quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Ponto G na CPI de Carlinhos Cachoeira

O grande milagre operado pelas CPIs é que delas sempre emerge um gênio da lâmpada. Uma figura sem projeção política ou social que vem a público falar o que sabe, seja para livrar-se de acusações seja por raiva incontida dos antigos comparsas.
O mais célebre desses casos se passou com o ex-presidente Collor quando, a tantas do surto de denúncias que atingiam a credibilidade presidencial, apareceu um motorista de nome simplório cujo testemunho rearranjou de tal sorte as peças do quebra cabeças de acusação que produziu o ímpeto moral para o desfecho da cassação.
No caso da CPI criada para investigar a infiltração da organização criminosa de Carlinhos Cachoeira nas instituições de Estado, essa figura que fará ruir o castelo de histórias prontas com as quais os grupos dedicados ao crime organizado montam seus álibis coletivos já tem nome, é Geovani Pereira.
O senhor G. foi contador da organização de Cachoeira e como tal geriu pagamentos a pessoas e as empresas no valor de 39 milhões de reais, 16 milhões apenas nos últimos dois anos. Conhece toda a trama de relações em que era suportada as relações do grupo, as fontes de ingressos e as formas de circulação do numerário que deveria gratificar funcionários públicos e autoridades sem deixar rastros.
A colaboração do informante já está assegurada pela Polícia Federal em troca de benefícios penais no âmbito do que é chamado de delação premiada e seu paradeiro é mantido em sigilo a fim de garantir sua integridade.
O interessante a nota-ser sobre o surgimento desta testemunha chave é que a CPI que agora se inicia possui, de saída, todos os elementos necessários à obtenção de resultados concretos na identificação de colaboradores e integrantes do esquema dentro e fora das instituições oficiais. Além da massa de informações já arregimentadas em inquérito pela polícia, uma hegemonia política clara, agora também um denunciante privilegiado porque conhecedor da organização criminosa desde dentro.
O líder do PMDB na Câmara, deputado Raupp, em considerações recentes sobre a CPI disse que seus trabalhos seriam prolongados e sangrentos. Talvez caiba aí um pequeno reparo, sangrenta sim, mas rápida como nenhuma outra CPI talvez o foi.

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