Qual é a novidade em ver americanos urinando em cima do cadáver do inimigo?
Paulo Solon
Quando foi relatado esta semana o escabroso feito de quatro fuzileiros navais americanos profanando os corpos abatidos de combatentes talibans no Afeganistão, sobre eles urinando, a Secretária de Estado Hillary Clinton logo veio a público declarando que tal ato não condiz com os valores cristãos da cultura americana; que haveria investigação acurada, e que os militares seriam punidos severamente. Falou-se até em corte marcial.
No entanto no The New York Times de terça-feira, janeiro 17, 2012, foi publicada embaraçosa matéria assinada por Neil Genslinger, da Television Review, desmentindo a secretária a respeito dos supostos valores éticos e cristãos da cultura americana.
Genslinger adotou uma atitude branda, sem mencionar os massacres perpetrados pelos yankees contra famílias sulistas da Dixie Land, e sem mencionar as barbaridades com napalm e agente laranja praticadas contra famílias na guerra do Vietnam. Oferece como exemplo de tal deformação a atitude e a conduta do famoso General Custer nas batalhas da Guerra Civil entre Estados, nos meados do seculo dezenove.
Eis a síntese do texto liberado pelo supracitado periódico (que já era editado no final da guerra Civil):
Na fascinante “American Experience”, “Custer Last Stand”, a ser exibida agora na PBS, Custer emerge como clássico viciado em fama, curtindo muito cedo a adoração do povo em decorrência de suas atuações durante a Guerra Civil, mas nunca sendo apto a declarar, “tive uma conduta correta; agora tenho minhas memórias”. Ao contrário, ele continuava não perdendo oportunidade de retornar aos holofotes e construir sua lenda.
Hoje, claro, temos vitrinas para pessoas que querem uma outra dose de fama e que não se preocupam em como obtê-la: elas podem criar degradante reality TV show na linha de “The Ousbournes”, ou assinar espetáculos como “Dancing with the Stars”.
“Custer obteve incrível sucesso quando ainda era muito jovem, e as qualidades que fizeram dele um sucesso – sua coragem, sua extravagância – eram qualidades da juventude”, declara Michael A. Elliot, historiador cultural.
“Penso que por toda sua vida ele se preocupou com o fato de que o tempo não para, e que se ele não obtivesse uma espécie de glória permanente antes de certo ponto de sua vida, ele jamais teria a chance. Ele foi um desses que estão sempre preparados para botar pra quebrar”.
Fama, lascívia, avidez, entretanto, são as únicas características que surgem presentemente da história de Custer, que tinha 36 anos quando foi morto junto com seus homens em 1876, em um embate com uma força de índios muito mais numerosa, no rio Little Big Horn, onde hoje é Montana.
Um vídeo mostrando fuzileiros navais urinando sobre combatentes inimigos mortos pode ter causado certa perplexidade no momento, mas a atitude não é nova. Custer e suas tropas certa vez profanaram um cemitério dos índios. E em 1868, ele e sua cavalaria já tinham atacado um acampamento dos índios Washita em Oklahoma sob circunstâncias duvidosas, assassinando mulheres, crianças e idosos da tribo, além de alguns guerreiros.
“O modo pelo qual os americanos se lançam em ação militar, o modo com que a América tratou os índios americanos e outros povos agora no mundo, estas são questões de fato brutas e ásperas”, declara o Sr. Elliot. “Nós não as resolvemos, e até que o façamos, teremos que rever a história de Custer e as controvérsias que a envolvem”.
Paulo Solon
Quando foi relatado esta semana o escabroso feito de quatro fuzileiros navais americanos profanando os corpos abatidos de combatentes talibans no Afeganistão, sobre eles urinando, a Secretária de Estado Hillary Clinton logo veio a público declarando que tal ato não condiz com os valores cristãos da cultura americana; que haveria investigação acurada, e que os militares seriam punidos severamente. Falou-se até em corte marcial.
No entanto no The New York Times de terça-feira, janeiro 17, 2012, foi publicada embaraçosa matéria assinada por Neil Genslinger, da Television Review, desmentindo a secretária a respeito dos supostos valores éticos e cristãos da cultura americana.
Genslinger adotou uma atitude branda, sem mencionar os massacres perpetrados pelos yankees contra famílias sulistas da Dixie Land, e sem mencionar as barbaridades com napalm e agente laranja praticadas contra famílias na guerra do Vietnam. Oferece como exemplo de tal deformação a atitude e a conduta do famoso General Custer nas batalhas da Guerra Civil entre Estados, nos meados do seculo dezenove.
Eis a síntese do texto liberado pelo supracitado periódico (que já era editado no final da guerra Civil):
“É muito ruim a realidade de que a televisão não tenha surgido em um século mais cedo do que surgiu. Jamais teria havido uma Batalha do Little Big Horn, porque em lugar disso George A. Custer teria canalizado suas energias competindo no show “Dancing with Stars”.
Na fascinante “American Experience”, “Custer Last Stand”, a ser exibida agora na PBS, Custer emerge como clássico viciado em fama, curtindo muito cedo a adoração do povo em decorrência de suas atuações durante a Guerra Civil, mas nunca sendo apto a declarar, “tive uma conduta correta; agora tenho minhas memórias”. Ao contrário, ele continuava não perdendo oportunidade de retornar aos holofotes e construir sua lenda.
Hoje, claro, temos vitrinas para pessoas que querem uma outra dose de fama e que não se preocupam em como obtê-la: elas podem criar degradante reality TV show na linha de “The Ousbournes”, ou assinar espetáculos como “Dancing with the Stars”.
“Custer obteve incrível sucesso quando ainda era muito jovem, e as qualidades que fizeram dele um sucesso – sua coragem, sua extravagância – eram qualidades da juventude”, declara Michael A. Elliot, historiador cultural.
“Penso que por toda sua vida ele se preocupou com o fato de que o tempo não para, e que se ele não obtivesse uma espécie de glória permanente antes de certo ponto de sua vida, ele jamais teria a chance. Ele foi um desses que estão sempre preparados para botar pra quebrar”.
Fama, lascívia, avidez, entretanto, são as únicas características que surgem presentemente da história de Custer, que tinha 36 anos quando foi morto junto com seus homens em 1876, em um embate com uma força de índios muito mais numerosa, no rio Little Big Horn, onde hoje é Montana.
Um vídeo mostrando fuzileiros navais urinando sobre combatentes inimigos mortos pode ter causado certa perplexidade no momento, mas a atitude não é nova. Custer e suas tropas certa vez profanaram um cemitério dos índios. E em 1868, ele e sua cavalaria já tinham atacado um acampamento dos índios Washita em Oklahoma sob circunstâncias duvidosas, assassinando mulheres, crianças e idosos da tribo, além de alguns guerreiros.
“O modo pelo qual os americanos se lançam em ação militar, o modo com que a América tratou os índios americanos e outros povos agora no mundo, estas são questões de fato brutas e ásperas”, declara o Sr. Elliot. “Nós não as resolvemos, e até que o façamos, teremos que rever a história de Custer e as controvérsias que a envolvem”.
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