Para ativistas, projeto de Eduardo Azeredo suprime direitos dos usuários da internet
Proposta de Azeredo está pronta para votação justamente nessa comissão |
BRASÍLIA - O deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) foi eleito nesta
quarta-feira, 7, por unanimidade, presidente da Comissão de Ciência,
Tecnologia e Informática. A escolha de Azeredo provocou reações entre
ativistas da liberdade da internet porque o tucano foi o relator no
Senado de um projeto chamado de “mordaça digital” por este movimento. A
proposta polêmica de Azeredo está pronta para votação justamente na
comissão que será presidida por ele.
Para os ativistas, o projeto traz uma supressão de direitos dos
usuários da internet. Na visão deles, os provedores passariam a ter
função policial por serem obrigados a manterem informações de navegação e
poderem repassar esses dados ao Ministério Público mesmo sem ordem
judicial.
“O projeto tem ações que são inaceitáveis no mundo real e que se
deseja implantar na internet. É a mesma coisa de se permitir às
companhias telefônicas fazer grampos ou aos Correios abrir
correspondências sem ordem judicial”, diz Marcelo Branco, ex-diretor da
Campus Party e assessor para internet da campanha da presidente Dilma
Rousseff em 2010.
Idealizador de um movimento chamado de “Mega Não” em oposição ao
projeto, o publicitário João Carlos Caribé vê na indicação uma
estratégia dos que desejam a aprovação da proposta. “O Azeredo é o pai
do projeto. Ele desencarnou do Senado e reencarnou como deputado para
fazer esse projeto andar. Com ele na presidência da comissão vai ser
impossível impedir a aprovação”, afirma o publicitário. “Ele foi o autor
da maior ameaça à liberdade civil de todos os tempos, então essa
escolha nos traz tristeza e preocupação”, complementa Marcelo Branco.
O projeto tem como principal objetivo criar uma legislação contra
crimes cibernéticos. Azeredo destaca que ações recentes feitas por
hackers contra sites governamentais e de bancos reforçam a necessidade
da proposta. “O governo tem sido omisso”. Ele diz, porém, não pretender
usar o cargo para acelerar a tramitação. “É um assunto que será tratado
no tempo certo”. O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), diz que a indicação
do colega deve-se a sua história no Congresso. “A história dele é muito
maior do que isso, mas este projeto tem boas qualidades e precisa
avançar”.
A mobilização dos ativistas levou o então líder do PT, Paulo
Teixeira, a apresentar no ano passado outro projeto sobre o mesmo tema.
Essa nova proposta tem apoio de deputados do PMDB, PSB, PC do B e PDT.
Para o petista, esta articulação enterrará o projeto de Azeredo. “O
projeto dele perdeu força, morreu. A reação da sociedade foi muito
grande.
Essa colocação dele como presidente não mudará isso”. O tucano chegou a ser convidado a aderir ao projeto de Teixeira, mas recusou. “É um projeto incompleto e que ainda teria passar pelo Senado. Não dá para esperar mais dez anos por isso”.
Essa colocação dele como presidente não mudará isso”. O tucano chegou a ser convidado a aderir ao projeto de Teixeira, mas recusou. “É um projeto incompleto e que ainda teria passar pelo Senado. Não dá para esperar mais dez anos por isso”.
Além do questionamento ao mérito da proposta de Azeredo, ativistas
defendem ser necessária a definição de um “marco civil para a internet”
antes de se definir uma lei de crimes. Projeto nessa direção foi enviado
ao Congresso no ano passado pela presidente Dilma Rousseff. Uma
comissão especial foi criada para analisá-lo, mas não chegou a ser
instalada porque PSDB, PMDB e PSOL ainda não indicaram seus
representantes.
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