Por Mino Pedrosa
EXCLUSIVO: PROPINA DE CACHOEIRA NO PALÁCIO DE PERILLO
Foi no Palácio das Esmeraldas que o governador de Goiás Marconi
Perillo (PDSB) recebeu de Carlinhos Cachoeira um pacote de dinheiro no
valor de R$ 500 mil. Isto foi parte do pagamento de "negócios" entre o
governador e o bicheiro. O contato era feito por Wladimir Garcês, preso
na operação Monte Carlo e apontado como braço direito do contraventor.
Cachoeira monitorou a entrega do dinheiro pelo telefone e chegou a
brincar com Garcês pedindo para que tomasse cuidado para não se envolver
em acidentes que pudessem incendiar e queimar as notas.
O governador de Goiás Marconi Perillo aguardava no
Palácio ansioso. Tudo isso e muito mais está dentro do processo da
Operação Monte Carlo. O que é curioso é que o procurador geral da
República Roberto Gurgel em nenhum momento pensa em denunciar Perillo.
Mas comentou com um dos procuradores do caso que está cada vez mais
difícil deixar Perillo fora disso por conta do episódio envolvendo
propina. O inquérito que era extremamente sigiloso, hoje circula
livremente nas mãos da imprensa e de políticos com interesse em pinçar
adversários envolvidos no escândalo.
Demóstenes, Perilo e Cachoeira
Tudo parecia estar sob controle do ex-presidente Lula para se vingar
de Perillo e do senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), mas o
vazamento do processo trouxe à luz a maior empreiteira e fornecedora do
Governo. A Delta teve uma ascensão meteórica no Governo Lula. Como disse
o presidente da empresa, Fernando Cavendish, políticos se compram,
principalmente durante as campanhas, quase todos têm seu preço. As
declarações bombásticas de Cavendish foram reveladas na semana passada
com exclusividade pelo Quidnovi.
Agora Lula desembarcou em Brasília a fim de tomar as rédeas dessa
história novamente para evitar que Cavendish sofra a falência, só que
revelando a parceria com os políticos que ajudaram a Delta a crescer.
O mais estranho é que o procurador Gurgel não está rezando na
cartilha de Lula e Marconi Perillo diz ao vento que com ele nada vai
acontecer. Até agora, não tinha sido revelado o envolvimento de Perillo
com Cachoeira falando-se em dinheiro. Mas o inquérito não pode esconder o
pagamento de propina que o bicheiro fazia para conquistar espaço no
poder e engordar sua fortuna usando empresas de fachada com a conivência
das autoridades.
Perillo tem algo a mais para explicar. O ex-governador José Roberto
Arruda esteve depondo secretamente no Ministério Público Federal para o
procurador criminal Ronaldo Albo e fez revelações bombásticas entregando
documentos e mostrando como o governador de Goiás amealhou parte de sua
atual fortuna.
É preciso se aprofundar nas relações políticas de Perillo, porque
Carlinhos Cachoeira atuava em todo o Brasil, credenciado por Perillo e
Demóstenes. O pagamento de propina a Perillo no Palácio das Esmeraldas
teve uma ação cinematográfica. O Quidnovi trouxe à tona mais um capítulo
da Operação Monte Carlo.
Com a CPI instalada no Congresso e outra na Câmara Distrital em
Brasília, que fisgou o governador do DF Agnelo Queiroz, passam a ser
três alvos: Demóstenes, Marconi e Agnelo. Não vai sobrar pedra sobre
pedra.
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