Publicação da AIEA sobre Irã gera grande expectativa
Poucas vezes um informe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi tão esperado quanto o que será publicado na próxima terça-feira sobre o controverso programa nuclear iraniano, em um contexto de ameaça israelense de intervenção militar contra o Irã.
Segundo fontes diplomáticas ocidentais, a AIEA publicará informações que apoiarão as suspeitas ocidentais quanto ao caráter militar do programa nuclear iraniano, apesar das negativas de Teerã, que garante que seu objetivo é puramente civil.
Além disso, a AIEA criticará pela enésima vez "a ausência de cooperação" por parte das autoridades iranianas e o "descumprimento de suas obrigações" como membro da agência, sobretudo por continuar com o enriquecimento de urânio que pode, com o tempo, proporcionar ao país uma bomba atômica, apesar do mandato da ONU de pôr fim a este projeto.
As mesmas fontes ressaltam, no entanto, que o diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, deve se abster de se manifestar claramente em um ou outro sentido. O informe será submetido ao conselho de 35 governadores da AIEA em uma reunião que será realizada nos dias 17 e 18 de novembro na sede do organismo, em Viena.
Além dos elementos fornecidos pelos serviços secretos ocidentais, a agência dispõe de fotos realizadas por satélite que confirmam a presença, na base militar de Parshin, a 30 km de Teerã, do que poderia ser uma instalação nuclear, segundo as fontes.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, já rejeitou de antemão o informe de uma AIEA "cada vez mais politizada" e "sob a crescente influência dos Estados Unidos". "As supostas revelações" do documento se baseiam em fatos "falsos", segundo ele.
China e Rússia, alarmados pelas informações adiantadas do informe da AIEA, tentam dissuadir desde o fim de outubro Yukiya Amano para que não apresente um informe muito crítico para Teerã. As negociações com o Irã estão em ponto morto: as mediações russa e turca fracassaram e as discussões entre o Irã e o grupo 5+1 (formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Rússia, China, Estados Unidos, França e Reino Unido - e pela Alemanha) encontram-se em um beco sem saída.
A chefe da diplomacia europeia, a britânica Catherine Ashton, enviou em meados de outubro uma carta a Teerã para retomar o diálogo, mas ainda espera a resposta.
Neste contexto, foi revitalizado em Israel o debate sobre um eventual ataque militar preventivo contra o Irã, coordenado ou não com Estados Unidos e Reino Unido. O presidente israelense, Shimon Peres, considerado um "moderado", diferentemente do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, aumentou a pressão neste domingo ao considerar que "a possibilidade de um ataque militar contra o Irã parece mais próxima que a opção diplomática".
A França, embora crítica ao programa nuclear iraniano, afirmou que um ataque israelense "pode criar uma situação totalmente desestabilizadora para a região", afirmou o chefe da diplomacia, Alain Juppé, que se mostrou a favor de endurecer as sanções contra Teerã.
No conselho de governadores, a AIEA terá duas opções: apelar novamente ao Conselho de Segurança da ONU para que imponha novas sanções econômicas ao Irã pela quinta vez desde 2007 ou, pelo contrário, dar um novo prazo a Teerã, até a próxima reunião de governadores, em março, para "cooperar plenamente".
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