quarta-feira, 25 de abril de 2012

Neste faroeste carioca não tem mocinho

Edgard Catoria

O deputado federal Anthony Garotinho  (PR/Rio) está agressivo em seu blog, nestes meses que antecedem as eleições municipais. Como sabemos, sua filha, Clarissa, concorrerá como vice-prefeita na chapa de Rodrigo Maia (DEM), filho de Cesar Maia. Os dois caciques, Cesar e Garotinho, velhos arqui-inimigos, resolveram unir forças para enfrentar a reeleição de Eduardo Paes, apoiada pelo governador Sergio Cabral, ambos do PMDB. Essas informações foram dadas por CartaCapital no dia 5 de março passado – [aqui].

Sobre a aliança em nível nacional do PT com o PMDB, Garotinho faz previsões no seu blog [aqui]. Textualmente, ele escreveu, no dia 24 de abril:

As restrições médicas ao que parece vão impedir Lula de viajar de palanque em palanque, Brasil afora para ajudar candidatos petistas e peemedebistas, além de mais um ou outro aliado. Tirando Fernando Haddad, em São Paulo, os demais vão ter que se contentar com uma gravação em vídeo.

Por essa Eduardo Paes também não esperava. Logo depois do anúncio da chapa de pré-candidatos Rodrigo Maia/Clarissa Garotinho e dos escândalos da Locanty, Toesa, Rufolo e Bellavista, o prefeito Paes pediu a Cabral e ele o levou a São Paulo para uma visita a Lula. Paes chorou no colo de Lula dizendo que a situação estava ficando apertada e implorou pela presença do ex-presidente na sua campanha de rua e no seu palanque no Rio. Pelo jeito vai ter que se contentar com um vídeo no programa eleitoral de TV que quase ninguém vê.

Mas a agressividade de Garotinho está ainda mais patente no texto postado em seu blog, que reproduzo, na íntegra, mantendo os destaques originais [aqui], para que todos possam avaliar o tom e a gravidade dos debates que explodirão no Rio nos próximo dias. Observem Garotinho a estrear na função de xerife da moralidade política:



A Delta principal construtora investigada na CPI do Cachoeira não pediu pra sair do consórcio do Maracanã integrado pela Odebrecht e Andrade Gutierrez pelos motivos que vêm sendo colocados publicamente. Ontem, antes de, à noite, a notícia vir à tona, eu conversei longamente com um deputado que faz parte da base de apoio a Sérgio Cabral no Rio de Janeiro. Vou repetir as palavras dele: ‘Cabral está atordoado. Está apavorado. Se a CPI quebrar o sigilo telefônico de Fernando Cavendish vai encontrar ligações de Cabral quase que diárias nos últimos 6 anos’. Segundo o deputado, o que levou de fato a Delta a deixar o Consórcio Maracanã 2014 é que Cabral não recebe e nem atende os telefonemas de Fernando Cavendish desde que o escândalo estourou.
Um dos braços-direitos de Cabral, seu secretário de Governo, Wilson Carlos foi designado pelo governador para conversar com seu amigo e tentar acalmá-lo. Cavendish já ameaçou e disse que não vai cair sozinho. Um dos recados que mandou para Cabral, através de Wilson Carlos, foi direto: ‘Não se joga uma amizade fora da maneira que ele está fazendo. A primeira casa em Mangaratiba eu sei como ele conseguiu provar a renda para comprar, mas a segunda não tem jeito. Eu arrebento com ele se continuar fugindo de mim’.

Régis Fichtner foi então chamado para apagar o início de incêndio entre Cabral e Cavendish. Passou a Wilson Carlos a incumbência de dar o seguinte recado a Cavendish: ‘Fala com o amigo Fernando para deixar a temperatura baixar. Agora não dá pra Cabral encontrar com ele. É entregar o ouro ao bandido. Nós do PMDB e do PT temos o controle da CPI. Vamos deixar essa coisa restrita ao Centro-Oeste’. 
À noite a Delta anunciou a saída do consórcio confirmando o que deputado havia me antecipado. Segundo o deputado, a ordem dada pelos marqueteiros a Cabral é deixar Régis Fichtner e Pezão tratando do assunto e ficar quieto porque a comissão de sindicância tentará a todo o custo dizer que a Delta sempre teve o mesmo percentual de obras no estado, mesmo que a matemática e a realidade mostrem o contrário. 

Em tempo: E é bom destacar, como mostram todos os jornais hoje, que a Delta está deixando o consórcio do Maracanã por pressão das outras duas empreiteiras.

A seus seguidores, Garotinho promete não se calar no Congresso Nacional. Sergio Cabral ainda está quieto.

Baixarias que surgirão nesse debate, por mais grosseiras que sejam – e serão – vêm a calhar para os eleitores conscientes. Chafurdando no lamaçal da política fluminense, esses notórios cavalheiros mostrarão claramente ao eleitor o que ele precisa para escolher seus candidatos.

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