quarta-feira, 18 de abril de 2012

A inversão de valores da velha mídia

Jornalista Messias Pontes (PCdoB/CE) - messias.pontes@bol.com.br
Historicamente, a velha mídia conservadora, venal e golpista é useira e vezeira em inverter os valores das questões essenciais à sociedade, notadamente nas últimas décadas. E essa inversão é sempre a favor do que há de mais retrógrado no País e no mundo.

Foi assim durante a campanha do Petróleo é Nosso, quando divulgava à exaustão que não havia petróleo no País; foi assim ao se posicionar contra o monopólio estatal do petróleo e à criação da Petrobras; foi assim na campanha para derrubar o presidente Getúlio Vargas nos anos 1950 – Getúlio se matou no dia 14 de agosto de 1954 para evitar o golpe de Estado; foi assim para impedir a posse de João Goulart após a renúncia do Presidente Jânio Quadros em 1961; foi assim na preparação do golpe militar de 1º de abril de 1964; foi assim durante todo o período da ditadura; foi assim durante a Assembleia Nacional Constituinte, sempre a favor do Centrão e contra os trabalhadores e a soberania nacional.
Essa mesma mídia, tendo como centro o GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão), fez uma campanha terrorista contra a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989, 1994, 1998 e 2002. Era passada para a sociedade que a vitória de Lula representaria um tremendo retrocesso e levaria o País para o caos. Na campanha de Dilma Rousseff, esta era apresentada como terrorista, incompetente, favorável ao aborto e outras baboseiras mais. A Folha de São Paulo chegou a publicar uma ficha falsa de Dilma no DOPS.

Durante o desgoverno do Coisa Ruim (FHC), quando houve o criminoso desmonte do Estado, a privataria era apresentada como um avanço para o País e hoje está provado que foi uma verdadeira tragédia nacional, sem falar na institucionalização da corrupção que beneficiou sobretudo os bandidos de colarinho branco como o banqueiro Daniel Dantas, o Orelhudo.
A operação Satiagraha, da Polícia Federal, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz (hoje deputado federal pelo PCdoB-SP), que levou para a prisão o deputado Paulo Maluf e seu filho Paulo; o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, o mega especulador Najis Najas e o banqueiro Daniel Dantas, este preso duas vezes e solto pelo ministro do STF Gilmar Mendes (também chamado de Gilmar Dantas) com a celeridade nunca antes vista no Judiciário brasileiro. Todos foram soltos e exaltados pela mídia, enquanto o delegado Protógenes e o juiz Fausto de Sanctis, que decretou a s duas prisões, é que foram perseguidos. Protógenes foi afastado do comando da Satiagraha e respondeu a dezenas de processos, tendo inclusive seu apartamento invadido por agentes federais. O delegado Paulo Lacerda, que colaborou com a Satiagraha, foi demitido da Abin e “exilado” para Portugal.

Agora, com o desmascaramento do senador Demóstenes Torres (ex-DEMO-GO), do bicheiro Carlinhos Cachoeira, do governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, dentre outros, essa velha mídia, numa vergonhosa inversão de valores, tenta blindar toda a quadrilha criminosa e desviar todas as atenções para o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, o deputado do PT de Goiás, Rubens Otoni e, principalmente para a construtora Delta.

A velha mídia conservadora, venal e golpista sepultou as Operações Satiagraha e Castelo de Areia, omitiu completamente o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, e agora quer sepultar a Operação Monte Carlo, também da Polícia Federal, que apurou o envolvimento de agentes públicos e privados com o contraventor Carlinhos Cachoeira.

Para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito mista é necessário o mínimo de 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara dos Deputados. Ontem já havia sido coletado um total de 55 assinaturas no Senado e 324 na Câmara. A senadora Rose de Freitas (PMDB), que está no exercício da presidência do Senado, declarou que assim que receber o requerimento com as assinaturas necessárias, instala imediatamente a CPMI.

Se a CPMI funcionar como deve, sem interferência, indo fundo na investigação, é muito provável que desnude a relação incestuosa entre a mídia e o crime organizado, em especial a revista Veja, cujo editor-chefe da sucursal de Brasília, jornalista Policarpo Júnior, tinha em Cachoeira sua principal fonte. Pode também chegar ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. E se tiver de chegar ao Executivo Federal, que chegue.

Este é um dos momentos históricos mais ricos da história recente da República brasileira, pois pode e deve passar o País a limpo, doa a quem doer.

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