas. Queria ser da fiscalização estadual ou federal na Bahia, para fazer uma visita a essa senhora, saber como anda a papelada, os vistos, se os impostos estão em dia, e saber também em que condições ela conseguiu o seu visto de permanência no Brasil.
Se alguém conhecer alguém na bahia, faça o favor de espalhar esse post.
Vou publicar aqui o link da matéria que saiu na Espanha, na íntegra:

http://www.diariodenavarra.es/noticias/navarra/mas_navarra/brasil_gran_potencia_todo_por_hacer_53429_2061.html?borrarCacheFile=1&res=ev&ev=YToxOntzOjg6IlRFTEVGT05PIjtzOjExOiJPQkxJR0FUT1JJTyI7fQ==#form-com-anonimo

e o email dessa senhora, para se, por acaso, alguém quiser mandar um recado:

jonxa9@hotmail.com

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