segunda-feira, 16 de abril de 2012

Roberto Jefferson quer ver inquéritos da Monte Carlo

Por Pedro Canário*

A defesa do presidente do PTB, Roberto Jefferson, quer ter acesso às provas colhidas pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo. A investigação é a responsável pela prisão de Carlinhos Cachoeira, acusado de exploração do jogo ilegal, e pela menção ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Em petição enviada à 10ª Vara Federal de Brasília, Roberto Jefferson pede para ter acesso às degravações das interceptações telefônicas e arrola pessoas relacionadas a Cachoeira como testemunhas.

O pedido foi feito na semana passada, na Ação Penal que acusa Roberto Jefferson de formar e chefiar quadrilha para desvio de dinheiro e indicação política de membros de seu partido para cargos nos Correios. O Ministério Público Federal acusa, além de Jefferson, Antônio Osório, Roberto Garcia Salmeron, Fernando Godoy e Maurício Marinho.

Diz a denúncia que, de acordo com as contas de telefone dos acusados, eles se falavam diariamente, e o próprio Jefferson, em seu livro Nervos de aço, admitiu a indicação política de diretores à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A acusação foi aceita pelo juiz federal, que alegou estarem comprovados “indícios da prática do crime descrito no artigo 288 do Código Penal”.

Mas a operação Monte Carlo trouxe fatos novos ao caso dos Correios que, segundo a defesa de Jefferson, feita pelo advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, devem ser levados em consideração na Ação Penal. Isso porque, segundo entrevista concedida pelo ex-prefeito de Anápolis (GO), Ernani de Paula, as informações estão relacionadas. Os fatos datam do início do mensalão, em 2003.

De acordo com a petição de Corrêa Barbosa, o caso dos Correios foi divulgado em reportagem da revista Veja. O texto tomou por base um vídeo em que Maurício Marinho, então chefe do departamento de compras contratações da ECT (Decam), aparece recebendo propina de dois homens fingindo ser empresários.

Esse vídeo, segundo Ernani de Paula, foi feito por Jairo Martins, ex-integrante da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e remunerado por Carlos Cachoeira – Jairo Martins está preso sob a acusação de ser araponga de Cachoeira. O filme, por sua vez, foi feito a mando de Demóstenes, na intenção de forjar um esquema de corrupção para tentar derrubar José Dirceu, então chefe da Casa Civil, de acordo com os autos.

O filme, então, foi levado à Veja pelo próprio ex-Abin e entregue ao diretor da sucursal de Brasília da revista, o jornalista Policarpo Junior. De acordo com Corrêa Barbosa, o advogado de Jefferson, é necessário o acesso às degravações da PF e que os envolvidos no esquema narrado por Ernani de Paula sejam arrolados como testemunhas — à exceção de Policarpo, que já o foi — para explicar o caso.

Clique aqui para ler o pedido de Roberto Jefferson

Pedro Canário é repórter da revista Consultor Jurídico.

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